Máquinas e Equipamentos de Construção – Aquelas máquinas
Decréscimo na produção, dificuldades na actividade e incerteza quanto ao futuro são as expressões mais utilizadas pelos responsáveis das empresas do sector de máquinas e equipamentos de construção
Pedro Cristino
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Decréscimo na produção, dificuldades na actividade e incerteza quanto ao futuro são as expressões mais utilizadas pelos responsáveis das empresas do sector de máquinas e equipamentos de construção para definir o actual momento deste segmento de negócio. O dedo é apontado à situação financeira que se tem feito sentir nestes últimos anos em várias áreas de negócio, que não se limitam à construção.
Mercado que encolhe com a economia
Trata-se, nas palavras de Vasco Santos, de uma “fase muito complicada e de bastante incerteza a curto prazo”, uma vez que “os últimos números de mercado são um indicador de que a tendência de queda não se inverteu”. O director comercial da STET assume mesmo a sua preocupação face à “situação financeira das empresas de construção”, especialmente no que concerne ao “segmento da construção civil”. Aparentemente, nem mesmo as empresas que tiveram a audácia de partir para o mercado internacional, “com o intuito de diminuir a dependência do nosso mercado”, encontram-se a atravessar “uma fase muito negativa, agravada pela situação de pagamentos no mercado Angolano”, explica Vasco Santos. A mesma opinião é manifestada por Júlio Fernandes, director-geral da Vendap, quanto à conjuntura neste mercado, uma vez que se assiste, “desde o final de 2009, a um decréscimo generalizado das obras e dos trabalhos em perspectiva”, fenómeno que tem vindo a gerar “um excesso de oferta ao nível do parque instalado de máquinas para alugar assim como do parque de máquinas dos próprios clientes”. Neste sentido, as construtoras tendem a usar os equipamentos “de que dispõem em parque, em vez de contratarem as empresas de aluguer”. Na Hilti, também o termo “decréscimo” é utilizado pela sua responsável de comunicação, Rita Vieira, que afirma que esta situação se tem registado “em todos os mercados europeus”, fruto da “instabilidade económica e do abrandamento do mercado da construção, sobretudo no mercado residencial”, o que tem levado a “uma contenção nas vendas de ferramentas”. O campo dos veículos pesados também não se encontra em grande forma, estando as empresas deste ramo a “passar por um período bastante difícil”, uma vez que, nas palavras de Alberto Neves e João Coelho, director comercial e administrador da ACXXI, respectivamente, “este mercado está fortemente dependente da actividade económica nacional”. Contudo, estes dois responsáveis têm alguma esperança, materializada no desbloqueamento, por parte do Governo, das “grandes obras agendadas”, que vêem como uma alavanca para a “aquisição de equipamentos”, conforme as informações dos seus clientes “deste sector de actividade”. Aqui também Vasco Santos revela algum optimismo, devido aos “valores de concursos adjudicados e lançados nos últimos dois anos”, que atingiram “montantes recorde”. Neste âmbito, o responsável da STET conta que tal acontecimento “venha a ter um impacto positivo a médio prazo”. Na Vendap a perspectiva não é tão sorridente, uma vez que, nas palavras de Júlio Fernandes, “o ano de 2010 não se avizinha particularmente melhor, não se perspectivando ainda uma retoma significativa para o mercado em geral”. Perante este cenário, Conceição Lima, gestora da EQP, refere que “o aluguer prevalece face à aquisição de equipamentos, uma vez que se trata de um intercâmbio cada vez mais interessante e proveitoso”, visto que suprime “os encargos e as preocupações inerentes à gestão de parque próprio”. Já Ignacio Bruyel, responsável da Scania, em Espanha, refere que existe “uma procura mínima, no fundo, mas é bastante limitada, neste momento”.
