Consulmar cria novo conceito para obras acostáveis
A Consulmar desenvolveu um novo o processo construtivo para obras acostáveis, designado blocos "NOREF", com recurso a uma tecnologia avançada a partir de cálculos matemáticos. A inovação foi já aplicada na Afurada e no Porto de LeixõesO projecto " Blocos NOREF", investigado e desenvolvido pela equipa da Consulmar, nasceu a partir de um concurso de… Continue reading Consulmar cria novo conceito para obras acostáveis
Carina Traça
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A Consulmar desenvolveu um novo o processo construtivo para obras acostáveis, designado blocos "NOREF", com recurso a uma tecnologia avançada a partir de cálculos matemáticos. A inovação foi já aplicada na Afurada e no Porto de LeixõesO projecto " Blocos NOREF", investigado e desenvolvido pela equipa da Consulmar, nasceu a partir de um concurso de projecto no âmbito de uma obra marítima em Santa Maria, nos Açores, que implicava várias variantes. Ou seja, um projecto com algumas particularidades, principalmente ao nível das reflexões provocadas pelo novo cais. Numa solução clássica de paredes totalmente verticais, que são totalmente reflectoras às ondas, contrariamente à solução proposta só parte das ondas são reflectidas. Neste contexto, o director da Consulmar, Silveira Ramos, contou ao Construir que não havia uma solução "boa" e por isso houve necessidade de encontrar uma alternativa fora dos parâmetros normais. "Nós não ganhámos esse concurso, mas ficou a ideia", explicou ao o especialista em obras marítimas da Consulmar. Contudo, a equipa do gabinete continuou a investigar a solução – um novo processo construtivo que reduz substancialmente a reflexão da energia, sendo que esta posteriormente foi patenteada, com o objectivo de a aplicar noutro projecto, o que veio a acontecer mais tarde. A solução já foi aplicada no Cais da Aforada e no Cais do novo terminal multiusos do Porto de Leixões.
Inovação "NOREF" patenteada
Silveira Ramos avançou também ao Construir que a patente foi registada há três anos, mas infelizmente houve um acidente de percurso em relação àquilo que estava previsto porque como se tratava de tecnologias novas havia necessidade de ensaia-las em laboratório e também em campo antes destas serem aplicadas. "Mas o que aconteceu é que elas já foram aplicadas e não foram sujeitas aos ensaios que pretendíamos. Nós apresentamos a patente à Agência de Inovação e esta não aprovou o projecto de imediato, apresentando alguns argumentos, por exemplo, um dos avaliadores afirmava que não valia a pena investir em obras civis marítimas porque os portos marítimos já estavam todos feitos e já não era necessário fazer mais nada e, por isso não valia a pena gastar dinheiro na investigação", elucidou Silveira Ramos. No entanto, apesar da patente estar já aprovada, a equipa da Consulmar deseja melhorá-la com um sistema de ensaios sistemáticos.
Vantagens e limitações da inovação
As vantagens das soluções NOREF não se restringem aos ganhos de eficácia na sua função dissipadora de energia das ondas. O espaço ocupado é reduzido quando comparado com outras estruturas absorventes. As condições de estabilidade são melhores, quando comparadas com outras estruturas de gravidade em blocos pré-fabricados. É vasta a possibilidade de aplicação em estruturas acostáveis ou não acostáveis. Os seja, os processos construtivos são convencionais e simples, quer para os blocos individuais, quer para a sua montagem.
De acordo com Silveira Ramos, o projecto visa sobretudo tentar resolver o problema da diminuição da reflexão das ondas sobre as paredes. "Existem obras que fazem isso doutra maneira, só que são obras que ocupam mais espaço, que é principalmente um dos problemas que existe. Ou então saem mais caras". E, acrescentou que foi feita uma adaptação de um modo tipo muito clássico, designado obras em blocos de gravidade, em que, diz Silveira Ramos, "criámos um feitio novo desses blocos, sendo que através deste faz com que a parede em vez de ficar toda opaca, fica como uma parede com umas ranhuras que dão acesso a umas caixas interiores, onde a energia entra e sai, ou seja vai circulando e é destruída pelo próprio movimento de água". Mas o engenheiro ressalva que esta solução tem algumas limitações: a solução deve ser aplicada a ondas relativamente curtas, ou seja, é mais funcional para ondas que se formam na ordem dos três a quatro segundos, portanto são ondas que aparecem por exemplo no interior dos estuários criadas pelo vento, principalmente nos portos e zonas relativamente fechadas. "Não é muito viável para uma situação de mar aberto", sublinhou.
"A principal inovação deste projecto é o próprio feitio que nós damos aos blocos", confessa o engenheiro, acrescentando que é possível criar uma série de blocos com vários feitios e combinações e com tamanhos mais ou menos semelhantes. A tipologia é adequada a cada caso e funciona como um puzzle. Não obstante, ao nível técnico importa ressaltar que há limites entre as relações e as dimensões dos vários tipos de blocos. Em termos de cálculo, a Consulmar criou também uma ferramenta específica, recorrendo ao mais modernos meio de modelação matemática.
Os blocos são feitos em betão convencional. Já no que concerne ao processo construtivo não é muito mais complicado do que os blocos clássicos. Contudo, poder-se-á dizer que implicam um pouco mais de trabalho e atenção ao nível da fixação dos blocos, porque os tradicionais são mais simétricos. Ao nível estrutural são blocos pesados de betão simples que não levam armaduras, tal como os blocos normais e são colocados exactamente da mesma maneira. No entanto, Silveira Ramos adverte que "este novo tipo de estruturas não disfarça também quando estão mal feitos e além disso como não são simétricos implicam mais rigor ao nível da sua aplicação".