Museu mais verde do mundo na Califórnia
A futura Academia de Ciências da Califórnia vai abrir as portas em 2008. Considerado como o projecto "mais verde" do mundo, o museu contempla um "telhado vivo" colorido, que será coberto por um hectar de vegetaçãoA equipa de consultores de engenharia e sustentabilidade da Arup associou-se mais uma vez a um projecto do arquitecto Renzo… Continue reading Museu mais verde do mundo na Califórnia
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A futura Academia de Ciências da Califórnia vai abrir as portas em 2008. Considerado como o projecto "mais verde" do mundo, o museu contempla um "telhado vivo" colorido, que será coberto por um hectar de vegetaçãoA equipa de consultores de engenharia e sustentabilidade da Arup associou-se mais uma vez a um projecto do arquitecto Renzo Piano, desenhado em parceria com a Chong Partners e com o gabinete paisagista SWA Group, para em conjunto vencerem os desafios complexos da construção da futura Academia de Ciências da Califórnia. Actualmente em fase de construção, o plano prima sobretudo pela cobertura da academia que funcionará como um telhado vivo colorido, onde serão plantadas aproximadamente 1,7 milhões de plantas provenientes da Califórnia, bem como o sistema de avaliação de LEED (liderança na energia e no projecto ambiental). Estimada a sua conclusão em finais do próximo mês de Outubro, uma das principais particularidades desta obra, ao nível da engenharia, prende-se com a integração de tecnologias de eficiência energética. Aliada a esta questão, o projecto contempla uma arquitectura verde e sustentável, como avançou ao Construir fonte da Arup, explicando que a Academia será integrada com o aquário de Steinhart, o planetário de Morrison e o museu natural da história de Kimball, estando previsto a conclusão da obra em Outubro deste ano e a abertura dos espaços um ano depois. Avaliado em cerca de 355 milhões de euros, trata-se de um dos dez projectos piloto de edifícios verdes dos Estados Unidos, uma iniciativa inovadora que foi lançada pelo departamento de San Francisco da área do ambiente, que visa desenvolver modelos de arquitectura de espaços públicos sustentáveis. De acordo com a mesma fonte, este projecto tem todas as condições e valências para conseguir a máxima avaliação, designada por construção do mundo "Platina LEED".
Principais desafios
No decorrer dos trabalhos já realizados, as equipas identificaram vários desafios no terreno. Um dos factores mais complexos foi relativamente à curvatura do vidro e tecto de metal, sendo que cada painel de vidro teve de ser devidamente moldado para se enquadrar na cobertura. As sete colinas do telhado vivo foram também um desafio devido à inclusão de feixes de metal, de modo a garantir a colocação da vegetação em inclinações de pelo menos 60 graus. Outro repto diz respeito ao peso das janelas acrílicas do aquário. Sendo estas maciças, uma das janelas chega mesmo a pesar dezoito toneladas, o que requereu não só um transporte mais cauteloso como também uma colocação bastante cuidadosa. Fonte da Arup frisou que "uma das janelas era tão grande que teve de ser transportada em dois fragmentos que tiveram de ser unidos num forno colocado no próprio local da obra". A rampa espiral implicou também um grande grau de complexidade, sendo necessário a contratação de um designer específico para esta fase.
Estrutura inovadora
Mais de metade do espaço público (área de exposição) da Academia será destinado ao aquário de Steinhart, ficando este localizado na cave da academia. Incluindo as mais modernas tecnologias, este espaço abarca um tanque vivo, considerado o mais profundo recife do mundo. O tanque do recife coral será a segunda maior exposição "viva" no mundo, com 3,6 metros que admitem 800 mil litros de água, e uma profundidade de 7,6 metros. O aquário vai rasgar o espaço do museu da História Natural tal como o tanque dos Pinguins vai rasgar o espaço destinado a um ambiente mais africano, desvendou a mesma fonte. "Será sem dúvida a exposição mais profunda de corais vivos do mundo", garantiu fonte da Arup ao Construir. A floresta e o pântano vão ficar localizados no primeiro andar. A exposição da floresta vai ficar confinada sobre uma cúpula com 27 metros de altura, sendo que a iluminação será feita através de clarabóias e de lâmpadas de descarga. Renzo Piano defende que a partir deste projecto "inovador e sustentável" pretendeu-se acrescentar um elemento novo, vital a Golden Gate Park, valorizando a academia em termos ambientais. Para além disso, o objectivo do arquitecto foi criar um sentido de transparência e de conexão entre o edifício e o parque, a partir de uma selecção cuidadosa dos materiais e dos arranjos exteriores. Por exemplo, o vidro é usado nas paredes exteriores, para permitir que os visitantes observem através do museu os espaços verdes envolventes do parque ao longo da linha central este-oeste e norte-sul do edifício. O vidro é proveniente da Alemanha, e tem uma composição especialmente desobstruída. Também para realçar o " sentimento de espaço aberto" Renzo Piano criou colunas centrais de sustentação extremamente delgadas, em que uma série de cabos, com cuidados configurados, impedirá que estas colunas estreitas se dobrem.
No que concerne ao novo Planetário, ao contrário deste tipo de estrutura, a nova abóbada de Morrison é inclinada num ângulo de 30 graus, de forma a permitir que os visitantes sintam que não estão a olhar justo acima do espaço mas sentados entre as estrelas. Imitando a inclinação do planeta terra, esta abóbada está disposta em consola para fora sobre o tanque do recife coral. Composta por aço 100% reciclado, a estrutura fornece pontos de acessório para os painéis do emplastro de fibra de vidro que dão forma à superfície exterior da abóbada. Dentro da frame de aço, existem três camadas de isolamento e uma camada de emplastro, as quais serão instaladas sobre uma tela de alumínio de projecção superior, uma tecnologia altamente inovadora.
Particularidades eficientes
Apesar das tecnologias novas aplicadas no projecto, também as questões relacionadas com a eficiência energética são de extrema relevância. Exemplo disso é o aquário que é constituído por uma estrutura composta por 60 mil células fotovoltaicas, que permitem produzir 213 mil kWh de energia limpa por ano, equivalente a pelo menos 5% das necessidades da nova Academia, e impedindo a libertação de mais de 183 mil kg de gases com efeito estufa. Os painéis solares vão produzir água quente e ao mesmo tempo permitem um isolamento térmico que irá reduzir o uso do condicionamento do ar. No total, a Academia usara 30% menos de energia do que as exigências federais. A luz natural vai ser usada em pelo menos 90% do espaço, reduzindo o consumo de energia e o excesso de calor proveniente do aquecimento das lâmpadas. Também o controlo da iluminação interior será feita automaticamente dependendo das condições da iluminação exterior. No que toca à vertente da ventilação, foi desenvolvido um sistema de circulação de ar computorizado.
A Academia está a ser construída com materiais reciclados e reaproveitados (resultantes das antigas instalações), nomeadamente a madeira. Todo o aço estrutural provém de fontes recicláveis, incluindo cerca de 9 mil toneladas de betão, 1200 toneladas de metal e 120 toneladas de matérias provenientes de espaços verdes. Outra das características sustentáveis do projecto tem a ver com o aproveitamento da água da chuva, através do telhado vivo, em que irá reduzir a queda-de-água em mais de metade, comparando com um telhado convencional, ou seja, cerca de 7,5 milhões de litro por ano. Neste âmbito, está ainda programado que o aquário use água salgada oriunda do oceano Pacífico.