Nova ponte sobre o Tejo adopta soluções inovadoras
Está a crescer uma das maiores estruturas já edificadas em Portugal: uma nova travessia sobre o Tejo, entre o Carregado e Benavente. ConstituÃÂda por uma ponte e uma série de 22 viadutos, o investimento ascende aos 200 milhões de euros, totalmente financiados pela Brisa. O total de 11 670 metros da travessia divide-se em 1470… Continue reading Nova ponte sobre o Tejo adopta soluções inovadoras
Maria João Morais
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Está a crescer uma das maiores estruturas já edificadas em Portugal: uma nova travessia sobre o Tejo, entre o Carregado e Benavente. ConstituÃÂda por uma ponte e uma série de 22 viadutos, o investimento ascende aos 200 milhões de euros, totalmente financiados pela Brisa.
O total de 11 670 metros da travessia divide-se em 1470 metros de viadutos de acesso norte, 970 metros de ponte sobre o Tejo e outros 9230 metros de viadutos de acesso sul. O resultado é uma obra de envergadura invulgar em Portugal, que Carlos Biscaia, engenheiro da Brisa encarregue da gestão do projecto, acredita ser «equivalente àPonte Vasco da Gama».
A nova travessia do Tejo insere-se no sublanço A1/Benavente da A10 (auto-estrada Bucelas/Carregado), que tem como objectivo a constituição de uma envolvente exterior àÃÂrea Metropolitana de Lisboa, cumprindo um importante papel na ligação entre o norte e o sul do paÃÂs e entre o Ribatejo e a Região Oeste. A travessia foi pensada ainda com o objectivo de fazer a ligação ao futuro aeroporto da Ota.
A conclusão da obra deverá ter lugar no primeiro semestre de 2007.
Preocupação ambiental
A nova travessia destaca-se como uma obra singular do ponto de vista sustentável, uma vez que atravessa uma das regiões agrÃÂcolas mais importantes do paÃÂs: a planÃÂcie aluvial da LezÃÂria Grande de Vila Franca de Xira. Para responder às condicionantes envolvidas, a Brisa procurou investir na componente ambiental do projecto. Assim, a grande extensão da nova travessia do Tejo no Carregado prende-se com a necessidade de garantir a conservação da lezÃÂria ribatejana, poupando os solos agrÃÂcolas e as vias de água da região. «Era impossÃÂvel que a obra fosse feita em aterro», explicou Carlos Biscaia ao Construir, satisfeito por ter conseguido «que o viaduto fosse de um lado ao outro sem afectar a lezÃÂria». Tendo em conta a dimensão da obra e a sensibilidade ambiental da área onde se desenvolve, também do ponto de vista geotécnico se mostrava difÃÂcil assegurar aterros com grandes aluviões: «era complicado fazer a gestão de um aterro com os diques do Tejo».
A solução obtida implica, contudo, custos muitÃÂssimo mais elevados na construção: «entre a obra de aterro e o viaduto a diferença é de quatro vezes mais», assegura Carlos Biscaia.
Desafios e complexidades
O responsável pelo projecto explicou ainda algumas das maiores complexidades ao nÃÂvel da engenharia. Segundo Carlos Biscaia, um dos desafios do projecto esteve relacionado com a colocação das estacas e a montagem dos maciços no rio. Também neste aspecto foi procurado o método menos invasivo em termos ambientais. «Todos os caixotões são pré-fabricados e depois baixados para a cota através de sistemas hidráulicos», explicou o responsável. Ou seja, depois de colocadas as estacas no rio, os caixotões descem através dos buracos das próprias estacas e são depois esvaziados.
A existência de dois diques com uma cota abaixo do rio Tejo esteve também na base de alguma complexidade, que viria a ditar o espaçamento dos pilares. «Tivemos que adaptar os vãos devido aos diques», esclarece Carlos Biscaia. «Para os canais poderem passar há pilares que não estão alinhados» adianta ainda Rui Parreira, engenheiro de frente encarregue da fiscalização do viaduto sul. O responsável, que mostrou ao Construir o desenrolar da obra, faz parte de uma vasta equipa de cerca de 50 profissionais, que está constantemente no terreno e tem por missão assegurar que os trabalhos correm bem em termos de qualidade e segurança. A Brisa tem equipas de fiscalização e segurança muito reforçados, no que diz respeito quer àgarantia do cumprimento dos prazos, da qualidade e dos custos, sem esquecer a segurança e o ambiente. Apesar do projecto ser muito vasto, «não há nenhuma acção que não seja objecto de planeamento especÃÂfico prévio», relata Carlos Biscaia.
Foi ainda designada uma Comissão de Acompanhamento Ambiental da Obra, constituÃÂda por técnicos provenientes do Instituto da ÃÂgua e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, entre outros.
Soluções de projecto
A Brisa teve a necessidade de obter das várias autoridades interessadas (nomeadamente o Ministério do Ambiente) a declaração de conformidade ambiental do projecto e, por isso, as soluções que desenvolveu passaram também pelo planeamento da drenagem da construção de pilares, pelo estudo preliminar da localização dos estaleiros dos empreiteiros ou pelo planeamento especial para a construção do caminho paralelo da ponte e dos viadutos. Os estudos preliminares para a protecção de cursos de água e canais de irrigação e o projecto de integração paisagÃÂstica da auto-estrada foram também alvo de preparação pela equipa projectista.
Tendo em conta as caracterÃÂsticas da obra, foi realizada uma série de ensaios estáticos e dinâmicos para «aferir os métodos de execução e a variabilidade da geotecnia», frisou Carlos Biscaia. Os ensaios de carga foram realizados com o apoio e a supervisão do Instituto de Engenharia de Estruturas, Território e Construção do Instituto Superior Técnico (IST) e permitiram um dimensionamento mais racional das fundações.
Após estes estudos, um painel de professores do IST tem continuado a assessorar os trabalhos que estão a decorrer, com destaque para Mariano das Neves (para a área de geotecnia) e Fernando Branco (na área de estruturas).
Os problemas que vão surgindo não decorrem, portanto, da falta de estudos e têm sido também facilmente ultrapassados: «não tivemos grandes surpresas, nem sequer no atravessamento dos diques», garante Carlos Biscaia.
De destacar ainda o esforço que está a ser feito para viabilizar o sistema de drenagem, com mecanismos automáticos de descarga das águas pluviais, mais uma vez devido àespecificidade do local onde a ponte está a ser edificada. Foi feito previamente um estudo incidindo sobre o sistema especial de drenagem para águas de escorrência da plataforma da auto-estrada, de forma a garantir a sua estanquidade e a não comprometer a qualidade das águas de irrigação e dos solos agrÃÂcolas.
Segundo Rui Parreira, está neste momento concluÃÂdo «cerca de sete por cento da obra».
A construção em curso abrange um agrupamento de empreiteiros, designado de TACE, que envolve construtoras como a Lena Engenharia e construções, a Novopca, a Construtora do Tâmega, ou a Zagope.
Actualmente estão cerca de 1300 trabalhadores em actividade, mas está prevista a mobilização de um pico de 1500 operários. Esta obra de grande envergadura tem, segundo Biscaia, também uma «componente social importante», uma vez que comporta dormitórios e refeitórios para os seus trabalhadores.