Os projectos que vão mudar a capital
Alguns dos mais conceituados salões imobiliários do Mundo têm sido, nas suas mais recentes edições, palco para a câmara de Lisboa apresentar alguns dos seus projectos mais relevantes ao nÃÂvel do urbanismo. Polémicos ou não, a autarquia tem apostado em força na apresentação dos trabalhos A Câmara Municipal de Lisboa compilou um conjunto de projectos… Continue reading Os projectos que vão mudar a capital
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Alguns dos mais conceituados salões imobiliários do Mundo têm sido, nas suas mais recentes edições, palco para a câmara de Lisboa apresentar alguns dos seus projectos mais relevantes ao nÃÂvel do urbanismo. Polémicos ou não, a autarquia tem apostado em força na apresentação dos trabalhos
A Câmara Municipal de Lisboa compilou um conjunto de projectos de empreendimentos urbanÃÂsticos que tem vindo a apresentar nas feiras do sector imobiliário como foi o caso do MIPIM, em Cannes ou do Salão Imobiliário de Madrid (SIMA). A maioria dos projectos já foram referidos várias vezes e chegam mesmo a suscitar polémica, como o do Parque Mayer ou o do Vale de Santo António. Outros trabalhos nunca haviam sido apresentados em eventos do género mas estão já aprovados pelo executivo camarário. É o caso dos projectos da Quinta do Mineiro ou das Residências do Martim Moniz, cujas obras deverão arrancar em breve. Outros ainda são mesmo uma novidade, mas estão ainda em fase de projecto, como o Centro Cultural da Alta de Lisboa, dos arquitectos Siza Veira e Rogério Cavaca (coordenação). Este projecto consiste ainda na construção de um edifÃÂcio de apartamentos de seis pisos e na implementação de um jardim público com estacionamento subterrâneo, obras que se inserem no Plano de Urbanização do Alto do Lumiar. Estruturas que se desenvolvem numa área total de 7.200 metros quadrados, sendo que o centro cultural terá uma área total de construção de 8.500 metros quadrados distribuÃÂdos por duas salas de espectáculos. A sala 1 terá capacidade para 1.200 pessoas enquanto que a sala 2 para 450. O promotor é a Sociedade Gestora da Alta de Lisboa (SGAL), que está também a trabalhar num outro projecto, a Malha 5, do arquitecto Tomás Taveira e que a CML também tem vindo a apresentar. De acordo com a documentação da autarquia, este projecto, a implementar num quarteirão de forma triangular com mais de 65 mil metros quadrados, também na Alta de Lisboa, já foi aprovado e consiste na criação de equipamentos mistos com habitação (65.000m2), hotelaria (32.000m2), comércio/serviços (111. 500 m2) e equipamentos municipais (10.000m2).
Residências do Martim Moniz
Quem desce a avenida Almirante Reis, em Lisboa, ao chegar ao Martim Moniz, depara-se, no lado direito da praça, com um terreno vazio. É aàque vão surgir as Residências do Martim Moniz, um empreendimento de seis edifÃÂcios que tem como objectivo criar oferta de habitação para jovens ao mesmo tempo que requalifica uma zona histórica da capital. Esta obra terá uma área total de construção de mais de 29 mil metros quadrados, dos quais 19.583 são acima do solo e 9.771 serão abaixo do solo. No total serão criados 130 fogos, onze lojas e 226 lugares de estacionamento. O projecto é da autoria do arquitecto Augusto Vasco Costa e está a ser promovido pela EPUL. Da obra destacam-se os caminhos pedonais entre cada um dos edifÃÂcios e o facto de, em colaboração com a autarquia, se integrar no empreendimento um quartel destinado ao Regimento de Sapadores Bombeiros, o qual terá uma área bruta de 1.692 metros quadrados, dos quais 590 serão abaixo do solo e 1.102 acima do solo, correspondentes a 2 e 4 pisos, respectivamente. Vale de Santo António
É um terreno com 45 hectares, situado entre as Avenidas General Roçadas e Mouzinho de Albuquerque, a meio caminho entre a Baixa e o Parque das Nações. Para este terreno o arquitecto portuense Manuel Fernandes de Sá está a conceber um projecto geral, mas que terá a colaboração pontual em equipamentos especÃÂficos dos arquitectos Souto Moura, Alberto Souza Oliveira e Manuel Aires Mateus. O projecto compreende uma área total de implantação de 70 mil metros quadrados onde surgirão a Biblioteca Central e Arquivo Municipal de Lisboa (já em construção), um Centro Lúdico-Desportivo, um Centro CÃÂvico, o mosteiro de Santos-o-Novo, um business center e hotéis, e ainda entre 1900 a 2500 fogos de habitação, com uma área total de 320 mil metros quadrados, e áreas para comércio e escritórios, num total de 76 mil metros quadrados. Todas estas valências desenvolver-se-ão em redor de um jardim e praça central com quatro hectares.
