‘Há um fosso grande entre o projecto e o produto final’
Em entrevista ao Construir, o director comercial da Superveda, Sérgio Carvalho,
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Em entrevista ao Construir, o director comercial da Superveda, Sérgio Carvalho, apresenta as novidades que a empresa especialista em vedações vai apresentar na edição deste ano da Tektónica
Como foram as contas da Superveda em 2009?
Os resultados da Superveda foram ao encontro do que eram as vossas previsões. Tivemos um ano bom em 2008, mas o inicio da crise em 2009, e estando estas empresas dependentes do que são os investimentos do Estado deparámo-nos com um ligeiro abrandamento da actividade que se reflectiu no inicio deste ano. Ao nível da procura e de projectos, continua a haver actividade, o que se verifica é que há atrasos e anulações de concursos, o que para as empresas é uma situação complicada porque o investimento que fazemos na orçamentação e no departamento técnico para a elaboração dessas propostas acaba por ser inconsequente, ora porque os concursos são anulados ora porque faltam autorizações do Estado. Depois há uma grande dificuldade de acesso a recursos da banca, o que acresce a dificuldade. No entretanto, fomos investindo na empresa em busca de soluções nos mercados internacionais que neste momento estão mais dinâmicos que o mercado interno. A par disso, e nunca descurando o mercado nacional, temos investido na reorganização da própria empresa. O projecto iniciou-se em 2009 e o que fizemos foi procurar novos produtos para responder às solicitações do mercado e às necessidades existentes. São necessidades monetárias, ou seja soluções económicas assim como valias técnicas e é nisso que temos apostado nos últimos seis meses. Neste momento estamos preparados para apresentar alternativas ao mercado. Estamos também a investir no processo de certificação da empresa e de novos produtos assim como na afirmação da marca SV como uma marca portuguesa e não como uma marca internacional. Neste momento concebemos, projectamos, buscamos soluções específicas para os nossos clientes, temos um departamento de desenvolvimento tecnológico de novos produtos e vamos ao encontro das necessidades dos nossos clientes.
Quando fala em resultados dentro do que eram as expectativas, fala de que ordem de valores?
Estamos a falar de uma facturação, em 2009, na ordem dos 2,3 milhões de euros.
Passado o primeiro trimestre do ano, que avaliação pode fazer de 2010 até ao momento?
Denotamos um aumento significativo de propostas que aguardam decisões finais que se têm prolongado ao longo dos meses. Neste momento ainda negociamos alguns contratos que deveriam estar no terreno em Janeiro e Fevereiro, mas esperemos que em Agosto ou Setembro possa haver alguma actividade. Toda essa evolução passa pela avaliação do primeiro semestre para materializar no segundo. Houve em Abril alguma abertura de alguns dos nossos clientes, indiciando algumas obras. Também é verdade que nos ressentimos de um ano agressivo ao nível das condições climatéricas, que condicionou muito o arranque de obras ou não estivéssemos nós ligados a uma actividade externa. Mas notamos sobretudo complexidades junto da banca. Há quem queira fazer obra mas a avaliação do crédito não tem sido favorável. Perante isso, ou corremos o risco, e assinamos contrato aumentando em muito o risco para o cliente ou assumimos nós o risco. Ou então fazemos o negócio e o risco terá de ser suportado pela própria empresa, o que é mais complicado para empresas de menor dimensão, com menos recursos. Para uma empresa de vedações e sistemas de segurança tornar-se uma empresa de risco, é complicado.
Partindo do pressuposto que os mercados não podem parar, no seu entender é que é possível manter alguma actividade?
O que tentamos fazer passa pela tentativa de suportar os nossos clientes base na expectativa de haver uma base de confiança e de ajuda mútua. E essa ajuda não pode parar. Mas sentimos também o outro lado, quando o empreiteiro sente muitas dificuldades em garantir algo, da nossa parte tem de haver muita confiança e aposta nesses clientes. É nesse aspecto que estamos a trabalhar. Estamos a consolidar junto dos nossos próprios clientes, uma presença física e uma parceria. Mas terá de haver alternativas mais viáveis para esta actividade, tal como em todas as empresas. Quando nós não conseguimos que realmente as coisas evoluam positivamente, teremos de encontrar alternativas externas. Começámos com alguns mercados internacionais no sentido de, quando a actividade tiver menos activa, ter condições para a manter. Esta é a realidade que se vive a nível Europeu. Foi isso que fizemos e partimos em busca de mercados em desenvolvimento, e esse será o escape. Não sou pessimista e pelo que avaliamos de alguns concursos em fase de arranque, e das iniciativas do Governo, estou em crer que o segundo semestre será positivo para a actividade da Superveda.
Como é que estão a preparar-se para esse segundo semestre?
Em 2009 houve uma reestruturação e aliámos à empresa e às empresas do grupo uma diversificação da própria actividade. O que fizemos foi alargar a actividade a novos produtos, a preços mais competitivos dado que os clientes querem alternativas do mesmo patamar de qualidade mas a preços mais acessíveis, e depois na aplicação de outros tipos de produtos, tecnologicamente mais avançados e que permitem um retorno diferente por parte do cliente. Entrámos também no segmento do aluguer, para clientes que têm necessidades pontuais das soluções que disponibilizamos. Hoje em dia estamos preparados para promover soluções mais completas, que passam pelas vedações, sistemas de segurança e controle de acesso, decks e mobiliário exterior, e uma nova actividade que é a mobilidade, que passa por veículos eléctricos e ecológicos.
Quando fala em diversificação e alternativas ao que é a linha mais usual da Superveda o que significa em concreto?
