Técnicas inovadoras marcam molhes no Douro
Rita Vieira Estas estruturas pretendem melhorar a acessibilidade marÃÂtima, a protecção marginal do Porto e a estabilização sedimentar do Cabedelo, mantendo a capacidade de escoamento das cheias do rio Douro A construção dos molhes do Douro fica marcada pela utilização de diversas técnicas inovadoras, de forma a dar resposta aos objectivos portuários e costeiros e,… Continue reading Técnicas inovadoras marcam molhes no Douro
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Rita Vieira
Estas estruturas pretendem melhorar a acessibilidade marÃÂtima, a protecção marginal do Porto e a estabilização sedimentar do Cabedelo, mantendo a capacidade de escoamento das cheias do rio Douro
A construção dos molhes do Douro fica marcada pela utilização de diversas técnicas inovadoras, de forma a dar resposta aos objectivos portuários e costeiros e, simultaneamente, àintegração urbana e às preocupações de carácter ambiental, de acordo com o projecto.
Os trabalhos, já em fase de construção, prevêem, a Norte, um molhe vertical, em articulação com o molhe local, para dar continuidade ao espaço urbano existente. No molhe norte, com cerca de 450 metros, foi desenvolvida uma solução de elementos pré-fabricados com caixotões e aduelas vazadas, colocados por via marÃÂtima. A nova estrutura vertical é depois betonada contra o fundo rochoso, eliminando as maiores objecções que, por vezes, se levantam a este tipo de estruturas. Também a opção feita para a super-estrutura do molhe norte também não é tradicional. Desenvolve-se a cotas relativamente baixas, galgáveis sobre a acção das maiores tempestades e não ultrapassando as cotas do actual molhe de Felgueiras, “num permanente recorte em planta e em altimetria que reduz muito as forças de impacte das ondas sobre a estrutura resistenteâ€Â, como refere o projecto.
A sul, para o quebra-mar, foi encontrada uma solução que baixa as cotas superiores de coroamento, até apenas dois metros acima das preia-mares, o nÃÂvel mÃÂnimo para garantir a sua função de protecção marÃÂtima e sedimentar. Para o efeito, foi necessário recorrer àutilização de elementos de protecção constituÃÂdos por peças cúbicas de oito toneladas, em betão de alta densidade, o que conduziu a uma redução de cerca de quatro vezes o volume dos blocos.
Já no Cabedelo, as intervenções fÃÂsicas são reduzidas ao estritamente necessário para conter as areias, limitando o constante assoreamento do canal de navegação e estabilizando e reforçando a praia. Nesta obra de reforço não serão utilizadas quaisquer peças de betão, apenas material rochoso colocado a cotas semelhantes às actuais.
Estas estruturas que têm por objectivo melhorar a acessibilidade marÃÂtima, a protecção marginal da cidade do Porto e a estabilização sedimentar do Cabedelo, em Gaia, mantendo a capacidade de escoamento das cheias do rio Douro. A obra, orçada em 25 milhões de euros, deverá ficar concluÃÂda no final deste ano.
Nos molhes, vão ser criadas zonas de lazer, que incluem jogos, desportos de aventura, um bar esplanada e um espaço de aluguer de bicicletas e patins. Estas estruturas vão contar ainda com dois passeios, um superior e ao ar livre, aberto sobre o mar, utilizável sempre que as condições meteorológicas o permitam, e um outro interior, com janelas rasgadas a sul e acesso ao farol.
A obra pretende ainda colocar a cidade do Porto no roteiro tecnológico, através da localização na cabeça do molhe norte uma mini-central eléctrica para o aproveitamento da energia das ondas. A viabilidade económica da produção energética é, muitas vezes, comprometida pelo elevado investimento inicial a efectuar na construção da infra-estrutura marÃÂtima. No entanto, neste caso, poderá ser feito a custos marginais, uma vez que é um projecto que foi equacionado de raiz. O funcionamento desta mini-central eléctrica é simples: o interior de um ou dos dois caixotões na cabeça do molhe norte são alterados, formando uma câmara ligada ao exterior por uma janela submersa, onde as oscilações de água provocam no ar aàencerrado grandes pressões e depressões. A massa de ar no interior da câmara faz movimentar as pás de uma turbina de eixo vertical, colocada no edifÃÂcio do farol – que teria de ser adaptado – produzindo a energia eléctrica que, por cabo a colocar junto àgaleria, seria injectada na rede pública como qualquer central mini-hÃÂdrica ou de biomassa.
O projecto de construção dos molhes do Douro sofreu diversos reveses, desde 1995.
O projecto inicial, amplamente criticado por especialistas, associações de defesa do ambiente e moradores, previa uma extensão de 752 metros para o molhe norte e de aproximadamente 600 metros para o molhe sul. No entanto, só três anos depois, quando um grupo de notáveis, entre os quais Siza Vieira e Belmiro de Azevedo, se mostra contra, é que a sua concretização começa a ser questionada. Em causa esta o impacte vsual: os molhes iriam tirar a visibilidade para o rio e estuário da Foz. Após uma queixa apresentada em Bruxelas, é lançado um novo concurso e, só em 2001, a obra é adjudicada àSomague/Irmãos Cavaco, que propõe molhes mais curtos e mais baixos.
Em 2004, o estudo do impacte ambiental aponta como único senão o rebentamento de explosivos para quebrar as rochas, uma questão que acaba por ser considerado menor se tomadas as devidas medidas de segurança.