No que respeita ao ponto da situação, está, para já, aprovada a elaboração de um plano de urbanização, que caberá ao arquitecto Manuel Fernandes de Sá, que referiu tratar-se de um terreno que privilegia de «uma localização muito central e uma acessibilidade cada vez mais fácil», constituindo «uma situação de oportunidade», mas que necessita de uma «intervenção forte, que seja um motor de transformação desta área». Este é mais um empreendimento da EPUL.
As obras da EPUL
O Parque Mayer e a Praça de Entrecampos são os dois restantes projectos desta empresa incluÃÂdos num total de 12 que a autarquia anda a promover. O que os separa é que um deles, o Parque Mayer está parado, enquanto que o da Praça de Entrecampos já está em construção. O projecto para o Parque Mayer é muito provavelmente o que mais polémica tem levantado nos últimos anos em Portugal. Da autoria do arquitecto Frank Ghery, consiste na reabilitação de 18 mil metros quadrados àsuperfÃÂcie e cinco mil no subsolo, de uma área total de cerca de 45 mil metros quadrados. Para esse espaço está prevista a construção de três teatros, um anfiteatro, uma escola e um clube de jazz, um centro de exposições e uma mediateca, salas de ensaio e posteriormente uma Academia de Artes do Espectáculo. No entanto, isto não passa de um projecto no papel. Isto porque, segundo o presidente da câmara, Carmona Rodrigues, as obras do Parque Mayer já não deverão arrancar neste mandato. Para já deverá ser concluÃÂdo todo o processo do projecto «para se poder começar as obras», disse ainda o autarca, mas admitiu ser «um processo que vai levar tempo».
Já o projecto da Praça de Entrecampos, da autoria do Promontório Arquitectos, deverá estar concluÃÂdo em 2008 e consiste numa praça central em redor da qual surgirão edifÃÂcios de habitação com comércio e serviços, equipamentos de lazer e espaços verdes. Para o centro dessa praça está projectado o Lisboa Arte Fórum. Uma obra que representa uma área total de construção de mais de 255 mil metros quadrados, com mais de 700 fogos (dos 305 são para jovens), cerca de 24 mil metros quadrados de escritórios, onze de comércio e mais de 66 mil para habitação. A arquitectura pretende ser simples e ao mesmo tempo urbana, privilegiando os espaços públicos, os pátios e as zonas verdes, que serão implementadas entre cada um dos edifÃÂcios.
Projectos em estudo
A Agência Europeia de Segurança MarÃÂtima (AESM), uma obra do arquitecto Manuel Tainha, está àespera de aprovação há mais de dois anos. Orçado em 12 milhões de euros e promovido pela Administração do Porto de Lisboa (APL) este projecto faz parte da mega intervenção que o Porto de Lisboa está a desenvolver e que consiste na requalificação da zona ribeirinha sob a sua jurisdição, como é o caso do Jardim do Tabaco, da Docapesca ou do Terminal de Alcântara. Assim, a AESM vai nascer num terreno com cerca de 30 mil metros quadrados, com uma área bruta de construção de 12 mil metros quadrados, dos quais seis mil metros quadrados serão ocupados pela sede da AESM e quatro mil metros quadrados pela sede do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência (OEDT). No projecto inclui-se ainda um edifÃÂcio de apoio comum com dois mil metros quadrados. Trata-se do EdifÃÂcio do Relógio, a antiga sede da APL, que será recuperada para o efeito. Os restantes 16 mil metros quadrados serão destinados a um parque de estacionamento para 240 lugares e a jardins de utilização pública.
Outro projecto que está em estudo, mas que a autarquia e o próprio arquitecto prometeram que iria avançar em breve é o Aterro da Boavista, ou o Design Distric, da autoria do arquitecto inglês Norman Foster e promovido pela ESPART – Grupo EspÃÂrito Santo. Situado entre o Largo de Santos e o Mercado da Ribeira, em Lisboa, o objectivo é criar uma área dedicada ao design e àcultura. Para o efeito pretende criar-se uma série de espaços culturais como auditórios, salas de reunião e exposição, ateliês e espaços multifuncionais. Ao mesmo tempo, irá transformar-se a Rua D. LuÃÂs numa espécie de boulevard arborizado, com trânsito, mas privilegiando o tráfego pedonal e a instalação de comércio. Será ainda construÃÂda uma passagem pública para a zona ribeirinha, atravessando a Avenida 24 de Julho e a linha ferroviária, o que permitirá um maior usufruto da frente de rio.
Prevista está a também a construção de uma zona residencial com 230 habitações, de uma zona de escritórios e de uma zona cultural e de comércio, rodeada de espaços verdes. O projecto conta ainda com um hotel com 210 quartos e uma torre de 27 andares. «A torre é justificada arquitectonicamente pelo desejo de libertar cerca de seis mil metros quadrados de solo para jardins e espaços públicos com vocação cultural, de entretenimento e lazer», pode ler-se num documento explicativo do projecto, fornecido pela câmara. Os restantes edifÃÂcios terão entre os quatro e dez andares, dando continuidade àpaisagem urbana da cidade de Lisboa.
