Adriano Moreira aponta riscos para a Ordem
Rita Vieira No ano em que a Ordem dos Engenheiros comemora 70 anos de existência, Adriano Moreira salienta o papel que a instituição tem tido, mas sobretudo os obstáculos a ultrapassar no futuro Existe, neste momento, o risco das ordens profissionais serem «afectadas por uma vertente sindicalista». O alerta foi deixado por Adriano Moreira. Num… Continue reading Adriano Moreira aponta riscos para a Ordem
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Rita Vieira
No ano em que a Ordem dos Engenheiros comemora 70 anos de existência, Adriano Moreira salienta o papel que a instituição tem tido, mas sobretudo os obstáculos a ultrapassar no futuro
Existe, neste momento, o risco das ordens profissionais serem «afectadas por uma vertente sindicalista». O alerta foi deixado por Adriano Moreira. Num jantar de comemoração dos 70 anos da Ordem dos Engenheiros (OE), o professor, ex-polÃÂtico e jurista, salientou também o próximo grande desafio da OE: o «de inventar» – uma das qualidades da engenharia – a ligação entre o novo paradigma do paÃÂs e o novo paradigma da investigação e do ensino.
Nos últimos anos, a liderar a coordenação da avaliação do ensino superior, Adriano Moreira fez saber que, numa sociedade onde a crise de valores é «tremenda» e onde o relativismo é dominante, a independência das ordens pode estar em causa. É preciso não esquecer que a função dos sindicatos é completamente diferente, considera. As ordens devem, antes de mais, defender a «observância da ética» profissional. A função sindicalista está a ser tão importante que até os grandes «postos» do Estado, nomeadamente as forças de segurança e as Forças Armadas, já têm manifestações sindicalistas para «exprimirem os seus interesses e inquietações». «Até a magistratura, que é um órgão de soberania nacional, já tem um pouco essa vertente», frisa o professor. Esta é uma questão que tem de ser «profundamente meditada», acrescenta.
Também o ensino superior e a investigação correm riscos, sublinha. E é àengenharia – a profissão àqual mais se exige a criatividade necessária para combinar o saber com a capacidade de fazer – que cabe o papel de aproximar o ensino universitário e as ordens. «Considero que esta ligação é absolutamente inadiável, necessária, urgente e fundamental», sublinha.
Na opinião de Adriano Moreira, o facto de se pretender que a Declaração de Bolonha e a de Lisboa sejam articuladas, criando um novo espaço de saber, que contribua para o plano económico da competitividade europeia, em relação aos Estados Unidos, obriga-nos a pensar se isto só pode ser feito com uma polÃÂtica de estados unitários, que, na prática, já não existem. Estas mudanças no ensino superior estão a ser feitas num momento em que o paradigma do paÃÂs mudou, explica. «O nosso sistema educativo e as ordens foram feitos para o paÃÂs que tÃÂnhamos». Neste momento, frisa o docente, o paÃÂs já não tem fronteiras geográficas sagradas: a nossa fronteira económica é a da União Europeia e a nossa fronteira de segurança, não é a geográfica, mas sim a da NATO. «E quando eu sou convidado para transformar o sistema educativo e da investigação, a primeira coisa que tenho de fazer é indicar as novas competências exigÃÂveis para que os nossos estudantes tenham capacidade para responder a este novo paradigma do paÃÂs». E aqui o papel das ordens é «fundamental porque se há entidades que tenham experiência da mudança do paradigma são as ordens profissionais».
O docente frisou ainda a importância que a Ordem dos Engenheiros tem tido ao longo destes anos. É preciso ter em conta que «quando nos esquecemos do passado, um dia ele bate-nos àporta, com um enorme estrondo, e as consequências são sempre excessivamente más».
E deu o exemplo do engenheiro Duarte Pacheco, «figura mÃÂtica» da sua geração, que deixou marcas na paisagem de Lisboa e na polÃÂtica nacional: foi ministro das Obras Públicas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e organizador da exposição do Mundo Português de 1940. E deixou diversas obras, como a Casa da Moeda, a remodelação do edifÃÂcio do Parlamento, a Cidade Universitária, o parque de Monsanto e o edifÃÂcio do Instituto Superior Técnico.
Já o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo, salientou a necessidade de muitas empresas portuguesas se internacionalizarem. «Muitos centros de decisão das empresas que operam em Portugal, já não se encontram» no paÃÂs, salienta. «Embora o factor custo sempre tivesse sido uma preocupação dos engenheiros, o valor económico dos serviços e produtos, em termos de mercado, têm que passar a estar presentes no exercÃÂcio da engenharia», refere Fernando Santo. Para o responsável máximo da OE, o saber fazer já não chega, perante mercados cada vez mais abertos e competitivos. «Temos de acrescentar àengenharia conceitos económicos, de mercado, de marketing e de gestão, para continuarmos a desempenhar um papel indispensável para o desenvolvimento do paÃÂs», acrescentou na ocasião.
Neste encontro, Fernando Santo, aproveitou para homenagear alguns antigos bastonários, entre eles Armando Soares Lencastre. Este antigo responsável pela ordem destacou o facto de, para se ser um bom engenheiro, ser necessário «uma tonelada de matemática, uma tonelada de fÃÂsica e uma tonelada de bom senso». E, hoje em dia, frisou, «é preciso cada vez mais aumentar o bom senso».