EdifÃÂcios com energias alternativas em Cascais
Num investimento global de 25 milhões de euros, o novo projecto vai abranger a utilização da energia solar térmica, energia geotérmica e de pavimentos radiantes. Os responsáveis pelo projecto falaram sobre o inovador conceito ao Construir A situar no centro de Cascais, concretamente na Quinta das Loureiras, o novo projecto pretende promover a boa gestão… Continue reading EdifÃÂcios com energias alternativas em Cascais
Maria João Morais
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Num investimento global de 25 milhões de euros, o novo projecto vai abranger a utilização da energia solar térmica, energia geotérmica e de pavimentos radiantes. Os responsáveis pelo projecto falaram sobre o inovador conceito ao Construir
A situar no centro de Cascais, concretamente na Quinta das Loureiras, o novo projecto pretende promover a boa gestão dos recursos energéticos. Serão cinco unidades de habitação, cada uma com dez apartamentos, distribuÃÂdos por cinco andares e ainda com comércio ao nÃÂvel do rés-do-chão.
Este é o primeiro projecto da promotora Lógica Urbana, e é também o resultado de uma parceria entre a consultora de engenharia Natural Works e o ateliê de arquitectura Arkibyo, que procuraram desde inÃÂcio a total articulação entre os âmbitos de arquitectura e de engenharia. O investimento global atinge os 25 milhões de euros.
Serão incorporadas tanto as energias tradicionais como as naturais, com uma série de soluções que procuram tirar o maior partido das energias alternativas. O objectivo do projecto é reduzir a utilização de energias convencionais nos apartamentos para 50 por cento do normal, o que abrange a electricidade ou o gás.
O arquitecto Miguel Oliveira, da Lógica Urbana, assegura que a promotora que representa terá uma linha de actuação comprometida com estas preocupações: «está nas nossas mãos resolver estas questões ou não. Não podemos continuar a construir edifÃÂcios que consomem doses maciças de energia», argumenta. Tem também a consciência de que o investimento não é uma aventura, uma vez que serão utilizados «sistemas muito estudados, com energias que estão àdisposição das pessoas». Não tem dúvidas: «os primeiros exemplos ajudam a consolidar os conceitos que toda a gente já tem».
Energias Alternativas
O projecto prevê a utilização de três tipos de energias alternativas, centralizados num único sistema, explicou ao Construir o engenheiro Guilherme Carrilho da Graça, da Natural Works, gabinete projectista de sistemas energéticos de edifÃÂcios. São elas a energia solar térmica (através de painéis solares térmicos que aquecem a água); a energia geotérmica (um sistema de arrefecimento e aquecimento de apoio que retira e coloca calor no solo por baixo do edifÃÂcio); e ainda a inclusão de pavimento radiante nos apartamentos, usado tanto para aquecer como arrefecer as divisões. Espera-se que estes pavimentos permitam conseguir condições frescas dentro das casas sem desumidificar ou secar o ar interior. Funcionam no interior do pavimento, colocados por baixo do acabamento normal do soalho, onde há tubos com água aquecida ou arrefecida, consoante a estação.
Carrilho da Graça ressalva que a temperatura da água (que será aquecida pelos painéis solares) não irá para além dos 30 graus e destaca o facto de haver «uma integração importante entre o pavimento e os painéis solares».
A ideia é maximizar o rendimento dos painéis solares térmicos, através da utilização de forma comunitária dos mesmos, de maneira a que nunca haja perdas de energia.
Também o arquitecto Tiago Jorge, da Arkibyo, salienta o esforço do ateliê em integrar completamente os painéis solares na arquitectura. Explicando que os painéis serão colocados em dois dos cinco volumes (os que apresentam uma melhor exposição solar), Tiago Jorge destaca ainda a grande preocupação com a luz que percorre as unidades, devido ao facto das «faces terem todas inclinações diferentes e também um brilho diferente».
Para além disso, refere ainda as preocupações derivadas de se tratar de «uma zona delicada em termos de intervenção, por ser àentrada de Cascais».
A ideia de sustentabilidade
Miguel Oliveira rejeita a inclusão da proposta para a Quinta das Loureiras no rótulo de construção sustentável. «Não somos sustentáveis do ponto de vista de só usarmos energias alternativas, mas toda a energia que pudermos captar àvolta desta realidade deve ser canalizada em detrimento da energia tradicional», assegura.
Neste sentido, o engenheiro Carrilho da Graça, da Natural Works também argumenta que o grupo de trabalho está a «tentar fugir aos conceitos de arquitectura bio-climática, que normalmente se reflectem no projecto de forma pouco agradável». A ideia é fazer com que as casas funcionem melhor, preservando a liberdade arquitectónica, e também a boa funcionalidade e o bom aspecto do edifÃÂcio. «Isso quer dizer que poderão existir painéis cuja orientação solar não é a ideal, mas quase ideal», explica o responsável pelo gabinete projectista.
Por isso, para Miguel Oliveira a palavra mais adequada para definir o projecto é integração: «há preocupações que devem passar a ser integradas nestas realidades, mas há também um sentido estético que tem de ser tido em conta».
Por seu lado, Tiago Jorge destaca a importância da experiência trazida pelo ateliê do trabalho já realizado na Expo, que serviu de precedente neste campo.
No que diz respeito àmanutenção, Miguel Oliveira destaca que os sistemas integrados na proposta para Quinta das Loureiras «estão pensados desde o princÃÂpio para se tornarem simples no seu manuseamento e depois na sua manutenção», que será feita pelo condomÃÂnio.
Neste sentido, Carrilho da Graça explica que ao nÃÂvel do apartamento o processo acaba por ser mais simples do que o normal porque não existe caldeira, e o sistema de pavimento radiante funciona com termóstato.
Perspectivas imobiliárias
Na pele de promotor, Miguel Oliveira adiantou ainda ao Construir estar convencido de que o empreendimento vai ter uma boa receptividade. A localização àentrada de Cascais mostra-lhes que estão «a trabalhar para um target elevado de clientes, com capacidade de aquisição elevada». Por estar convencido de que nesse sector há uma maior preocupação com as questões ambientais, a Lógica Urbana entendeu que era aquele «o sÃÂtio ideal para fazer a primeira experiência com um investimento considerável na gestão dos recursos energéticos».
Carrilho da Graça refere que «a proposta não é a de pay-back óptima», uma vez que os sistemas que vão implementar «só se pagam a dez anos: mas estamos a tentar maximizar dentro do razoável o uso de energias renováveis para o contexto dos apartamentos», explica referindo ainda que acredita «encontrar um comprador que esteja disposto a dar um pequeno acréscimo».
Depois de ter já garantido a aprovação das especialidades de engenharia, o projecto vai agora ser submetido àcâmara de Cascais.