Projectos Internacionais
Renzo Piano e Ricardo Boffil são dois arquitectos estrangeiros que estão a desenvolver projectos para Lisboa. O primeiro é italiano e está a conceber os Jardins de Braço de Prata, uma intervenção que prevê a transformação e revitalização de uma zona industrial abandonada num bairro multifuncional para cerca de 1.500 habitantes. Situado entre o centro histórico e o Parque das Nações, o objectivo é recriar a estrutura tradicional dos bairros de Lisboa, numa área de cerca de nove hectares. Para habitação estão disponÃÂveis mais de 97 mil metros quadrados, para actividades económicas, cerca de 25 mil metros quadrados e para serviços 17 mil metros quadrados. O Projecto está aprovado e o promotor é a Obriverca. A nÃÂvel de arquitectura, Renzo Piano conta com a ajuda da CPU Urbanistas e Arquitectos.
Já Ricardo Bofill, em parceria com os arquitectos Ramon Collado e Maria José Freitas, está a desenvolver o projecto Porta Sul, promovido pela AZATA. Vai ficar situado no Parque das Nações e consiste numa torre de escritórios de 23 andares, transformando-se assim na segunda torre a existir na cidade de Lisboa (a outra é a de Foster em Santos). A arquitectura vai ser inspirada na natureza do sÃÂtio, o antigo «Cabo Ruivo», assumindo a forma de uma rocha em granito. O projecto data de 2003 e para já tem apenas o reparcelamento aprovado.
Projectos aprovados
A Quinta do Mineiro «pretende ser uma referência de qualidade face àenvolvente construÃÂda, não só pela relação entre edifÃÂcios, seu desafogo, sua qualidade arquitectónica, de materiais e de cores, etc., como também pelo cuidado paisagÃÂstico a imprimir a todas as novas zonas verdes», refere um documento da autarquia. Trata-se de um projecto de habitação, com uma área de intervenção de 29.059 metros quadrados, localizado no quarteirão ladeado pela Avenida Engenheiro Duarte Pacheco e pela Rua Artilharia Um. Os edifÃÂcios terão oito pisos, sendo que o primeiro e o sétimo serão para serviços e comércio (20.351 metros quadrados), o segundo piso será para serviços/comércio/habitação (10.499 metros quadrados) e os pisos 3,4,5 e 6 serão apenas para habitação (25.235 metros quadrados) com tipologias variáveis entre T0 e T5. O promotor é a Temple, Campolide Parque e a autoria do projecto é a arquitecta Margarida Caldeira, da Broadway Malyan. Outro projecto também aprovado é a Urbanização Benfica Stadium, da autoria do arquitecto Francisco Xavier Olazabal e promovido pelo Fundo de Investimento – Fundicentro. Localizado mesmo em frente ao Estádio da Luz, num terreno atravessado por uma «alameda» (a rua em frente ao estádio), este novo empreendimento desenvolve-se segundo dois eixos principais. «Um dos eixos é a rua central, paralela à“alamedaâ€Â. O outro eixo, aproximadamente perpendicular a este, é definido pelo percurso de peões que se inicia junto ao Estádio da Luz, se prolonga na passagem construida sobre a “alamedaâ€Â, e termina nas escadas de acesso àRua dos Soeiros», pode ler-se na memória descritiva. No ponto de encontro destes dois eixos situar-se-á uma pequena praça com lojas ao nÃÂvel do rés-do-chão. Estão previstos 13 lotes, dos quais 11 serão destinados a habitação e dois a escritórios ou serviços (lotes 4 e 7). O número de fogos para habitação é de 424, ocupando uma área de mais de 54 mil metros quadrados. As zonas de comércio ocuparão 2.730 metros quadrados, a de escritórios, 7.551 metros quadrados e as zonas verdes, cerca de sete mil metros quadrados, perfazendo um total de 65 mil metros quadrados de área de construção. Por fim, no antigo terreno do estádio do Sporting, numa área de 26.500 metros quadrados, vão surgir oito lotes, dos quais 38 por cento será para habitação, onze por cento para comércio e 47 por cento para serviços. Um projecto dos arquitectos T +T Design e da CPU Urbanistas e Arquitectos, cujo promotor é a MDC – Multidevelopment Portugal.
O que se propõe é uma estrutura organizada em redor de «um vasto espaço central livre, que constitui uma praça, àvolta da qual se distribuem duas frentes, constituÃÂdas por edifÃÂcios de serviços e de habitação», pode ler-se num documento da câmara. «Esta praça será ligada àzona do interface do Campo Grande através de uma rampa/ponte já prevista no projecto do edifÃÂcio Metrópolis. A cor será um factor de destaque neste projecto, em virtude da proximidade ao actual estádio Alvalade XXI. Um pouco a nÃÂvel nacional, os estádios construidos para o Euro 2004 trouxeram alguma animosidade aos investidores do sector imobiliáro, tentando aproveitar a proximidade aos recintos desportivos.