Máquinas e Equipamentos de Construção -‘Há máquinas que só existem em empresas de aluguer’
Aquiles Parreira: A ANAGREI foi “construída” pelas principais empresas de aluguer de equipamentos, há cerca de 20 anos, fruto da necessidade sentida de regulamentar uma actividade que era nova, para o poder, e também dos problemas que sentíamos, desi
Pedro Cristino
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Aquiles Parreira – Presidente da Associação Nacional de Alugadores de Equipamentos Industriais
Qual o propósito da ANAGREI?
Aquiles Parreira: A ANAGREI foi “construída” pelas principais empresas de aluguer de equipamentos, há cerca de 20 anos, fruto da necessidade sentida de regulamentar uma actividade que era nova, para o poder, e também dos problemas que sentíamos, designadamente no que concerne à circulação e operação das auto-gruas.
Que problemas são esses?
As auto-gruas são camiões para efeitos de circulação e máquinas para a operação. Não têm ainda matrícula, mas graças à nossa actividade, já foi publicado, em 2008, um decreto-lei a instituir a matrícula dos equipamentos automotrizes. Contudo, desde a saída do decreto, ainda não foi emitida uma única matrícula. Com o nascimento do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) tivemos esperanças acrescidas mas, pelos vistos, leva o seu tempo a maturar. A inspecção das auto-gruas vem-se demonstrando deveras problemática. Até pretendem modificar máquinas certificadas e homologadas em todos os países europeus. Com paciência vamos conseguir.
Que tipo de problemas tem causado esta situação?
Ainda há 15 dias, a Guarda Nacional Republicana apreendeu três máquinas automotrizes porque não tinham matrícula. E não tinham matrícula porque o Estado ainda não as concedeu. Neste âmbito, a ANAGREI tendo, como função fundamental, a dignificação da actividade de aluguer de equipamentos, a instituição do alvará ou o licenciamento do alugador e a formação profissional dos operadores, não pode desistir dos seus propósitos. Uma das nossas batalhas desde o início referia-se á credenciação de todos os operadores de equipamentos e isto levou-nos a colaborar na elaboração de uma portaria, com os sucessivos Governos. O secretário de Estado do Governo de Santana Lopes assinou esta portaria já depois do Governo ter sido demitido. Contudo, a portaria acabou por ficar completamente diferente daquilo que estávamos à espera, ou seja, contávamos com uma legislação para atribuição dos Certificados de Aptidão Profissional (CAP) aos manobradores igual à da legislação espanhola e saiu-nos uma coisa que impossibilita a existência do CAP.
Porquê?
Porque, em primeiro lugar, obriga a 900 horas de formação profissional, com custos na ordem dos 18 mil a 20 mil euros. Tem cadeiras de vários cursos de engenharia sendo ainda problemática a atribuição dos CAP àqueles que são manobradores há muitos anos e são comprovadamente competentes. Estabelecemos um acordo com o Instituto de Emprego e Formação Profissional para a atribuição destes CAP. Só que o instituto decidiu, a determinada altura, unilateralmente, cometer essas competências ao CENFIC e ao CICCOPN. Esta transferência também não foi pacífica porque formar ou avaliar um operador de uma grua de 1300 toneladas não é o mesmo que avaliar um operador de um empilhador. Os CAP que são aqui emitidos não são reconhecidos em Espanha.
Ficam então impedidos de trabalhar em Espanha…
Impedidos de circular com as auto-gruas e com os operadores não reconhecidos, estamos impedidos de trabalhar em Espanha. Para ultrapassar todos estes condicionalismos, estamos a tratar com o Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI) o licenciamento da actividade de alugador de equipamentos industriais.
As construtoras, actualmente, recorrem mais ao aluguer do que à aquisição de máquinas?
Sem dúvida. Há máquinas que só existem em empresas de aluguer, como, por exemplo, gruas com mais de 400 toneladas, plataformas, geradores e construções modulares.
Como caracteriza o mercado onde estão inseridas as empresas que compõem a ANAGREI?
As empresas de aluguer dependem muito das empresas de construção. O impacto que as construtoras têm sentido reflecte-se nos alugadores. Por outro lado, há um tipo de equipamentos, como as auto-gruas com mais de 500 toneladas, usadas na montagem de aero-geradores e na manutenção industrial, que sentem o abrandamento da actividade. A crise tem-se feito notar fortemente no mercado de aluguer.
É um mercado competitivo?
Em termos dos equipamentos disponíveis, não ficamos a dever nada a qualquer país europeu. As empresas portuguesas de aluguer estão actualizadas e equipadas, quer em termos de equipamentos, quer em termos de procedimentos.
Qual foi o valor da facturação do conjunto das empresas associadas da ANAGREI em 2009?
Penso que as empresas devem ter ultrapassado os 100 milhões de euros.
Em que países estrangeiros estão presentes as empresas da ANAGREI?
Temos empresas portuguesas a trabalhar no mercado espanhol, marroquino, em Angola e em Moçambique.
Este mercado envolve quantas gamas diferentes de equipamentos?
Temos a divisão de auto-gruas, que são os equipamentos mais pesados e mais caros, são a base da associação, temos também as gruas-torre, a divisão de compressores e geradores, as plataformas elevatórias e as construções modulares. Actualmente estamos em vias de constituir as divisões de andaimes e de máquinas de movimento de terras sem manobrador.
Além da legislação e da crise, que mais desafios enfrentam as empresas deste ramo?
As empresas deste segmento têm desafios constantes, porque todos os anos saem máquinas novas para o mercado e, naturalmente que os alugadores querem oferecer sempre o melhor. Contudo, é um mercado que exige um investimento muito elevado. Temos máquinas com um valor de cerca de 6 milhões de euros e quando se faz um investimento desses tem que haver já uma previsão de trabalho. Por exemplo, se as eólicas parassem completamente agora, algumas empresas sofreriam muito. Outro dos problemas que temos neste momento é a concorrência do mercado espanhol porque eles têm excesso de máquinas, uma vez que a construção lá está em situação mais critica do que a nossa.