Investigadores da FCTUC desenvolvem casa ‘low-cost’
O desafio consistia no desenvolvimento de casas de baixo custo, “mas ajustadas à realidade de cada país”, explicou Luís Simões da Silva.
Pedro Cristino
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O desafio consistia no desenvolvimento de casas de baixo custo, “mas ajustadas à realidade de cada país”, explicou Luís Simões da Silva. O professor e investigador da FCTUC e também coordenador deste projecto explicou ao Construir que esta exigência se deve à necessidade de ajustar as soluções “à realidade cultural, senão as pessoas não compram porque não gostam”.
550 euros por metro quadrado
O objectivo primário incidia sobre o preço. “550 euros por metro quadrado de área de construção é um resultado muito bom”, assume o docente. Cumprida esta exigência, foi necessário “cumprir todas as normas técnicas, quer em termos de segurança, quer em termos funcionais”, porque esta residência não pode ser “barata à custa de falta de segurança ou de conforto”. Do ponto de vista térmico e de eficiência energética “conseguimos que fosse uma casa significativamente passiva”. Em termos de Verão, foi conseguido que “praticamente, não se utilizasse ar condicionado”, enquanto que, durante o Inverno, os investigadores conseguiram “reduzir a necessidade de aquecimento em quatro vezes”. Para tal, foi feita uma “abordagem global”. “Normalmente quando se faz um projecto térmico, especificam-se os acabamentos, os cimentos e os isolamentos térmicos”, para depois se passar à fase seguinte. “Utilizámos ferramentas sofisticadas para conseguirmos prever, ao longo do ano, os registos de temperatura, de radiação, de humidade, para sabermos que temperatura iríamos ter dentro de casa a cada hora”, garantindo, desta forma, “que não se ultrapassa os 25 graus”, esclareceu Luís Simões da Silva, relativamente à garantia de conforto térmico na casa. “Tivemos de utilizar vidros com propriedades adequadas, uma vez que as áreas envidraçadas são as piores para conseguir este resultado” e foi também controlada a ventilação e o nível de isolamento. Por sua vez, foram também implementados sistemas de controlo automatizados para despoletar, ou não, a ventilação e o sombreamento, melhorando, desta forma, a eficiência energética desta estrutura.
Criar um conceito
A equipa reunia especialistas do ponto de vista térmico, acústico, de estruturas em várias vertentes – como a sísmica ou de vibração, “porque as casas com estrutura em aço sofrem alguma vibração” – e foram contempladas as instalações de abastecimento de águas residuais e pluviais, as instalações eléctricas, a automação e as instalações técnicas, “nomeadamente no que concerne a toda a parte de aquecimento de águas com recurso a fontes de energias renováveis, como o solar térmico e o solar fotovoltaico”. Para se alcançar um preço tão baixo foram utilizados acabamentos “mais económicos”, que garantiam que o comportamento da casa não se desviasse do objectivo. Para se passar do projecto à prática, vai ser construída uma casa com estas características no campus da Universidade de Coimbra. “Vamos medir, vamos ver como se sentem as pessoas no interior, vamos alternar entre as soluções aplicadas”, explica o docente. O objectivo desta investigação é, a longo prazo, “desenvolver um conceito global que transforme o sector da habitação, isto é, que a casa passe a ser uma marca e um produto, tal como os carros”. Luís Simões da Silva esclarece que “a casa pode ser comum a todas as casas em 80%, mas os 20% é que irão diferenciá-la”.
Resistência sísmica
Esta residência foi concebida tendo como pilares a utilização de aço leve, a maximização de áreas úteis e “uma versatilidade que acompanhe a normal evolução de família”. “Considerados todos os critérios de qualidade, segurança, níveis de eficiência, conforto e arquitectura, esta solução supera qualquer alternativa à construção tradicional”, afirma o coordenador do projecto. Ao nível da sustentabilidade, a solução desenvolvida pretende ir ao encontro de lógicas mais “amigas do ambiente”, já que, pela sua natureza construtiva, “foi uma preocupação inicial a possibilidade de reciclagem e de reutilização exaustiva das matérias primas utilizadas”. No que toca a garantir segurança, do ponto de vista sísmico, o investigador da FCTUC refere que “a vivenda modelo foi dimensionada para a zona mais exposta à ocorrência de sismos em Portugal – Sagres”. De facto, e de acordo com Luís Simões da Silva, “os testes realizados aos níveis de conforto térmico, acústico e de isolamento, entre outros, revelaram performances muito melhores que as da construção convencional”.