2009 poderá ter servido de vacina
O ano transacto revelou-se um desafio avassalador para as empresas, uma vez que “o mercado de máquinas industriais apresentou, em alguns equipamentos, quedas superiores a 50%”, segundo Vasco Santos, que adianta que a STET “conseguiu manter os resultados bastante positivos”, através do crescimento da sua quota de mercado, algo que não surgiu sem sacrifício. “Claro que foram necessários reajustes nas nossas estruturas e foram feitos alguns sacrifícios, mas o balanço é bastante positivo”, refere o responsável. A Scania sofreu uma quebra semelhante “quase na ordem dos 50%”, o que não impediu o grupo de manter a sua presença e aproveitar “o ano para melhorar os processos internos, de modo a servir o cliente ainda melhor”, refere Bruyel. As vicissitudes que advêm de uma conjuntura económica de parca disponibilidade financeira têm tendência a deixar marcas assinaláveis nos agentes de mercado e a ACXXI não foi excepção e os dois responsáveis do grupo que responderam ao Construir não vacilam em considerar o 2009 como um ano “particularmente difícil”, não só para a empresa que representam, como também “para a maioria das empresas nacionais”. Contudo, há que retirar aspectos positivos do fundo do poço. “Serviu, no nosso caso, para nos reorganizarmos e implementarmos uma série de medidas que servem, neste momento, não só para fazer face à actual situação, mas também para nos colocar mais próximos dos nossos clientes”, rematam Alberto Neves e João Coelho. Na Vendap, 2009 foi também um ano onde se registou um “decréscimo da actividade em geral”, resultante da “quebra do número de obras, assim como da dimensão destas”. Este factor aumentou a pressão sobre a actividade de aluguer, uma vez que se verificou uma maior disponibilidade de equipamentos, traduzindo-se “na diminuição dos preços finais ao cliente, que atingem níveis mínimos, difíceis de prever há algum tempo atrás”. Por sua vez, a Hilti declara-se como “uma empresa optimista” que, mesmo com “consciência da realidade actual, mantém a sua forte aposta no desenvolvimento de ferramentas e soluções para os profissionais de construção”, segundo Rita Vieira. Soluções essas que “cada vez mais, respondam às várias necessidades em obra”. Os responsáveis desta empresa acreditam “numa melhoria gradual e lenta, tal como tem acontecido noutros ciclos económicos”. Também na EQP, apesar da quebra que reinou no ano transacto, foram registados “bons resultados no modelo de gestão implementado”, verificando-se um aumento dos postos de trabalhos e o cumprimento “dos objectivos estabelecidos para 2009”.
Ninguém escapa à crise
De que forma foram então afectadas estas empresas que navegam nas águas turbulentas de uma crise económica? A Hilti “tem sentido este decréscimo de investimento dos profissionais”, embora os resultados do grupo “se mantenham em terreno positivo”. A Vendap foi outra empresa que não se manteve imune às investidas de uma economia em fase de convalescença. A quebra “originou uma desadequação da oferta de equipamento face à procura, com a consequente diminuição da taxa de ocupação e uma forte pressão do lado dos preços no sentido da baixa”, explicam os seus representantes. Trata-se de um mercado que “está totalmente dependente da actividade económica”, declaram João Coelho e Alberto Neves, que revelam sentir “efectivamente os efeitos nefastos da crise mundial, principalmente neste sector”, que consideram ter sido um dos “mais prejudicados”, apontando uma “quebra de vendas na ordem dos 40%”. Por sua vez, Vasco Santos, da STET, menciona que, “naturalmente, não existem empresas deste sector que tenham ficado imunes à conjuntura económica”, uma vez que se trata de um mercado no qual os resultados das empresas “estão muito interligados à performance das empresas de construção”. Todavia, a empresa luta com as “armas” de que dispõe e tem conseguido aumentar a sua “penetração em quase todos os segmentos de mercado”, reforçando a sua posição “de liderança”, de uma forma que lhe permite “ser menos afectada pela actual situação”.
