"Peneira."
por José Romano, Alerta geral. A crise instalou-se. Os consumidores e as empresas estão hipersensíveis às notícias diárias dos maus desempenhos da economia global. À crise do "subprime" americana juntou-se a subida vertiginosa dos preços dos combustíveis que naturalmente assim permanecerão para os próximos anos, os altos preços dos produtos alimentares mais básicos, como os… Continue reading "Peneira."
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por José Romano,
Alerta geral. A crise instalou-se. Os consumidores e as empresas estão hipersensíveis às notícias diárias dos maus desempenhos da economia global. À crise do "subprime" americana juntou-se a subida vertiginosa dos preços dos combustíveis que naturalmente assim permanecerão para os próximos anos, os altos preços dos produtos alimentares mais básicos, como os cereais, o leite ou a carne. O nosso maior cliente – a Espanha – e, em particular, o seu mercado imobiliário, deprimem consideravelmente. A banca, agora mais obrigada ao respeito pela sua própria sustentabilidade, encolhe as suas garras e deixou de financiar os empreendimentos. Muitos projectos ficam nas gavetas. Muitas empresas de projecto, fiscalização e construção vão passar um mau bocado. Muitas vão ter que reformular as suas estratégias, os seus recursos. Muitas vão ter que fechar portas. Pessoas e empresas vão agora enfrentar momentos de maior angústia e maior incerteza. Estes são, por tudo isso, tempos de mudança e de peneira. Vamos todos ser peneirados. Os mais aptos, vão sobreviver e porventura expandir, os outros, os mais fracos, os mais incapazes de mudar e de se adaptarem às novas circunstâncias, irão sucumbir. Atrevo-me por isso a lançar um repto, um desafio ao nosso mais profundo instinto de sobrevivência: busquemos novos produtos, novas formas de organização, novos mercados. Citando António Guterres, que tornou popular esta máxima, "temos, mais uma vez, de transformar estas ameaças em oportunidades".
Creio que não poderemos falar da solução ou do caminho a percorrer pela nossa economia. A maior característica da economia contemporânea, global, é a sua complexidade e a multiplicidade de actores (players como os economistas gostam de lhes chamar). Teremos pela frente múltiplos caminhos possíveis, mas cada um de nós, à sua escala e na sua própria esfera de influência, terá que ser capaz de pôr tudo em causa, de repensar processos, tecnologias e estratégias. De uma coisa estou certo, temos de aumentar a escala, ganhando assim capacidade de projecção para o mercado global, sofisticar a nossa oferta, chegando assim aos mercados mais exigentes, e explorar todos os recursos da diplomacia económica para encontrar oportunidades nos mercados mais dinâmicos. Mas esta é a nossa oportunidade de redesenhar as nossas cidades e os nossos sistemas de transportes em ordem a diminuir as deslocações pendulares diárias porque os custos energéticos das deslocações, sobretudo assentes em combustíveis fósseis, nos forçam a isso; Esta é a hora de desenharmos edifícios energeticamente mais eficientes, de popularizarmos a microgeração de energia renováveis, de sermos mais exigentes no ordenamento do território e na implantação das nossas infra-estruturas de transportes, nomeadamente portos, aeroportos e redes de distribuição logística. Na construção, como em todas as outras áreas económicas e até nos mais ínfimos detalhes da nossa vida quotidiana, esta crise pode ser um forte instrumento de mudança. O impulso que nos faltava para dar um salto em frente. Rompendo atavismos e situacionismos. A inércia do repouso está posta em causa pelo instinto de sobrevivência que a todos assalta. Para um povo eminentemente conservador e passivo como o nosso este momento pode bem ser uma excelente oportunidade de mudança.
Saibamos aproveitá-lo.
Arquitecto
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