Obra de arte em forma de “Uâ€Â
A nova ponte sobre o rio Catumbela, em Angola, contempla tecnologias e equipamentos avançados na sua construção. A obra constituirá um marco de referência da modernidade, capacidade técnica e progresso do paÃÂs, no domÃÂnio das pontes A construção da nova ponte sobre o rio Catumbela, em Angola, é uma obra complexa ao nÃÂvel da concepção,… Continue reading Obra de arte em forma de “Uâ€Â
Carina Traça
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A nova ponte sobre o rio Catumbela, em Angola, contempla tecnologias e equipamentos avançados na sua construção.
A obra constituirá um marco de referência da modernidade, capacidade técnica e progresso do paÃÂs, no domÃÂnio das pontes
A construção da nova ponte sobre o rio Catumbela, em Angola, é uma obra complexa ao nÃÂvel da concepção, do projecto e da construção. Tratando-se de uma ponte de tirantes, de suspensão, total, contÃÂnua com dois viadutos de acesso em ambas as margens do rio, haverá necessidade de aplicar tecnologias e equipamentos avançados para a sua construção. A obra de arte será executada em betão armado pré-esforçado com tramos suspensos a partir de duas torres de betão em forma de “Uâ€Â, através de cabos múltiplos repartidos. A solução a adoptar foi estudada pelo gabinete de projecto de estruturas, Armando Rito, especializado na área das pontes, em parceria com o Instituto de Soldadura e Qualidade, o qual ficará responsável pela parte da fiscalização dos trabalhos. Segundo avança Armando Rito, engenheiro responsável pela vertente de engenharia do projecto, a tecnologia que será utilizada é a mesma que foi usada na construção da ponte Vasco da Gama, explicando que “embora a construção por avanços sucessivos em consola seja uma tecnologia correntemente utilizada, é sempre uma operação crÃÂtica pelos riscos de perda de equilÃÂbrio por acidente devido àqueda de equipamentos de construçãoâ€Â. Por outro lado, o engenheiro civil acrescenta que esta “é crÃÂtica porque sendo o tabuleiro muito esbelto as deformações durante a construção são muito grandes e, para garantir uma rasante final perfeita, exige-se um cálculo muito rigoroso e equipes na obra muito conhecedoras deste tipo de trabalhoâ€Â.
Condicionantes do projecto
Conforme aponta a memória descritiva do projecto, o processo construtivo da Via Rápida entre Benguela e Lobito, a qual atravessa Catumbela, apresenta várias condicionantes: geotécnicos, e hidráulicos urbanÃÂsticos, implicando por isso a construção de uma ponte sobre o rio Catumbela. Isto porque a travessia do rio é feita segundo um viés acentuado dadas as significativas e evidentes dificuldades de inserção da estrada no local devidas às condicionantes topográficas e àdensidade das construções e das vias aàexistentes. “Estes condicionamentos obrigaram àdefinição de um traçado com raios de curvatura muito apertados, a uma extensão para o desenvolvimento da estrada muito limitada e, consequentemente, ànecessidade de utilizar uma rasante o mais baixa possÃÂvel para evitar aterros significativos, em especial do lado da Catumbela, mas que permita manter sob a obra os restabelecimentos locaisâ€Â, como refere o estudo prévio do projecto. Para além disso, a Via Rápida tem ainda implicações urbanÃÂsticas, uma vez que atravessa a vila da Catumbela tornando-se pois, nesse local, uma via urbana. Por os motivos referidos anteriormente, foi então decidido a construção da obra de arte em questão, com razoável extensão e com a menor altura útil do tabuleiro possÃÂvel. As escolhas para a travessia do rio foram da responsabilidade do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), com base num estudo preliminar. De frisar que para a travessia do rio foram analisadas duas soluções estruturais diferentes tendo sido escolhida aquela que garantia a rasante mais baixa, a ausência de pilares no rio e a menor extensão garantindo, simultaneamente, a manutenção das ligações locais nas duas margens entre os dois lados da nova travessia e a ligação dessas ligações ànova Via Rápida.
