Entrevista Eng. Rita Moura – «O rumo é seguir as indútrias avançadas»
A especialista em matéria de reabilitação de estruturas avançou ao Construir os desafios da engenharia civil do futuro. A aplicação de novas tecnologias nas obras é o caminho certo para combater os atrasos verificados nesta matéria Rita Moura, directora de Projecto da BEL- Engenharia e Reabilitação de Estruturas Construir: Que análise faz do mercado de… Continue reading Entrevista Eng. Rita Moura – «O rumo é seguir as indútrias avançadas»
Carina Traça
RE Capital anuncia joint venture para investimento de 66 M€ no Algarve
Seguradora AXA adquire participação maioritária de novos escritórios junto ao Colombo
ERA Portugal regista crescimento no 1º trimestre de 2024
Soluções ‘agrivoltaicas’ para um futuro sustentável
Imovendo: A proptech portuguesa que é uma imobiliária
Kimpton Lisbon inaugura em 2026
A Tor Holding e a ELIE SAAB anunciam uma parceria para a estreia do sector imobiliário duplo na Turquia
Arquitecto britânico John Pawson assina projecto de 110M€ na Herdade da Palheta
Empreendimento ‘Parque Atlântico’ vendido na totalidade
Vanguard formaliza parceria com Vhils para transformar Muda num “espaço artístico único”
A especialista em matéria de reabilitação de estruturas avançou ao Construir os desafios da engenharia civil do futuro. A aplicação de novas tecnologias nas obras é o caminho certo para combater os atrasos verificados nesta matéria
Rita Moura, directora de Projecto da BEL- Engenharia e Reabilitação de Estruturas
Construir: Que análise faz do mercado de reabilitação? Rita Moura: Pensava-se que ia haver um grande aumento de volume de trabalho em reabilitação, o que não aconteceu em função da conjuntura do paÃÂs. Porque na verdade, o que acontece é que Portugal está muito atrasado em relação àEuropa em matéria de reabilitação. Enquanto que em Portugal a percentagem relativamente às obras públicas dedicadas àreabilitação é inferior a dez por cento, na Europa a média é 40 por cento. Por exemplo, em Itália 60 por cento das obras públicas são de reabilitação do património. Por cá o trabalho que tem sido feito é em obras novas e, portanto a percentagem relativamente àreabilitação ainda é muito baixa. Mas esta tendência vai com certeza ser invertida porque é uma caracterÃÂstica dos paÃÂses desenvolvidos e como Portugal também se vai tornar num paÃÂs cada vez mais desenvolvido, acredito que esta situação se altere.
No seu entender, quais têm sido os principais entraves nesta área? Em primeiro lugar é a falta de investimento público. Por outro lado, mesmos as próprias obras de reabilitação, nomeadamente em edifÃÂcios, são feitas de uma forma menos técnica, tratando-se de uma reabilitação mais cosmética e muito superficial, em que não é tido em conta por exemplo a questão sÃÂsmica, no caso de Lisboa. Há também claramente falta de qualificação nesta área, porque a reabilitação é uma disciplina muito recente. Eu, por exemplo quando tirei o meu curso no Instituto Superior Técnico em Engenharia Civil, na área de estruturas, pouco abordei esta matéria. Tudo aquilo que aprendi foi através de cursos de pós-graduação portugueses e bastante estrangeiros.
E no caso da reabilitação do património arquitectónico? Neste campo, muitas vezes o facto de se ter que cumprir os prazos estabelecidos é um grande entrave. Não se consegue fazer uma reabilitação bem feita rapidamente porque, por exemplo , uma aplicação de uma argamassa de cal demora tempo e tem que passar por várias fases e se isso não for respeitado, o trabalho fica gravemente afectado. Felizmente, que ao nÃÂvel do IPPAR e das direcções regionais de monumentos nacionais já existe uma mudança de mentalidade, ou seja, há uma noção que as coisas têm que ser feitas com tempo.
Afinal o que se passa com a engenharia civil em Portugal? A engenharia civil é dos sectores industriais que está mais atrasado. Se compararmos a engenharia civil com o sector automóvel, nota-se que este último está muito mais industrializado. Portanto este atraso é inerente á própria actividade, uma vez que é mais complicado industrializar um processo de construção civil do que um processo de fabrico automóvel em que tudo é feito numa fábrica. Ao contrário, numa obra tudo é feito no terreno e logo ai a industrialização torna-se mais difÃÂcil. Não há dúvida que o rumo da engenharia civil é seguir as indústrias mais avançadas. A engenharia civil ainda tem muitos erros na execução das obras, porque dependem de circunstâncias muito particulares no terreno. Mas penso que se caminha cada vez mais para uma industrialização dos processos e uma diminuição dos erros. À semelhança do que se passa noutras indústrias, por exemplo uma obra vai passar a ser contratada já com um serviço de manutenção dessa mesma obra. E isto é sem dúvida o grande desafio da engenharia do futuro.
Na área da inovação, que tipo de trabalhos têm sido desenvolvidos pelo gabinete de investigação da BEL? Nós usamos as tecnologias mais avançadas e vamos aprofundando nos domÃÂnios que mais nos interessa, adaptando aos nossos casos práticos que vamos depois utilizar nas nossas obras. Na área da inovação, fomos a primeira empresa portuguesa a utilizar um sistema de reforço de estruturas com laminados de compósitos de fibras de carbono. Também fizemos uma aplicação inédita ao nÃÂvel da reabilitação numa ponte ferroviária em Portimão, em que introduzimos um sistema de protecção catódica para as armaduras no betão, de forma a prevenir a progressão da corrosão das armaduras. Nós temos a preocupação de aplicar novas tecnologias nas nossas obras, porque temos a certeza que este é o caminho certo para o futuro.
A BEL – Engenharia e Reabilitação de Estruturas tem aumentado o volume de trabalho nesta vertente? Eu penso que não houve variação significativa, acho que estamos perante as mesmas percentagens a nÃÂvel nacional. Relativamente àBEL o nosso volume de trabalho tem-se mantido, quando a expectativa era de subir bastante. A facturação da empresa em 2005 foi de 7 milhões 223 mil euros, prevendo-se um valor idêntico para 2006. Actualmente, creio que a obra mais significativa é a reabilitação e reforço estrutural da Ponte da Barra, em Aveiro.