"Cinco escolas, cinco Áfricas" chega à Ordem dos Arquitectos
O comissário da proposta é o arquitecto Manuel Graça Dias, que por sua vez convidou um grupo de seis arquitectos portugueses, todos eles nascidos nos anos 60.
Ana Rita Sevilha
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A Direcção Geral das Artes em co-produção com a Ordem dos Arquitectos, inaugura no próximo dia 16 de Janeiro, na Galeria de Exposições da Sede Nacional da OA, a exposição "Cinco Áfricas/Cinco Escolas", que representou Portugal na 8ª Bienal Internacional de Arquitectura de São Paulo.De acordo com a Ordem dos Arquitectos, o comissário da proposta é o arquitecto Manuel Graça Dias, que por sua vez convidou um grupo de seis arquitectos portugueses, todos eles nascidos nos anos 60, autores dos cinco projectos de escolas a construir em outros tantos países africanos de língua portuguesa, respectivamente:Inês Lobo (Achada Fazenda, Cabo Verde); Pedro Maurício Borges (Cacheu, Guiné-Bissau); Pedro Reis (Santa Catarina, São Tomé e Princípe); Jorge Figueira (Benguela, Angola); e a dupla Pedro Ravara/Nuno Vidigal (Vila do Milénio, Lumbo, Nampula, Moçambique).
Perante o desfio de construir uma participação na Bienal de São Paulo que fosse mais "propositiva, eventualmente útil e que não se esgotasse no narcisismo das mostras/representações convencionais", o olhar "foi voltado para África e para os países de língua oficial portuguesa que nos são afectiva e historicamente mais próximos", resume Manuel Graça Dias no texto de apresentação da exposição.
"Conhecidas as grandes carências com que essas jovens nações se debatem no sentido da construção de sociedades mais justas e democráticas, no meio dos enormes desequilíbrios provocados pela irracionalidade económica mundial, o tema da educação e das construções a ela dedicada, não pôde deixar de nos surgir como o mais premente e o que maior sentido faria estimular e promover. Uma ou mais escolas para África, a primeira ideia que então se esboçou", explica.
Assim foram encomendadas a cinco equipas "cinco propostas concretas de projectos para edifícios escolares de grande qualidade arquitectónica e de baixo custo, fortemente sustentáveis, em termos de manutenção futura e de resposta, quer social quer ambiental".
Estes projectos serão posteriormente oferecidos pelo Estado português às nações africanas presentes na C.P.L.P. (Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique)", escreve o comissário.
A exposição destas cinco maquetas, num registo em que "os trabalhos dados a ver não aparecerão envoltos em orçamentos milionários" constituiu a representação nacional na Bienal de São Paulo, "uma colecção" que se constituirá no objecto principal da mostra/representação.
"Será igualmente editado um catálogo de "ilustração do método de trabalho" e de exposição dos resultados do conjunto da acção", refere Manuel Graça Dias.
O catálogo incluirá ainda os textos de cinco críticos da mesma geração que foram convidados a acompanhar o trabalho de cada um dos arquitectos (Nuno Grande, Diogo Seixas Lopes, Ricardo Carvalho, Ana Vaz Milheiro e André Tavares), bem como um texto do arquitecto José Manuel Fernandes sobre o historial da arquitectura colonial portuguesa nos anos 60 e 70 nos países africanos envolvidos.
"Não se devendo esgotar na exibição/presença em São Paulo o esforço dispendido, os projectos encomendados deverão depois seguir para os respectivos destinos, tentando o Governo português (através de patrocínios comerciais ou institucionais) a sua viabilização, em termos de construção. Uma segunda edição do catálogo deverá vir a ser divulgada, englobando em mais um ou dois cadernos os resultados finais das operações de construção dos diversos projectos", remata o comissário.