A análise vem sendo feita à três anos. O mercado está mais competitivo, mais empresas, mais oferta e a relação qualidade/preço tem tendência a baixar. E deparamo-nos com situações em que verificamos que o preço apresentado não está de acordo com os parâmetros de qualidade dos cadernos de encargos. A nossa política sempre assentou em vendermos qualidade e por isso temos de criar alternativas ao mercado. Quando estamos a falar de um produto galvanizado e lacado, há um outro produto que é pré-galvanizado, com uma diferença significativa de preço e o cliente final não tem qualquer noção do que está a comprar, independentemente das características técnicas que surjam na ficha de produto. Queremos transmitir ao mercado que existem outras alternativas e por isso introduzimos um escalonamento preço/qualidade do qual o cliente pode escolher efectivamente se acha que o produto é adequado à qualidade do que pretende. Repare que há variáveis como o clima agreste e salinidade, em frente ao mar não pode resultar um produto de baixa qualidade. Muitas das vezes nas obras públicas deparamo-nos com um projecto elaborado por um gabinete técnico, que apresenta uma vedação ou um produto tipo e um conjunto de alternativas, o que faz balançar o preço e a qualidade . Isso choca, muitas vezes, com que o projectista quer. Há um fosso grande entre o projecto e o produto final. Para nós é frustrante quando muitas das vezes trabalhamos com os arquitectos, com um produto de qualidade e quando o processo se transfere para o cliente final já só é assumido o factor preço. Somos certificados, queremos manter um patamar de qualidade condizente, mas depois acabamos por perder pelo factor preço. É esta a transparência de mercado que importa clarificar para bem de todas as empresas e sobretudo para bem do cliente final, muitas vezes o próprio Estado paga por um produto que não tem. Isso acontece muitas vezes. Mas a pressão do mercado por causa dos pagamentos ou apertos orçamentais pode levar a isso. Mas para nós que fazemos um trabalho de qualidade exigimos que as coisas sejam claras para todo o mercado.
Por onde passa a transparência de mercado?
Por uma maior rigidez dos cadernos de encargos e por uma melhor fiscalização. Como é lógico, nunca se pode exigir que seja especificada uma marca, mas os cadernos devem ser mais explícitos. Vou a concursos internacionais e invisto tempo e dinheiro na elaboração de propostas e na especificação dos cadernos de encargos mas ganho em qualidade e em tempo de execução. Um mau projecto vai levar a orçamentos muito alterados, muitos erros, muitas omissões, muitas dúvidas e isso não é bom para ninguém. Nem para o empreiteiro. É mau para quem vai pagar e essa clarificação deve ser assumida. O cliente final não tem noção do que é um projecto com qualidade. Se contacta um gabinete, cabe a este elaborar e trabalhar para que o projecto tenha qualidade e à fiscalização avaliar se tudo está a ser cumprido. Quem o faz tem de fiscalizar de acordo com o que está explicitado no caderno de encargos, com rigor.
Quais são as novidades em que estão a apostar neste momento?
Já na Tektónica vamos apresentar o Grupo como um todo. Temos três áreas distintas: vedações, controlo de acesso e segurança, a área do imobiliário e outdoor e uma terceira actividade que passa pelo aluguer e sistemas móveis de segurança. Na Superveda, a nossa aposta na diversificação passa pelas próprias soluções. Deixámos de vender produtos para vender soluções. Fizemos uma aposta grande na integração da segurança, que no mercado estava um pouco dissociada. Uma pessoa comprava numa fase vedações a uma empresa, depois comprava câmaras e sistemas de controlo de acesso a outra empresa, e o que fizemos foi desenvolver soluções integradas. Colocámos um portão no mercado com sistema de controlo de acesso, seja por impressão digital ou por outro sistema mais simples. Queremos colocar no mercado produtos a preços competitivos mas com elevada qualidade, queremos massificar este tipo de soluções. Estamos a definir câmaras integradas nas próprias vedações e essa é a nossa grande aposta. Estamos sempre à espera que os nossos clientes nos tragam os seus problemas, qualquer que seja o tipo de projecto e a ideia do cliente, nós estamos dispostos a estudar.
E na Tektónica, o que vai apresentar de novo?
Vamos colocar o WPC como alternativa às vedações. Tínhamos uma solução que era muito aplicada em pavimentos tipo deck e que nós vamos adaptar a vedações, um produto amigo do ambiente composto em 50% por detritos de aparas de madeira e 50% por materiais reciclados e plástico. Não há abate de árvores e o que nós vamos fazer é integrar este novo produto tanto em vedações como portões, numa alternativa ao abate de árvores. Não há necessidade disso. Daí que vamos apresentar uma solução ao mercado que não gosta de metal, por exemplo. Penso que vai ser uma aposta ganha. E vamos também apresentar o sistema de câmaras integradas, um pequeno sistema de vigilância que pode ser montado pelo próprio cliente sem grandes complicações.
Que balanço faz da actividade internacional da Superveda? Este foi um ano de forte aposta na Argélia…
É verdade, este foi um ano em que apostámos na Argélia em força. Temos em perspectiva outros mercados, principalmente no Magreb, mas neste momento queremos consolidar a nossa presença no mercado argelino e em Angola. Fizemos uma prospecção de mercado em 2009 e fizemos também algum investimento no mercado argelino, com um departamento comercial naquele país. Há muita coisa para fazer dentro da nossa área e constatámos que há um mercado em expansão, em que tudo gira em torno do petróleo e gás natural. Há necessidade de segurança na Argélia, notório e revelado pelas entidades e empresas, e a realidade mostra que há produtos envelhecidos e obsoletos. Daí que haja a necessidade de renovar essas soluções.