A arquitectura do Iémen por Fernando Varanda
"Art of Building in Yemen", que regressou às bancas em finais de 2009, é uma obra de vulto e produto de enorme dedicação a um país quase desconhecido em Portugal.

Lusa
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É da autoria de Fernando Varanda a obra mais completa sobre a exuberante arquitectura do Iémen, e que 28 anos depois voltou a ser editada, com importante actualização documental."Art of Building in Yemen", que regressou às bancas em finais de 2009, é uma obra de vulto e produto de enorme dedicação a um país quase desconhecido em Portugal.
Fernando Varanda descobriu o Norte do Iémen pela primeira vez entre 1973 e 1975, após uma passagem pelos Estados Unidos onde se fixou em 1968.
"Fui integrado no Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas na área de planeamento urbano do ministério da Habitação iemenita… Um projecto algo abstracto, mas quando lá cheguei deparei com uma realidade que me fascinou", revelou à Lusa.
Licenciado em Arquitectura em Belas-Artes, professor universitário, autor de diversas publicações, Fernando Varanda obteve o grau de mestre pela universidade de Nova Iorque e o doutoramento em Durban. E considera-se um admirador da "arquitectura vernacular".
"Sou um filho do livro 'Arquitectura Popular em Portugal', com forte impacto na minha formação. O livro saiu quando fui para a Escola de Belas-Artes e costumo dizer que a 'Arquitectura Popular em Portugal' é o avô do meu livro. Impressionou-me bastante", sublinha.
Os dois primeiros anos no Norte do Iémen foram decisivos e surgiu a ideia de elaborar um trabalho mais consistente. "Diria que no Iémen existe uma arquitectura que arrojadamente vive com o seu ambiente e a partir de uma maneira muito simples de construir", explica.
"Quando regressei a Portugal, alguém me propôs que apresentasse o projecto na Gulbenkian. Deram-me uma pequena bolsa e regressei ao Iémen para fazer um levantamento sistemático durante cerca de um ano", recorda.
Assim, entre Fevereiro e Novembro de 1976 percorre todo o Norte do país, que ainda se encontrava dividido. De novo em Lisboa, inicia a organização do vasto espólio.
"Em grande medida consegui organizar o meu trabalho devido ao apoio que me foi dado no Ar.Co pelo Manuel Costa Cabral. Fui trabalhar para o Ar.Co durante um ano, precisava de muito espaço, já não me recordo se tinha 12 mil ou 15 mil fotografias a preto e branco e quase 10 mil fotografias a cores… Foi tudo um trabalho de amigos".
Após algumas apresentações com diaporamas, concretiza-se a ideia do livro. A primeira edição foi publicada em 1980 na pequena editora britânica Art and Archeologie Research Papers (AARP), que um ano depois vende os direitos de publicação à norte-americana MIT Press. Há muito que estão esgotadas.
Regressa ao Iémen em 1983 e 1986 mas será em 1990, o ano da reunificação do país, que completa o levantamento no terreno para a tese de doutoramento. "Apanhei a reunificação do Iémen, estava lá no dia 22 de Maio de 1990. Foi um acontecimento fantástico!", admite.
Em 2006, já após as cidades de Sanaa e Shiban serem designadas património da Unesco, conclui o levantamento arquitectónico do Sul, incluído na presente edição. "O próprio país, se pudesse, também era património da Unesco", assinala.
Foi nesse ano que o Governo iemenita garantiu apoio para uma reedição actualizada do livro, com uma edição de dois mil exemplares. "Foi possível devido ao apoio de uma instituição designada Social Development Funds da República do Iémen, uma espécie de entidade sócio-cultural", informa. A editora portuguesa Argumentum também optou por adquirir outros mil exemplares.
A nova edição já seguiu para o Iémen. "O livro neste momento está no mar, espero que não naufrague. E é muito provável que regresse ao Iémen em breve", promete.