Mário Sua Kay
Arquitecto de formação, começou o seu percurso em Inglaterra mas é em Portugal que gosta de exercer a sua profissão. No entanto, lamenta que seja um paÃÂs onde se tem medo de arriscar Mário Carlos Sua Kay nasceu em São Lourenço, Moçambique, em 1952. Passou toda a sua infância naquele paÃÂs onde frequentou a escola… Continue reading Mário Sua Kay
Valéria Vaz
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Arquitecto de formação, começou o seu percurso em Inglaterra mas é em Portugal que gosta de exercer a sua profissão. No entanto, lamenta que seja um paÃÂs onde se tem medo de arriscar
Mário Carlos Sua Kay nasceu em São Lourenço, Moçambique, em 1952. Passou toda a sua infância naquele paÃÂs onde frequentou a escola chinesa de Lourenço Marques, na qual aprendeu Mandarim e Português. Aos 12 anos de idade, vai para uma escola inglesa na Suazilândia, onde estuda e frequenta parte do ensino secundário, tendo sido também com esta idade que descobre a sua vocação para o desenho e almeja um dia vir a ser arquitecto. Esta escola era a única multirracial, fora de Moçambique. Promovia a vida entre as raças, sentindo sempre a necessidade de provar que os africanos, das classes mais humildes, poderiam ter sucesso, bem como acesso a uma boa educação.
Ainda jovem, decide estudar arquitectura em Londres, onde completa o seu bacharelato em 1974 e obtém diploma em 1977. Entre 1977 e 1981 integrou vários ateliês em Londres participando em projectos de renovação urbana no centro da cidade. Durante o último ano que residiu em Inglaterra colaborou com Eric Lyons Cunningham Partnership, onde desenvolveu diversos projectos em Portugal. Actualmente, não é capaz de se imaginar a trabalhar novamente em Inglaterra, «é uma cidade que já tem quase tudo feito, e o que me atrai em Portugal é que ainda há muita coisa por fazer». Após esta colaboração, decide ficar por Portugal e funda em 1984, o ateliê Sua Kay. De forma humilde, dá-se a conhecer ao mercado enquanto arquitecto enviando cartas para as empresas. Começou por fazer pequenos trabalhos, nomeadamente, o planeamento do espaço de algumas empresas, «era engraçado, enviava cartas a apresentar-me e as pessoas respondiam-me porque não havia ninguém a fazer esse trabalho e ele era necessário» explicou Mário Sua Kay.
A possibilidade de projectar a sede do banco do Banco Manufacturers Hanover, na Rua Barata Salgueiro, acaba por ser o projecto que lhe dá visibilidade que surge por mero acaso e por «uma questão de sorte». Neste projecto foi lhe dada toda a liberdade para conceber o edifÃÂcio, desde a compra do edifÃÂcio até àdecoração do espaço.
Posteriormente, projecta o Centro Comercial Dolce Vita. Após o esforço desenvolvido na construção deste edifÃÂcio, o trabalho é reconhecido com a atribuição de dois prémios ao edifÃÂcio – «Melhor Centro Comercial» pelo MIPIM em Março deste ano e o «Melhor Outlet» também em 2006 pelo ICSC (Internacional Council Of Shopping Centres). Apesar da satisfação pela atribuição dos prémios ao centro comercial, Sua Kay destaca que «não se tratou de um trabalho individual mas sim, de um trabalho que envolveu um vasto número de pessoas desde engenheiros, arquitectos até ao próprio cliente que esteve presente no local a fiscalizar as obras». Dos dois prémios atribuÃÂdos ao Dolce Vita, aquele que mais interessante lhe despertou foi o de «Melhor Outlet», porque não foi atribuÃÂdo pela arquitectura mas pela integração urbana, «os cafés, mercearias e o outro centro comercial mais próximo, refizeram-se e criou-se ainda mais alternativas de comércio em torno do shopping», garantiu Sua Kay.
Em 2001, inicia o seu percurso enquanto professor catedrático, a convite do Instituto Superior Técnico, no qual lecciona a disciplina de arquitectura, onde se propõe a dar uma formação que seja útil pelo mundo fora e vital para que os seus alunos consigam obter bons empregos e competir com os demais. Apesar do número de licenciados em arquitectura ser cada vez mais crescente, Sua Kay afirma que isso não o preocupa « a questão não é se são muitos ou não, a questão é se estão a ser bem formados e se têm ambição de trabalhar para outros paÃÂses».
Mário Sua Kay revelou ao Construir que a sua fonte de inspiração são as pessoas – o principal desafio é o tentar perceber como é que se pode criar um edifÃÂcio que proporcione às pessoas um melhor ambiente de vivência e que lhes facilite a vida, onde a arquitectura seja planeada para absorver o maior número de pessoas nos edifÃÂcios. «Em Portugal, ainda se tem um discurso muito abstracto, muito divorciado das pessoas e para mim as pessoas são muito mais importantes do que esse discurso abstracto» afirmou o arquitecto.
No entanto, lamenta que em Portugal ainda se tenha medo de arriscar e que não se ame a cidade como ela deveria ser amada, «preferimos deixar uma cidade como Lisboa ou o Porto apodrecer» do que apostar na sua requalificação. É necessário que cada vez mais se tome consciência que as cidades precisam de ser transformadas e adaptadas para as gerações futuras.
Máxima de Vida – «Smile»
Filme – «Melhor é impossÃÂvel» com Jack Nicholson
Clube – Benfica
Local Preferido – O meu monte alentejano, em Alvito
Cidade Preferida – Chicago, porque é a cidade de arquitectos, com pessoas muito simpáticas