Quando a arquitectura se torna parte da paisagem
Partindo da ideia de um camaleão deitado ao sol, o ateliêr CMARQ desenvolveu o projecto de um complexo hoteleiro em Porto Santo, que se caracteriza pela utilização de uma volumetria contida e por uma integração do conjunto na paisagem envolvente de forma a valorizar e tirar o máximo partido da mesma, bem como de todo… Continue reading Quando a arquitectura se torna parte da paisagem
Ana Rita Sevilha
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Partindo da ideia de um camaleão deitado ao sol, o ateliêr CMARQ desenvolveu o projecto de um complexo hoteleiro em Porto Santo, que se caracteriza pela utilização de uma volumetria contida e por uma integração do conjunto na paisagem envolvente de forma a valorizar e tirar o máximo partido da mesma, bem como de todo o sistema de vistas marginais
A ilha de Porto Santo, na Madeira, vai receber um novo empreendimento turÃÂstico, do tipo resort, localizado no Sitio das Pedras Pretas, e implantado num terreno com uma área de 5300 metros quadrados. Situado a cerca de um quilómetro da cidade Vila Baleira, o terreno onde será implantado o futuro conjunto hoteleiro fica confrontado a norte pela estrada regional 110, a sul pela praia e a nascente e poente com outras parcelas de terreno, que segundo os autores da proposta apresentam caracterÃÂsticas similares. De formação arenosa, o terreno que se encontra actualmente desocupado, está separado da praia a sul por uma duna, e apresenta a norte «um desnÃÂvel de aproximadamente três metros» em relação àestrada regional, explica a equipa projectista. Contemplando 54 unidades de alojamento distribuÃÂdas por dois pisos, o mesmo comporta ainda as áreas de serviço necessárias ao seu funcionamento, bem como equipamentos de recreio e lazer, tais como piscinas exteriores e interior, restaurante e bar, spa, ginásio, jacuzzi, sauna e área dedicada ao fitness, entre outras.
Um desafio
Partindo da ideia de um camaleão deitado ao sol, «materializar essa imagem tornou-se o maior desafio», explicaram ao Construir os autores do projecto, sublinhando que, «integrar o edifÃÂcio numa paisagem muito sensÃÂvel cujo carácter era preciso preservar», foi outro dos desafios, resultando daàa «utilização de um revestimento de areia e vegetação dunar na cobertura do hotel e o revestimento das fachadas com pedra local também ela da cor da areia». Apostando numa «volumetria de grande contenção», que integra o edifÃÂcio na paisagem, a equipa projectista explica que, «era importante não introduzir barreiras visuais que impedissem a vista do mar a partir da estrada marginal», referindo ainda que esta é «uma medida ecológica muito simples que infelizmente nem sempre é cumprida: manter as marginais com vista para a margem, para o mar, senão deixam de ser marginais», concluem. Dotado de uma cobertura plana e ajardinada, que visa o prolongamento virtual do coberto do solo, a equipa projectista revelou que «se pretendia que a cobertura do edifÃÂcio funcionasse como miradouro, contribuindo assim para valorizar a paisagem da via marginal». Sombreado por uma pérgola, o miradouro na cobertura pretende criar novos espaços públicos de estadia, bem como o usufruto da envolvente, ao invés da obstrução das vistas.
Valorização da paisagem
Também com o objectivo de valorizar a paisagem e a envolvente em que se insere, o complexo hoteleiro foi projectado com dois pisos de forma a não ultrapassar a cota da via, beneficiando os quartos localizados no piso térreo de uma ligação directa aos jardins e os do piso superior de uma varanda, e a sua construção concentra-se junto àestrada regional, salvaguardando dessa maneira a zona considerada mais sensÃÂvel da duna. «Se da estrada o impacto seria quase nulo, da praia pode dizer-se que pura e simplesmente não existirá, uma vez que, encoberto pela elevação da duna, o edifÃÂcio não será sequer visÃÂvel», refere a memória descritiva do projecto. Desenvolvendo-se em forma de U, a planta apresenta «pernas desiguais», contribuindo para a criação de espaços exteriores protegidos pelos ventos e adaptados ao clima, explicam os autores da proposta. Relativamente àmaterialidade, a mesma caracteriza-se pelo recurso aos materiais locais, nomeadamente pedra arenosa de Porto Santo, e a materiais ligeiros, tais como madeiras em guardas de protecção laterais e decks de varanda, contribuindo também para a desejada integração do complexo na sua envolvente. Prevendo a instabilidade climática da ilha de Porto Santo, e com o objectivo de proporcionar condições de conforto, o empreendimento será dotado de um conjunto de equipamentos interiores de lazer e bem-estar.
Sustentabilidade
As questões de sustentabilidade e de eficiência energética também foram tidas em conta no desenvolvimento da proposta, nomeadamente «os princÃÂpios da arquitectura bioclimática, tirando partido das qualidades dos materiais locais, fundamentalmente da sua inércia térmica», explicam os autores da proposta, revelando ainda que «nos estudos que realizamos, chegamos a resultados muito positivos no que respeita ao comportamento térmico do edifÃÂcio, resultante em grande parte da utilização da areia na cobertura e da protecção dada a todos os vãos». O tratamento paisagÃÂstico da envolvente, que corresponde a dois terços da totalidade do terreno, «será objecto de um estudo cuidado que definirá quais as espécies vegetais mais adequadas ao local», pode ler-se na memória descritiva do projecto.