Engenheiros debatem profissão
Os Açores receberam, entre os dias 2 e 4 de Outubro, o XVI Congresso da Ordem, onde temas como a gestão de riscos, a energia, o ordenamento do território e os oceanos tiveram lugar de destaque A engenharia detém um papel cada vez mais determinante no progresso e no desenvolvimento das sociedades actuais. Foi esta… Continue reading Engenheiros debatem profissão
Maria João Morais
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Os Açores receberam, entre os dias 2 e 4 de Outubro, o XVI Congresso da Ordem, onde temas como a gestão de riscos, a energia, o ordenamento do território e os oceanos tiveram lugar de destaque
A engenharia detém um papel cada vez mais determinante no progresso e no desenvolvimento das sociedades actuais. Foi esta a principal conclusão retirada do recente XVI Congresso da Ordem dos Engenheiros que juntou na ilha de S. Miguel, nos Açores, mais de 450 congressistas.
Subordinado ao tema «A engenharia ao serviço do paÃÂs», o evento pautou-se por uma abordagem transversal e especializada de assuntos desde a gestão e prevenção de riscos ao planeamento do território, passando pelas temáticas ligada àenergia e aos oceanos como recurso estratégico. Também as mudanças decorrentes da implementação do Processo de Bolonha mereceram a atenção dos congressistas.
Assim, um dos temas em destaque no Congresso foi o da gestão e prevenção de riscos. Vários especialistas dissertaram em torno das caracterÃÂsticas dos riscos de sismos, de cheias, geotécnicos, de incêndio, de acidentes de trabalho, entre outros. A conclusão retirada foi que a engenharia tem uma palavra a dizer neste contexto, uma vez que tem a capacidade privilegiada para avaliar os fenómenos, estimar as consequências e a partir daàdesignar as estratégias adequadas a uma boa gestão deste tipo de riscos, com vista a garantir a segurança das pessoas e bens. Neste sentido, entende-se ser relevante o estabelecimento de regulamentação ao nÃÂvel do projecto, da construção e exploração, que passam por procedimentos de garantia de qualidade, e por medidas inspectoras do seu cumprimento. Concluiu-se, ainda, que os engenheiros são profissionais particularmente vocacionados para o cumprimento de funções de controlo e direcção na protecção civil.
A questão da energia esteve também em destaque no certame, área em que a engenharia pode ter uma palavra a dizer, nomeadamente no que diz respeito àpromoção de técnicas de climatização adequadas, fomentando a construção de forma a evitar consumos desnecessários de energia.
O objectivo é uma utilização mais razoável da energia e dos recursos energéticos. Neste âmbito, foram abordados em concreto os domÃÂnios da energia geotérmica, nuclear, o biodiesel, ou a energia das ondas.
O ordenamento do território, ligado ao mercado dos solos, é outro assunto relevante para a engenharia. No Congresso destacou-se que a economia depende do ordenamento do território, da melhoria dos traçados e exploração de redes, da qualidade dos projectos e da confiança e da disponibilidade dos solos a preços razoáveis.
Neste âmbito foi focada a questão da reabilitação urbana, considerado um factor determinante no sentido da construção sustentável. Como frisou Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), «em Portugal existem cerca de 800 mil casas a necessitar de profundas obras de reparação».
Também a questão em torno da utilização dos oceanos como recurso estratégico foi um dos temas em foco no evento dos Açores.
Finalmente, os engenheiros presentes no XVI Congresso aproveitaram o certame para reafirmar as principais orientações que determinam a posição da Ordem sobre a reforma do Ensino Superior, relativamente ao Processo de Bolonha. Assim, a OE mantém a exigência de uma formação de ensino superior acumulada de cinco anos (mestrado) para que o profissional atinja a capacidade e responsabilidade de intervenção em todos os nÃÂveis de engenharia. Contudo, a Ordem não esquece que o universo da engenharia requer diferentes nÃÂveis de competências profissionais, pelo que vai adoptar uma atitude de abertura em relação àqueles que possuam apenas formação de primeiro ciclo (licenciatura). Ainda assim, Fernando Santo, bastonário da Ordem dos Engenheiros, realçou a necessidade de «regulamentação dos actos de engenharia», no sentido de evitar o «facilitismo instalado que tem permitido intervenções de técnicos não qualificados» no exercÃÂcio da profissão.