De acordo com Armando Rito a solução aceite “foi a mais adequada às imposições do traçado e da implantação. Com efeito, a obrigatoriedade de passar praticamente no alinhamento da estrada existente com uma rasante muito baixa vencendo o rio com um só vão, ou seja, sem colocar nenhum eixo de apoio dentro do seu leito principal, impunha a adopção de uma solução atirantadaâ€Â.
Poder-se-á dizer também que a solução encontrada permite contemplar todos os condicionamentos do projecto, assim como reduzir de forma sensÃÂvel a incidência, nos custos e prazos de construção da obra, dos problemas derivados da dificuldade de execução das fundações. No que diz respeito àdefinição da geometria, houve especial cuidado com o seu aspecto estético. Além disso, importa frisar que esta obra “constituirá um marco de referência da modernidade, capacidade técnica e progresso de Angolaâ€Â, conforme elucida a memória descritiva.
Armando Rito salienta que se entendermos que a maior parte das inovações mais não são do que evoluções e melhoramentos de soluções existente, afirma que “entendendo «inovação» desta maneira diremos que, entre outros pormenores de concepção e dimensionamento diferentes do usual nestas obras, a solução adoptada para as torres em «U» sem travessas unindo a parte superior e com uma forma que permite, na prática, equilibrar as forças de desvio transversais, é a principal «inovação»â€Â. Contudo, revela que esta opção “é uma escolha estética e construtivaâ€Â. Por outro lado, este “U†foi tratado de forma a conferir-lhe um aspecto visual agradável e, assim valorizar esteticamente a obra tendo-se simultaneamente, ajustado essa forma de maneira a facilitar a facilitar a ancoragem dos cabos nas torres.
Particularidades e vantagens
A ponte é constituÃÂda por um tabuleiro em betão armado pré-esforçado com três tramos de 64,00-160,00-64,00 metros de vão, de suspensão total a partir de duas torres de betão armado com a forma de um “Uâ€Â, através de cabos múltiplos afastados oito metros entre si ao longo do tabuleiro. “Esses cabos serão constituÃÂdos por vários cordões de aço de 15,7 milÃÂmetros de diâmetro, do tipo usado em tirantes e amarrados no tabuleiro através de ancoragens especialmente concebidas para este tipo de estruturas. Essas ancoragens são estudadas para garantir a resistência dos tirantes aos fenómenos de fadiga, serão reguláveis, a fixação dos “cordões†é realizada por cunhas cónicas do tipo especial e o esticamento é feito com a utilização de macacos monocordão correntes. A passagem dos cabos nas torres é feita através de selas especiaisâ€Â, descreve a memória descritiva do projecto. Este processo apresenta várias vantagens, já que é seguro e económico e permite cortar e montar os cabos no local, o que além de facilitar os trabalhos facilita também o transporte já que o cabo é expedido em rolos “standardâ€Â. Os cabos serão protegidos por bainhas de polietileno de alta densidade (PEHD) e cor branca. A transição da ponte para os viadutos de acesso é feita em dois pilares de transição idênticos aos dos viadutos de acesso para os quais se adoptou a mesma geometria.
Outra das particularidades da obra, consiste no facto de todos os trabalhos de fundação serem efectuados fora do rio sendo apenas necessário protegê-los, “caso a caso, da máxima cheia previsÃÂvel para a época da sua execução, e todos os acessos e transportes de materiais e equipamentos para a execução da obra podem ser feitos directamente, sem recurso a embarcaçõesâ€Â, menciona o estudo prévio.
Fase actual do projecto
A Mota-Engil lidera o consórcio constituÃÂdo com a Soares da Costa para a construção da nova obra de arte, orçada em 26,2 milhões de euros. “Neste momento está decorrer a fase de preparação da obra com a realização da mobilização de todos os meios necessários para a sua execuçãoâ€Â, diz Alberto Pereira, director do consórcio responsável pela execução da obra, garantindo que os trabalhos vão decorrer durante vinte meses. A mesma fonte adianta que no terreno os trabalhos para a realização da Campanha de Sondagens Complementares já começaram, com o objectivo de caracterizar com precisão as formações onde se vai implantar a obra de arte e os seus acessos e obter os elementos necessários para a definição final, por parte do projectista da obra, dos elementos da fundação.