Uma OFICINAA experimental
O Construir foi conhecer os autores do projecto vencedor do Europan 10 para Lisboa.
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O Construir foi conhecer os autores do projecto vencedor do Europan 10 para Lisboa. A OFICINAA é o reflexo da forma como desenvolvem os seus projectos: sem receitas e pré-determinações
Como surgiu a OFICINAA?
A OFICINAA surgiu de forma a criar uma plataforma de reflexão acerca do território e arquitectura(s) – um espaço virtual e físico identitário da nossa forma de operar, onde pudéssemos experimentar ideias enquanto prática e ao mesmo tempo expor o nosso trabalho a clientes e a uma audiência mais alargada. Tal como numa oficina onde diversas ferramentas técnicas e crafts co-existem, a OFICINAA é o reflexo da nossa forma de desenvolver trabalhos – sem receitas e pré-determinações pois para cada contexto e objectivos, distintas ferramentas e técnicas são exploradas. O primeiro prémio do Europan 9 em 2008 motivou a criação da OFICINAA como a estrutura formal para o desenvolvimento do projecto e interacção com a Câmara Municipal de Odivelas.
Uma vez que são três, todos são co-autores de todos os projectos?
Apesar da OFICINAA ser um grupo de profissionais com backgrounds distintos, todos os projectos têm as suas especificações e contextos geográficos que, por motivos de linguagem torna um dos autores mais relevante para o processo de desenvolvimento. Todos nós temos papeis diferentes mas complementares no desenvolvimento dos projectos, e depois, no contacto com o cliente, fica mais específico a um de nós.
Os projectos são debatidos até à exaustão?
Sim, não diria exaustivo mas sim intenso. Os projectos têm de ser postos à prova com diversos pontos de vista (profissionais e intuitivos). Este processo força-nos a discutir e a desafiar ideais. Esta é uma das partes mais interessantes do desenvolvimento do projecto pois permite a evolução, mutação e adaptação de princípios. Diversas opções são desenvolvidas com princípios distintos e testados entre nós e com os clientes – parte fundamental na nossa investigação após a definição dos princípios geradores da visão.
De que tiram maior proveito: das vossas diferenças ou semelhanças?
Eu diria que das complementaridades. Cada um de nós tem uma educação, investigação e prática em áreas e escalas distintas. Estas áreas vão desde a música à escultura, da arquitectura ao desenho urbano e paisagismo, do mobiliário à carpintaria. As escalas vão desde o território ao detalhe de construção, da especulação até à implementação.
Que característica de cada um acham que se evidencia mais no trabalho ou no método para que o resultado seja positivo?
Temos experiências distintas em diversos contextos geográficos. Esta particularidade permite uma abordagem mais aberta, baseada em factos e descobertas em vez de pré-determinações, baseada em performances em vez de estruturas formais. Temos uma abordagem que olha a paisagem no seu valor estratégico e operativo, que olha o desenho urbano como uma possibilidade de compromisso entre diversas realidades sociais-culturais-económicas e olha a arquitectura como instrumento para rápida transformação. Diria que cada um de nós opera respectivamente dentro destas disciplinas que depois se articulam numa solução de projecto.
Têm três escritórios em três países diferentes – Portugal, Alemanha e USA. Porquê estes três? Como funcionam as equipas em cada um?
Hoje em dia, em que a permanência em cidades e locais se torna mais fugaz, diria que temos três moradas em vez de três escritórios. Vivemos em cidades diferentes e transitamos por estas frequentemente. Neste momento dependemos mais dos meios virtuais de comunicação para desenvolver os projectos do que da permanência física nos locais. Ontem passámos mais tempo em NYC hoje passamos mais tempo em Ingolstadt (Alemanha) e Lisboa. A nossa actividade também é partilhada pela academia que nos possibilita ensinar em diversas Universidades.
Em termos de encomenda o que têm de mais importante?
Todos os projectos que temos neste momento têm importâncias distintas porque apresentam e expõem o nosso trabalho diferentemente. No entanto, projectos que apresentam uma realidade concreta de execução ocupam a nossa prioridade. O Plano de Pormenor para o Sítio do Barruncho em Odivelas (fruto do prémio Europan 9) com as suas tipologias PER (Programa Especial de Realojamento) e HCC (Habitação a Custos Controlados) é muito importante. O programa residencial com condições optimizadas e maximizadas é um dos nossos top 5. Estamos também neste momento a preparar uma exposição da OFICINAA na Universidade do Tennessee Knoxville (USA) focada no nosso projecto para Berlin – German Freedom and Unity Memorial – galardoado recentemente com uma Menção Honrosa no site Architizer,USA.
