Arquitectura de precisão
Se alguém por uma qualquer razão fala na Suiça, imediatamente as papilas gustativas sentem, por reflexo, o sabor do chocolate, e a cabeça transporta-nos para uma ideia de precisão.
Ana Rita Sevilha
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Se alguém por uma qualquer razão fala na Suiça, imediatamente as papilas gustativas sentem, por reflexo, o sabor do chocolate, e a cabeça transporta-nos para uma ideia de precisão. Aqui, vamos abordar a precisão, até porque foi parte do conceito usado por Riken Yamamoto & Field Shop, no desenvolvimento da proposta que venceu o concurso para o novo edifício do aeroporto de Zurique. O Construir foi ao encontro do gabinete com sede no Japão e na China, e apresenta-lhe os pressupostos da competição e os traços gerais do projecto vencedor, denominado de “The Circle”.
Design suiço
Foram várias as questões e os pressupostos com que a equipa de arquitectos se deparou numa primeira abordagem ao programa de concurso. A vontade de expressar uma Suiça dotada de uma beleza contemporânea, num edifício que criasse surpresa e inspirasse utilizadores e visitantes, nomeadamente através de “uma combinação espacial singular de serviços diversificados” foi ponto de honra. Para além disso, o novo edifício deveria ser um exemplo de cosmopolitismo e de ligação com o mundo, e por isto entenda-se um edifício onde pessoas provenientes de diversos lugares e culturas se sentissem confortáveis e encontrassem serviços adaptados às suas necessidades. Posto isto, a pergunta em cima da mesa era: “Para onde vos remete a palavra suiço?”. A resposta do gabinete foi quase instintiva: “Para a precisão”.
Precisão
“Acreditamos que a precisão é o mais característico do design suiço”, refere a equipa de arquitectos, lembrando os pequenos objectos como os relógios, bem como os grandes, como os edifícios. Ao Construir, os arquitectos falaram no conceito de precisão Suiça como tendo um especial significado por todo o mundo, “não só no design, mas nos sistemas de serviços económicos, nomeadamente nas seguradoras e bancos, e nos sistemas políticos e administrativos”. “Acreditamos neste carácter suiço”, sublinham. Pegando neste conceito, os gabinetes Riken Yamamoto & Field Shop replicaram-no na sua proposta, e assim nasceu o “The Circle”.
Uma nova cidade
Mais do que um edifício, pretende-se uma cidade, mas “não uma cidade do século XIX, nem uma cidade do século XX- destinada a fins racionais e económicos, mas uma cidade inteiramente nova para os novos estilos de vida do século XXI”, explicam. O “The Circle” foi pensado para ser um hino à nova vida quotidiana e às novas formas de desfrutar de uma urbanidade. Contudo, alertam os arquitectos, “esta não é uma comunidade de ficção, como a Disneylândia nem uma cidade organizada exclusivamente para consumo, mas uma cidade criativa que se pretende que exerça uma forte influência sobre o resto do mundo”. Para isso, a flexibilidade é característica primordial, revela a equipa projectista, que foi beber este conceito às cidades suiças. Para eles a capacidade de se transformar era uma premissa crucial deste projecto, e ao Construir falaram da capacidade de estruturas serem restaurantes e depois passarem a lojas, ou mesmo de dois edifícios adjacentes poderem ser usados como apenas um, permanecendo as estruturas e o design inalterados. “O Círculo também é uma cidade e nós quisemos recriar uma cidade assim, com nova tecnologia e novos métodos de construção”.
Dinâmica das curvas
Um aeroporto é por si só um espaço de confluência de pessoas, onde todas as etnias e culturas se cruzam, onde sentimentos de felicidade, tristeza e saudade se misturam com tantos outros, onde existe um frenesim quase constante dia e noite. Mas a essa flexibilidade e dinâmica Riken Yamamoto & Field Shop acrescentaram uma dinâmica espacial e arquitectónica, e desenharam um edifício que espelha dinamismo, por dentro e por fora. Começa pelas perspectivas do exterior, “do terminal o projecto parece um enorme edifício com uma fachada curva. No entanto, visto de mais longe, parece uma pequena cidade”. No interior, marcado por longas e finas colunas, reina a diversidade: “ruas e praças formam uma sequência de espaços variados”. Em termos programáticos os usos são misturados, e ao longo das mesmas “ruas” aparecem espaços para eventos ao lado de lojas de marca, zonas comerciais, cafetarias, zonas de descanso, entre outros, evocando o centro urbano de Zurique. O quarto piso do edifício, revestido em vidro, funciona como uma espécie de fronteira, ficando o programa mais social e público abaixo dele, e o mais intimista, tal como espaços de saúde e beleza, hotéis, apartamentos e SPA’s, acima. “A passagem dos espaços públicos para semi-públicos, e de semi-públicos para privados é expresso também numa redução gradual da escala, tanto em planta como em secção”, elucidam. Não adiantando datas, a equipa Riken Yamamoto & Field Shop diz que a construção do “The Circle” será dividida, grosso modo, em duas ou três fases.