As receitas para a consolidação
Para contornar esta situação poderá ser uma boa solução “a procura activa de mercados alternativos, quer internos, quer externos, para poder operar de forma a minimizar os ciclos económicos adversos”, explica o responsável da Vendap. Já Vasco Santos é da opinião de que “as empresas devem manter uma vigilância permanente sobre as suas próprias estruturas, de forma a responder, de forma conveniente e rápida, às grandes oscilações do mercado”. É muito importante, para o representante da STET, que as empresas “procurem ser especialistas no seu core business, e que evitem manter custos fixos elevados em áreas não especializadas”. Neste sentido, “os contratos de serviço têm sido uma importante ferramenta”, que a STET coloca ao dispor dos seus clientes, para que “lhes seja possível um melhor dimensionamento das suas estruturas”. Vasco Santos revela também que a sua empresa tem actualmente “mais de mil equipamentos sob contrato”. Na Hilti, a estratégia adoptada passou, sobretudo, “pela reorganização de processos”. Contudo, Rita Vieira declara que a empresa manter-se-á a “forte aposta na investigação e no desenvolvimento”, uma vez que considera importante continuar a oferecer aos seus clientes “as mais avançadas tecnologias e soluções, que lhes permitam resultados com maior produtividade”. Para Conceição Lima, a solução para minimizar danos reside na “extensa e diversa amplitude de meios de trabalho disponibilizados para o aluguer”, enquanto que Ignacio Bruyel é da opinião de que “as soluções passam por adequar o tamanho da empresa em si”, sem descurar a eficiência.
A inovação como diferenciador
Este é um ramo onde se assiste a uma importância forte no que concerne à inovação, uma vez que se trata de um “campo de batalha que tem muitos concorrentes, muitos produtos e onde é cada vez mais difícil marcar presença”, declara Vasco Santos, referindo que “a inovação é, muitas vezes, esse factor diferenciador”. Nesse sentido, “a Caterpillar tem gasto quantias bastante avultadas em investigação, o que lhe permite estar à frente da concorrência em inovações tecnológicas”. Por outro lado, “também na área de suporte ao produto”, o grupo continua a “apresentar soluções diferenciadoras, que vão desde a consultoria especializada para certas aplicações, até ao simples acesso a informação de valor”, na sua página de Internet. O termo “inovação” é quase mencionado em uníssono pelos responsáveis das empresas contactadas pelo Construir. Na Hilti, esta categoria é considerada “fundamental” nesta área de negócios. “Anualmente, são vários os produtos novos Hilti que têm merecido prémios internacionais, que valorizam este factor”, refere o responsável do grupo, acrescentando que “as tecnologias e os mecanismos introduzidos nas ferramentas e nas várias soluções desenvolvidas, garantem, cada vez mais, um trabalho fiável e produtivo”. Neste sentido, irão ser lançados, pela empresa, “mais de 30 novos produtos” durante este ano, dos quais se destacam os “novos demolidores TE 1000-AVR e TE 1500-AVR que, pela sua classe de peso, de 10 e 15 quilos, respectivamente, garantem trabalhos fiáveis de demolição com fácil mobilidade e uma performance excepcional”. Estes demolidores estão equipados com AVR (redução activa da vibração) que permite “máxima produtividade”. Na Vendap, as novidades são outras, como explica o seu director-geral. “Adquirimos recentemente uma plataforma de 70 metros de altura, que é a mais alta plataforma existente em Portugal”, refere Júlio Fernandes, esclarecendo que esta ferramenta permite “fazer trabalhos de exterior em grande altura onde, até aqui, não era possível com este tipo de equipamentos”. Neste sentido, esta plataforma está vocacionado para “diversos tipos de trabalho a grande altura”, como manutenção de moinhos eólicos ou manutenção industrial. Há também empresas cujas principais novidades são ao nível dos serviços, como no caso da ACXXI, que destaca os seus serviços de aluguer de viaturas e equipamentos a longo e curto prazos, o serviço personalizado de pós-venda, a viatura de substituição, a formação de motoristas e a assistência 24 horas. Por sua vez, na STET, está a ser construído um “caminho de parceria com os clientes”, através do programa de “soluções 360º”, como afirma Vasco Santos. “Continuamos a marcar a diferença com este programa, pois a capacidade da nossa representada Caterpillar permite-nos apresentar o leque de soluções mais completo”, que consiste em “financiamento em condições únicas através da Caterpillar Financial, uma assistência técnica de qualidade e uma garantia especial” que é prestada por uma grande estrutura de técnicos do país. O director comercial do grupo destaca também o “canal de vendas de produto usado certificado, cujas características de garantia, financiamento e assistência são únicas no mercado”. A Série-R, “um camião mais orientado ao longo curso, que foi eleito camião do ano 2010”, é a aposta inovadora da Scania para este ano, conforme menciona o responsável do grupo, acrescentando que a empresa procura garantir “que o cliente tenha sempre o camião mais actualizado”.