A Tektónica e o sector da construção
Fernando Santo – Bastonário da Ordem dos Engenheiros O sector da construção vive um perÃÂodo particularmente difÃÂcil, que não decorre apenas de problemas conjunturais economicamente menos favoráveis, mas do acumular de um conjunto de situações que conduziram àredução da procura, no sector público e privado, e ao excesso de capacidade instalada, traduzindo-se no aumento… Continue reading A Tektónica e o sector da construção
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Fernando Santo – Bastonário da Ordem dos Engenheiros
O sector da construção vive um perÃÂodo particularmente difÃÂcil, que não decorre apenas de problemas conjunturais economicamente menos favoráveis, mas do acumular de um conjunto de situações que conduziram àredução da procura, no sector público e privado, e ao excesso de capacidade instalada, traduzindo-se no aumento da concorrência.
Para os que trabalham nesta actividade há muitos anos, virá àmemória a década de 80 do século passado, com taxas de inflação entre 25 e 30%, com reduzidos créditos bancários que atrofiavam a procura e com o Fundo Monetário Internacional a intervir nas contas públicas com medidas altamente restritivas.
Foi um perÃÂodo muito difÃÂcil, mas a dimensão das empresas era muito menor, a concorrência das empresas estrangeiras no nosso mercado quase que não se fazia sentir. Contudo, existia a esperança de dias melhores, pois o processo de adesão àCEE estava em curso e bem encaminhado e muito estava por fazer, designadamente, infra-estruturas públicas de abastecimento de água, redes de esgotos, de gás, de electricidade, passando pelas vias de comunicação e pelos edifÃÂcios. Existia uma enorme carência de habitações, mas não satisfeita pela incapacidade económica das famÃÂlias, perante as elevadas taxas de juro e os constrangimentos na concessão de crédito, limitado a apenas algumas instituições bancárias.
Esse perÃÂodo, felizmente, já passou, e após a adesão de Portugal àCEE, em 1986, o sector da construção viveu um perÃÂodo de franca expansão, com um grande aumento do investimento público e do crescimento do sector imobiliário, dando resposta ànecessidade de habitação.
A boa perspectiva do mercado permitiu um crescimento sem paralelo das empresas do sector, com lançamento de OPA’s, aquisições e fusões, venda de participações nacionais a muitas empresas de capital estrangeiro, numa clara internacionalização de todo o sector.
A cada novo desafio as empresas responderam sempre com mais capacidade, permitindo-se construir a actual rede de auto-estradas, a maior operação de construção de edifÃÂcios para realojamento, conhecida como PER, a Expo’98, centros comerciais, cada um maior que o anterior, escritórios, os estádios do Euro 2004 e tantos outros empreendimentos.
Julgo que é uma época que ficará na história, pelo muito bom e muito mau que se produziu, mas que não será repetÃÂvel, por razões diversas.
As empresas cresceram, o mercado tornou-se interessante para o investimento estrangeiro, mas a situação actual, com problemas novos, obriga a novas soluções, decorrente de uma visão global e realista do sector, tendo em conta a percepção das medidas polÃÂticas consideradas prioritárias e que deverão ser a base para a estratégia futura.
As opções não serão muitas, mas passarão, seguramente, pela concentração de muitas empresas, diversificação das actividades e das áreas de negócios, internacionalização das empresas nacionais, mas em sentido inverso, para o exterior, e pela diversificação através da inovação de processos e da racionalização de meios.
Normalmente é nas situações de maior dificuldade que encontramos imaginação para responder aos desafios. O sector da construção irá passar por um longo e difÃÂcil perÃÂodo de transformação e adaptação às novas realidades e estabilizará de forma mais sustentável, com maior profissionalização dos intervenientes e evolução tecnológica.
Essa transformação exige uma maior preparação dos profissionais, melhor formação base e contÃÂnua, maior regulamentação e fiscalização dos intervenientes, pois não é possÃÂvel um mercado eficiente e uma concorrência saudável, se for permitida a coexistência de empresas que cumprem e que não cumprem as suas obrigações legais, ou que trabalhem de forma clandestina.
As feiras, e em particular a Tektónica, são uma oportunidade para os profissionais do sector tomarem contacto com os novos produtos, com a inovação de equipamentos, de materiais e sistemas construtivos, mas também uma oportunidade para se desenvolverem temas técnicos e mostrar o que de muito bom o sector da construção tem feito.
Se todas as indústrias nacionais tivessem a capacidade demonstrada pela construção, dando resposta às necessidades do paÃÂs em todo o tipo de obras, o paÃÂs estaria certamente menos dependente do exterior e com uma balança de transacções mais favorável.
Neste domÃÂnio, a engenharia portuguesa esteve sempre ao nÃÂvel do que se produz no estrangeiro, e quando se tem capacidades, envolvendo elevada tecnologia, há que criar condições para que sejam mantidas, sob pena de ficarmos mais pobres.