STAP na redução do impacto sÃÂsmico
Dissipadores de energia e isoladores sÃÂsmicos. São estes os nomes dos dois tipos de dispositivos que estão actualmente a ser desenvolvidos com a participação da STAP, no âmbito do Lessloss, um projecto europeu que tem em vista a mitigação do risco de abalos sÃÂsmicos e deslizamento de terras, envolvendo 47 participantes em vários paÃÂses (ver… Continue reading STAP na redução do impacto sÃÂsmico
Maria João Morais
2024 será um ano de expanção para a Hipoges
Roca Group assegura o fornecimento de energia renovável a todas as suas operações na Europa
Convenção APEMIP | IMOCIONATE 2024 já tem data marcada
Prospectiva fiscaliza empreitadas no hospital de Vila Nova e Gaia e Espinho
Grupo IPG coloca no mercado 51 mil m2 de activos logísticos e industriais
Ordem dos Arquitectos debate cinco décadas de habitação em democracia
Pestana Hotel Group com resultado líquido superior a 100M€
‘The Nine’ em Vilamoura comercializado a 50%
‘Rethinking Organizations: as diferentes visões sobre o Futuro das Organizações no QSP SUMMIT 2024
Sindicato dos Arquitectos reúne com objectivo de aprovar “primeiras tabelas salariais”
Dissipadores de energia e isoladores sÃÂsmicos. São estes os nomes dos dois tipos de dispositivos que estão actualmente a ser desenvolvidos com a participação da STAP, no âmbito do Lessloss, um projecto europeu que tem em vista a mitigação do risco de abalos sÃÂsmicos e deslizamento de terras, envolvendo 47 participantes em vários paÃÂses (ver caixa).
Quando ocorre um sismo dá-se uma propagação de energia nas camadas do terreno próximas da superfÃÂcie sob a forma de várias ondas de vários tipos. À medida que progride, essa energia afecta inevitavelmente tudo o que estiver construÃÂdo. Quando encontra uma cidade, a energia é transmitida aos edifÃÂcios a partir do terreno. Se o terreno debaixo do edifÃÂcio oscila, o edifÃÂcio é obrigado a oscilar também devido àenergia que lhe é transmitida. A questão que se coloca é se os edifÃÂcios estão ou não preparados para esse impacto de energia resultante do sismo.
É neste sentido que surgem os dispositivos desenvolvidos pela STAP (empresa de reparação, consolidação e modificação de estruturas), que têm por objectivo reduzir os efeitos que um sismo pode ter sobre os edifÃÂcios. Os quatro dispositivos dividem-se em dois tipos: dissipadores e isoladores. O presidente do grupo, VÃÂtor Cóias, explicou ao Construir as complexidades destes mecanismos.
Dissipadores e isoladores
Assim, os dissipadores de energia são dispositivos que se destinam a ajudar o edifÃÂcio a gastar ou dissipar a energia que recebe quando se dá um abalo sÃÂsmico. VÃÂtor Cóias descreve-os como semelhantes aos «amortecedores dos carros». São instalados nos próprios edifÃÂcios, por exemplo entre os cantos de dois pórticos do edifÃÂcio. «Quaisquer pontos de um edifÃÂcio que se movam uns em relação aos outros podem ser utilizados para instalar os amortecedores», explica o especialista. Deste modo, o edifÃÂcio vê-se livre da energia que recebe e já não é tão afectado por ela.
Há ainda outro tipo de dispositivo a ser desenvolvido com a participação da STAP: o do isolamento de base/isoladores sÃÂsmicos. Se no caso dos dissipadores a ideia é que a energia seja transmitida aos edifÃÂcios, mas que estes tenham mais capacidade para a dissipar; no caso dos isoladores sÃÂsmicos, o objectivo é que a energia proveniente do terreno não chegue sequer aos edifÃÂcios.
Colocados entre o edifÃÂcio e a fundação, fazem com que a edificação fique como que suspensa. Em vez de estar ligado ao chão, o edifÃÂcio está apoiado nuns dispositivos que especiais que evitam que a vibração do terreno se transmita.
A maneira mais fácil de colocar os dispositivos é durante a construção do edifÃÂcio, mas qualquer um deles pode ser instalado em edifÃÂcios já existentes: «A ideia é não deitar fora os edifÃÂcios que existem, mas através destes dispositivos, dotá-los da capacidade de suportarem melhor um sismo», defende VÃÂtor Cóias. O método de instalação é idêntico quer para as construções que já existem como para as novas. A maneira como os isoladores são montados é que difere, sendo mais complexa nos edifÃÂcios já existentes.