Venceram o Europan 10 para Lisboa com uma proposta chamada “Campo Mineral”. Em traços gerais, do que se tratava?
Trata-se de uma proposta para um novo eixo de desenvolvimento e ligação de Lisboa, em continuação com a sua lógica urbana de desenvolvimento. Este novo eixo irá dar sequência às avenidas de Lisboa para ligar a cidade à sua extensão metropolitana. O “Campo Mineral” propõe uma nova tipologia híbrida de Avenida-Praça dedicada a diversos usos e infra-estruturas. Incorpora distintas formas e meios de mobilidade, equipamentos e infra-estruturas de transporte e gestão de águas pluviais. Mais, propõe uma nova figura cívico-ecológica que ligará o Campo Grande ao novo Parque da Alta de Lisboa. Ao longo desta nova Avenida-Praça novas frentes de desenvolvimento são propostas, desde equipamentos para a Universidade de Lisboa, a equipamentos para usos públicos, serviços, comércio e um novo bairro residencial.
Como receberam este prémio?
Para nós a hipótese de trabalhar em Lisboa é fascinante. Não só porque Lisboa é uma das cidades mais lindas do mundo, como a oportunidade para a sua valorização e requalificação é enorme. Lisboa atravessa um período áureo de transformação nos tempos pós Expo. Áreas nobres da cidade (pela sua relação com o rio, infra-estruturas de transporte, rede ecológica, etc) encontram-se em reavaliação. A possibilidade de puder participar neste momento é muito importante para nós e enche-nos de orgulho.
Que outros prémios destacam e que importância têm? São uma alavanca para encomendas?
Destacamos a Menção Honrosa que recebemos há 1 mês atrás numa competição on-line promovida pelo site Architizer, nos USA A importância reveste-se no sentido de expor e ter reconhecimento dos nossos projectos num contexto e escala internacional. Através deste prémio fomos contactados para integrar uma exposição e apresentação na Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos da América.
No vosso portal têm uma área dedicada à pesquisa. Que temas suscitam a vossa curiosidade?
Nós estamos interessados no que conceptualmente chamamos de “Thick Minimal”, ou seja, soluções que são transversais a diversas disciplinas – arquitectura, desenho urbano, infra-estruturas, paisagismo, design, etc – baseadas em lógicas optimizadas que geram o maior número de benefícios. O exemplo que usamos muitas vezes para exemplificar este resultado é parte da nossa arquitectura tradicional, a cisterna-eirado. Esta tipologia oferece uma resposta infra-estrutural, produtiva, económica, social e ecológica no tema da arquitectura – recolhe e armazena água, oferece humidade às paredes laterais para produção de plantas aromáticas, possibilita a secagem de frutos e peixe para consumo e venda, oferece áreas de lazer e recreio aos residentes, etc. Uma só estrutura consegue atingir diversos objectivos sem ser high-tech. É uma resposta complexa e não complicada.
Do vosso portfólio que projectos destacam?
Destacamos um projecto de investigação que desenvolvemos em 2007 em resultado do Prémio Távora. Este estudo levou-nos a visitar diversas cidades da costa do Brasil e ilhas Atlânticas; cidades desenvolvidas durante os séculos XV-XVI, onde os princípios da tratadística urbana ainda não estavam em aplicação. Nestes exemplos o valor da Geografia (hidrologia, geologia, clima e topografia) imperou como gerador operativo e performativo da forma destas cidades que ainda hoje permanece. Esta forma de fazer urbanismo e gerar urbanidade, muito particular dos portugueses, iniciou um novo entendimento entre nós de outros princípios e disciplinas na produção de estratégias para o desenho de cidades e arquitecturas.
Destacamos o projecto Odi-Vilas, fruto do prémio Europan 9, que já começámos a desenvolver – as tipologias residenciais, que muito condicionavam o desenho e articulação do Plano de Pormenor, foram aprovadas pelo IHRU. Esta aprovação deixou-nos bastante satisfeitos pois provámos que conseguimos elaborar uma tipologia residencial a baixo preço com elevada performance ecológica, baixa densidade, qualidade arquitectónica e promotora de interacção social.
ficha técnica
Nome: OFICINAA
Moradas: Alemanha – Vorwaltnerstr. 73, 85049 Ingolstadt
Tel: +49.89.38531990
Fax: +49.841.4904747
Portugal – Estrada de Benfica nº 450, 6.Esq, 1500-103 Lisboa
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