Qualidade do ar preocupa engenheiros
Profissionais de saúde juntaram-se a engenheiros para discutir as problemáticas associadas àqualidade do ar que respiramos dentro dos edifÃÂcios. O Seminário «Ventilação e Qualidade do ar» foi desencadeado pela recente reformulação que o Governo fez do RSECE, diploma que pretende fomentar a eficiência energética dos edifÃÂcios As pessoas passam em média 80 por cento… Continue reading Qualidade do ar preocupa engenheiros
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Profissionais de saúde juntaram-se a engenheiros para discutir as problemáticas associadas àqualidade do ar que respiramos dentro dos edifÃÂcios. O Seminário «Ventilação e Qualidade do ar» foi desencadeado pela recente reformulação que o Governo fez do RSECE, diploma que pretende fomentar a eficiência energética dos edifÃÂcios
As pessoas passam em média 80 por cento do seu tempo no interior dos edifÃÂcios, onde o ar respirável nem sempre é da melhor qualidade. A falta de ventilação detém a principal responsabilidade pela deterioração dos ambientes que inspiramos dentro de portas. Esta preocupação, aliada àreformulação do RSECE (Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização dos EdifÃÂcios), esteve na base do Seminário «Ventilação e Qualidade do Ar», realizado recentemente, na Ordem dos Engenheiros, em Lisboa. Embora este tenha sido um debate suscitado por engenheiros, mostrou-se indiscutÃÂvel que para a implementação de uma ventilação adequada nos edifÃÂcios, é obrigatória a interacção entre profissionais da engenharia e da área da saúde. O Seminário, promovido pela Portugal Chapter, associou, por isso, cerca de 50 participantes provenientes de ambas as áreas profissionais. Como frisou o engenheiro Carlos Lisboa, presidente do comité de Transferência de Tecnologia do Portugal Chapter, esta é uma «área multidisciplinar», pelo que «é importante trabalhar em conjunto com os profissionais da saúde».
Saúde pública em jogo
Para evitar os problemas de saúde que podem derivar da má qualidade do ar que respiramos nos edifÃÂcios em Portugal, é fundamental uma «aposta na prevenção», defendeu António Barata Tavares, da Direcção-Geral de Saúde. Esta foi uma ideia transversal aos profissionais de saúde presentes na Ordem dos Engenheiros. Maria Manuela Cano, técnica superior de saúde do Instituto Ricardo Jorge (IRJ), salientou a necessidade da remoção das fontes de contaminação, a fim de reduzir ao mÃÂnimo a exposição humana a essas substâncias. Neste sentido, Sabrina Flucher Monteiro, técnica de saúde ambiental da empresa H2Q, Health & Home Quality, também garantiu que «fazendo prevenção já não há tanto perigo de contaminação». Afinal, «é a saúde pública que está em jogo», salientou Stephan Kramer, gerente da empresa A.I.S. – Ar Interior Saudável e responsável pela Comissão de Higiene Ambiental da APIRAC. O aumento da renovação do ar interior, feito através da ventilação com ar novo é, para Maria do Carmo Proença, assessora do Instituto Ricardo Jorge, essencial para alcançar melhorias significativas na qualidade do ar interno dos edifÃÂcios. Miguel Cavique, director do Commitee de Estudantes do Portugal Chapter, aponta como taxa de ventilação ideal a de três renovações por hora. Foi também aconselhado o aumento do investimento em AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado).
A hipótese de aumentar os nÃÂveis de filtragem levanta, contudo, ainda algumas dúvidas aos especialistas.
Maior nÃÂvel de exigência
A evolução no sector da engenharia de climatização está directamente relacionada com o crescimento que se tem sentido no nÃÂvel de exigência das pessoas. Mais conforto térmico na habitação e maior bem-estar no espaço de trabalho são pretensões que surgem cada vez com mais frequência. O investimento das empresas na ventilação dos edifÃÂcios é, por isso, visto como um sinal positivo, uma vez que pode inclusive favorecer o «aumento da produtividade dos trabalhadores», como defendeu o engenheiro Miguel Cavique.
VentilaçãoDeficiente
A realidade portuguesa apresenta, contudo, graves deficiências ao nÃÂvel da ventilação. LuÃÂs Roriz, membro do BOG do Portugal Chapter, chamou a atenção para esta questão e avançou alguns dos motivos que estão na base da situação, e que se prendem com o «espaço insuficiente para a colocação das máquinas e condutas, e uma falha na correcta manutenção do sistema». Portanto, na maior parte das vezes, o maior problema é a «falta de espaço e de dinheiro» para a correcta implementação de uma ventilação eficiente. Há ainda outros factores que favorecem o aparecimento dos chamados «edifÃÂcios doentes». Nas construções cujo pavimento é revestido a alcatifa há nÃÂveis de concentração superiores de fungos, facilitando a contaminação do ar. De igual modo, há cuidados redobrados a ter no Verão, uma vez que se verifica uma maior quantidade de fungos do que no Inverno. É por isso que a humidade relativa do ar na estação mais quente deve ser, idealmente, inferior a 70 por cento, enquanto que no Inverno esse valor baixa para os 50 por cento. A técnica de saúde Maria Manuela Cano realçou que vivemos rodeados de microrganismos por todo o lado, e que estes não são necessariamente nocivos para a nossa saúde: «O que é necessário é manter um equilÃÂbrio», frisou. Uma vez que a sociedade tem vindo a evoluir no sentido da redução da poluição do ar exterior (resultante nomeadamente do tráfego automóvel e da poluição industrial), a necessidade de aumentar a qualidade do ar interior passará certamente pela redução da poluição interna dos edifÃÂcios. Neste sentido, a interdição do fumo de tabaco significaria, para o engenheiro Carlos Lisboa, um grande benefÃÂcio, uma vez que assim se poderia por termo à«principal fonte de partÃÂculas no ar interior».
Legislação revista
O debate em torno da ventilação do ar dos edifÃÂcios foi desencadeado pela recente reformulação do RSECE, diploma que pretende fomentar a eficiência energética dos edifÃÂcios, e, consequentemente, reduzir o consumo de energia e as emissões para a atmosfera de dióxido de carbono (CO2). LuÃÂs Malheiro, presidente do Ashrae Portugal Chapter, indicou ao Construir que não tem dúvidas de que as empresas portuguesas irão investir numa melhoria da ventilação dos seus edifÃÂcios, «até porque esta nova legislação vai obrigar a que eles pensem nisso». Com efeito, uma das inovações da nova legislação obriga a uma maior regulamentação dos projectos licenciados ou autorizados, ao mesmo tempo que os casos de incumprimento estão mais sujeitos às respectivas punições, sob a forma pecuniária ou em termos profissionais.
LuÃÂs Malheiro garantiu que «se os projectistas, as entidades, os arquitectos e engenheiros dessas áreas tiverem esta consciência, podem fazer bem sem investimento adicional». Por outro lado, acrescentou que se as situações «que já existem estão mal, então aàsim vai haver um retorno importantÃÂssimo, não só porque se está a cumprir a regulamentação, mas também porque a produtividade vai aumentar e as pessoas vão sentir-se melhor».
A reformulação do RSECE aumenta também o grau de exigência aos profissionais responsáveis pela verificação dos requisitos deste regulamento, com vista a atribuir-lhe maior credibilidade. O novo diploma impõe ainda que sejam feitas auditorias periódicas aos edifÃÂcios. Esta reformulação estabelece ainda que a aplicação do RSECE se vai dirigir inicialmente aos edifÃÂcios de maior dimensão, alargando depois a sua atenção a todos os edifÃÂcios climatizados.