Em concreto, a STAP está a participar na elaboração de um Manual de Instruções que define a aplicação dos dispositivos que depois serão colocados nos edifÃÂcios novos ou nos já construÃÂdos. Trata-se de um manual prático, que pretende orientar quer os projectistas, quer os construtores na utilização destes dispositivos nos edifÃÂcios. O manual está a ser elaborado pelo grupo português em colaboração com dois fabricantes: uma empresa alemã e outra italiana.
O risco sÃÂsmico em Portugal
Neste momento, não há em Portugal nenhuma lei que obrigue os edifÃÂcios existentes a serem dotados de dispositivos de resistência aos sismos. A lei que existe refere-se apenas aos edifÃÂcios que são construÃÂdos de novo, através dos eurocódigos que estabelecem que a acção sÃÂsmica seja tida em conta no projecto estrutural.
Uma vez que a STAP tem a sua especialidade em intervenções em edifÃÂcios existentes, este projecto apresenta-se como importante para o grupo de reparação de estruturas porque corresponde a uma nova área da reabilitação estrutural.
Na exploração do projecto Lessloss, a STAP «conta tirar partido dos conhecimentos adquiridos para poder participar na reabilitação dos edifÃÂcios existentes», garante VÃÂtor Cóias, referindo a necessidade de intervenção de equipas especializadas para a correcta aplicação desses dispositivos.
O responsável não tem dúvidas que «numa cidade como Lisboa, uma parte importante dos edifÃÂcios não está preparada» para a eventualidade de um abalo sÃÂsmico. Para além disso, frisa que a capital portuguesa «está neste momento numa situação de grande vulnerabilidade, sobretudo no que se refere aos edifÃÂcios antigos», e alerta para a importância de dotar os edifÃÂcios de segurança em relação àactuação de um sismo.
«O problema dos sismos vai colocar-se mais tarde ou mais cedo no nosso paÃÂs porque temos um risco importante», afirma Cóias. Sabendo que existem muitos edifÃÂcios que não têm um bom comportamento nesta relação, «esses interessam-nos como possÃÂveis destinatários deste tipo de dispositivo», refere.
Não se trata da eliminação total do risco, mas de uma redução substancial. «Não podemos esquecer mais de 3 milhões de edifÃÂcios que existem em Portugal», por isso, «vai ser preciso dotar uma boa parte desses edifÃÂcios de condições de segurança em relação ao sismo». VÃÂtor Cóias acredita que cada vez mais as pessoas têm consciência da importância deste problema.
Em Portugal, o Hospital da Luz, em Lisboa, destaca-se como o primeiro a receber uma tecnologia de protecção sÃÂsmica. Em todo o mundo, já existem cerca de cinco mil edifÃÂcios dotados de isolamento sÃÂsmico, com destaque para o Japão, que apresenta o maior número de aplicações.
Iniciativa
O Projecto Lessloss
Iniciativa de vários centros de investigação, com destaque para o ENEA (National Agency for New Technology Energy and the Environment), o projecto Lessloss foi formulado por um grande número de centros europeus de engenharia sÃÂsmica e geotécnica, e integra especialistas em sociologia, economia, urbanismo e tecnologias de informação.
Visando desenvolver métodos inovadores de projecto e avaliação de estruturas e de deslizamento de terras; desenvolver técnicas e dispositivos de monitorização avançada e ainda desenvolver, fabricar e testar novos dispositivos isoladores e dissipadores sÃÂsmicos, o Lessloss envolve cerca de 47 participantes europeus.
O projecto detém ainda vários sub-projectos. Em Lisboa, tiveram lugar recentemente reuniões dizendo respeito a um sub-projecto do LessLoss a que a STAP está ligado e que consiste em desenvolver diversos dispositivos para dissipação de energia e para isolamento de base.
O programa que está a ser desenvolvido pela STAP é apenas um dos 13 sub-projectos do Lessloss, que abarca ainda áreas como os deslizamentos de terra.
O projecto vai ocupar quase três anos, prevendo-se que o Manual de Instruções que está a ser elaborado pela STAP esteja pronto no verão de 2007.