«Este projecto vai criar uma nova centralidade»
Depois de décadas de esquecimento, Leiria tem, de uma assentada só, três projectos para centros comerciais. Destes só um terá luz verde para avançar. O que terá Leiria para despertar tanto interesse junto de promotores imobiliários? Foi isso que o Jornal Construir foi saber junto de João Lima, director geral da VOUGAINVEST, e do arquitecto… Continue reading «Este projecto vai criar uma nova centralidade»
Ruben Obadia
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Depois de décadas de esquecimento, Leiria tem, de uma assentada só, três projectos para centros comerciais. Destes só um terá luz verde para avançar. O que terá Leiria para despertar tanto interesse junto de promotores imobiliários? Foi isso que o Jornal Construir foi saber junto de João Lima, director geral da VOUGAINVEST, e do arquitecto António José Cristo, os promotores da mais recente iniciativa na cidade do Liz.
Construir: Numa altura em que tanto se fala em crise, é preciso ter coragem para investir 110 milhões de euros no projecto Liz Shopping?
João Lima: Para tudo na vida é preciso ter coragem. Estamos a falar de um empreendimento diferente. Uma coisa é construir, outra é desenvolver um projecto comercial numa cidade com a importância e a capacidade económica de Leiria. O ÃÂndice do Poder de Compra, publicado pelo Instituto Nacional de EstatÃÂstica, permite aos vários promotores decidirem quando e onde devem fazer os investimentos a que se propõem. Se não houver empresários com capacidade, com vontade e com coragem de continuar a investir o paÃÂs regride e não se aproxima da Europa. A actividade comercial ainda tem muito para dar em Portugal, para crescer e aproximar-se da média europeia.
Alguns estudos feitos por consultoras imobiliárias apontam para o surgimento de mais de duas dezenas de centros comerciais até 2008. Temos capacidade para absorver tanta oferta?
Esses números são muito relativos. Dou-lhe um exemplo: em Leiria há, neste momento, três projectos candidatos. Os três entraram no Ministério da Economia e destes só um será aprovado. Portanto, estatisticamente corto dois. O mesmo se passa noutros locais. Uma coisa são os projectos que são apresentados, outra é os que vão ser licenciados para serem construÃÂdos. Essas estatÃÂsticas ainda não existem porque só há muito pouco tempo é que a nova Lei de Licenciamento Comercial começou a emitir licenças para o mercado.
Mas Leiria tem capacidade para absorver mais do que um projecto comercial desta magnitude?
Essa avaliação depende também do risco que cada promotor queira assumir. Aquilo que é o bom senso, face às restrições que se esperam para os próximos dois, três anos, o que é sensato é que, numa primeira fase, não surja mais que um centro comercial. Porquê? Porque as câmaras, hoje e sempre, querem que este tipo de empreendimentos não coloquem em causa ou inviabilizem o comércio local. Aquilo que percebo de algumas autarquias é que elas querem que os centros comerciais funcionem como pólo de revitalização do comércio local e não de destruição desse comércio. Para que isso aconteça, recomenda o bom senso que se autorize apenas um. Se calhar daqui a cinco anos faz sentido que haja mais um ou dois. Veja o caso de Aveiro, onde nós estamos. Primeiro apareceu o Fórum, depois o GlicÃÂnias e quase ao mesmo tempo apareceu o Carrefour, temos ainda o Feira Nova que é hipermercado e o retail park. Num espaço reduzido de tempo Aveiro transformou-se num pólo comercial fundamental naquela região. Houve várias situações que permitiram a Aveiro desenvolver-se, entre as quais a universidade.
A valência de terem um hipermercado agregado ao centro comercial é uma mais-valia fundamental do Liz Shopping?
Claramente. Porque é que um centro comercial tem sucesso? Pelo conjunto da oferta que leva ao consumidor, pela conveniência. E aqui, sem dúvida, o hiper garante essa oferta.
Este projecto compreende, além do shopping, edifÃÂcio de escritórios, habitação e hotel…
Isso são acessórios para viabilizar e rentabilizar o projecto principal, o Liz Shopping. A valência que nós vemos neste projecto é a possibilidade de converter uma parte significativa da cidade de Leiria, que está hoje ocupada por duas fábricas [Cerâmica do Liz e a Plásticos de Santo António]. Só com base num projecto desta dimensão é que é possÃÂvel obter-se a capacidade financeira para remover essas fábricas e levá-las para outra zona. No fundo, este empreendimento permite criar uma nova centralidade na cidade e dar um sentido de continuidade.
Qual é a sensibilidade da autarquia relativamente a este projecto?
António José Cristo: É uma velha ambição da Câmara conseguir que estas fábricas se deslocalizem. O grupo VOUGAINVEST já há alguns anos que quis negociar este espaço, assim como outros grupos, só que esbarravam sempre com a inviabilidade financeira de deslocarem estas fábricas. Individualmente fiz um estudo de engenharia financeira que envolvia uma intervenção em 12 ou 13 hectares e que englobava o shopping, com 48 mil metros de ABL, um hotel, que será para alienar, escritórios e habitação. Iremos ainda construir uma grande avenida, transferir o terminal rodoviário do centro da cidade para aqui, bem como oferecemos um terreno para deslocalizar o parque de exposições, uma obrigatoriedade ao abrigo do Programa Polis. Além do esforço que fazemos, há um conjunto de contrapartidas que nos parecem de interesse público para a cidade de Leiria.