‘Não trabalhamos a pensar em grandes margens’
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Rui Ribeiro, presidente do Grupo Rui Ribeiro, considera que acima de Coimbra há uma maior dificuldade de actuação para uma empresa que seja de Lisboa. Mas explica os objectivos para o Grupo
Que balanço faz do ano de 2009 para o Grupo Rui Ribeiro e que perspectivas tem para o ano de 2010?
2009 foi para a empresa um ano de continuidade de 2008. Foi um ano em que nos mantivemos mais ou menos com o mesmo nível de facturação, um ano conturbado porque a nossa perspectiva era de crescer, mas as condicionantes conhecidas de todos não permitiram. Contudo, a nossa ambição para este ano de 2010, apesar das dificuldades de um sector que vive constantemente em águas turbulentas, é aumentar a facturação e temos vindo a trabalhar no sentido de o conseguirmos. O nosso departamento comercial tem tido bastante trabalho e temos tido a preocupação de procurar clientes que nos dêem garantias, também face ao problema das cobranças de que as empresas se ressentem nas suas estruturas. Temos conseguido de alguma maneira garantir obras interessantes que nos podem dar garantias de que vamos conseguir superar a facturação de 2009.
Estamos a falar na ordem de que valores em comparação com 2008 e em comparação com 2009?
Os volumes de facturação de 2009 rondam os 25 milhões de euros e prevemos facturar em 2010 mais 10 milhões de euros, ou seja, 35 milhões de euros. Para este valor, temos algumas obras do Grupo. Estamos a desenvolver dois projectos imobiliários que irão contribuir com cerca de 20% do volume da facturação pretendida. Contudo a nossa estratégia passa por projectos de habitação, retail park e também serviços, ou seja, estamos a apostar em vários tipos de obra.
Os valores facturados em 2009 estão assentes em que bases?
Situam-se na linha do que temos feito ao longo dos últimos 24 anos de actividade. Tem-se baseado muito nas obras privadas, tanto mais que as obras públicas têm pouca representatividade na facturação da empresa. As linhas de orientação da empresa vão muito na área da construção civil e a empresa está pronta a responder a esses desafios, com maior ou menor rigor técnico.
Esta desproporção entre obras públicas e privadas deve-se a quê?
É sobretudo uma questão estratégica, que tem sido seguida ao longo dos anos. A empresa sempre teve obra privada em número e quantidade suficiente que permitiu manter-se no mercado durante todos estes anos, mas consideramos que os volumes de facturação que queremos atingir fazem com que tenhamos de entrar no segmento de obra pública com maior enfoque, até porque queremos ter uma maior visibilidade. Para que isso aconteça, a empresa tem tentado encontrar soluções para se colocar numa posição que nos permita ser competitivos. Uma obra pública tem características diferentes.
Tem notado, ao longo dos últimos anos, variações ao nível da obra privada que vos leva a olhar mais para o segmento público?
Temos notado efectivamente que tem havido alguma retracção no sector imobiliário, essencialmente, e isso reflecte-se no volume de obra que está no mercado e todas as empresas sentirão o mesmo. Mas considero que na área do imobiliário, independentemente de alguns projectos próprios que estamos a desenvolver e outros que temos em carteira, temos um conjunto de clientes que há uns anos confiam em nós e que sempre que querem desenvolver os seus projectos nos convidam para participar nos trabalhos. Há uma certa quebra mas não nos podemos queixar no que respeita ao volume de obra que temos tido no departamento comercial. Sentimos sim que a decisão para arrancar com esses projectos é mais demorada. O tempo de decisão é claramente superior.
Quais são os trunfos da empresa para ser mais competitiva no segmento público?
O facto de não estarmos muito nas obras públicas não quer dizer que não seja competitiva, pelo contrário. Mas sabemos que a concorrência que existe na obra pública é um pouco diferente da que existe na obra privada, onde normalmente são escolhidas algumas empresas com que se sentem confortáveis para desenvolver os seus projectos. Mas o sector privado está tão competitivo quanto o das obras públicas. No privado, poucas são as propostas que entram e saem da empresa sete ou oito vezes, os processos entram e saem. A grande arma das empresas é uma grande capacidade técnica para poder avaliar os projectos que têm em mãos, avaliar os projectos apresentados e trabalhar no sentido de poder avaliar a proposta e apresentar soluções alternativas. A capacidade e o conhecimento técnico está nas equipas que temos e é isso que nos dá garantias. Queremos, dessa forma, ser competitivos.
Como é que a empresa se tem posicionado precisamente para manter níveis de rentabilidade e responder ao adiamento das tomadas de decisão dos donos-de-obra?
A estratégia que está definida passa por perceber em que tipo de obra somos mais competitivos, perceber se efectivamente a localização da obra é impeditiva ou não de estarmos presentes. Temos dimensão nacional, mas é certo que tem executado mais obras na região de Lisboa, Alentejo e Algarve. Acima de Coimbra há uma grande dificuldade para as empresas de Lisboa poderem actuar. Mas queremos ter a consciência, por via do departamento comercial, que temos condições para ter bons resultados nessas obras. Não as podemos ganhar a qualquer preço, temos de ganhar na convicção de que vamos com margens apertadas e que a gestão das obras tem de ser muito apertada e com grande rigor diário de modo a sabermos passo a passo o que se está a passar. Se assim não for, e se não tivermos todos os departamentos controlados, perdemos a noção. Todos os departamentos estão profissionalizados nesse sentido.
Olhando para o mercado, como avalia as margens da rentabilidade que têm sido feitas?
Se fossemos por aí, todos nós já teríamos fechado a porta. Neste momento não podemos trabalhar a pensar em grandes margens. E as obras são sobretudo uma cadeia de valor que apanha todas as empresas que estão na área. Quando uma construtora ganha uma obra a preço baixo, toda a cadeia vai ter de trabalhar a preços baixos. Se assim não fosse, só a construtora se prejudicaria. Temos por isso de encontrar bons parceiros de negócios, que nos dêem garantias de que o resultado final é satisfatório, e de que estamos na posse de toda a informação que nos permita ter o controlo dos passos dados. Mas tenho a certeza de que há muitas dificuldades no sector. Se tivermos em conta que concorremos com empresas da nossa dimensão ou maiores, percebemos o nível de preços praticados, também tendo em conta a dimensão das empresas percebe-se que há obras a preços muito inferiores e que pelos preços as empresas têm ido a concurso a perder dinheiro ou mesmo nesse limite. A gestão da obra é que ditará se perdem muito ou pouco dinheiro.
Que soluções existem para fazer face a essa situação?
As soluções não são fáceis de encontrar. Uma das soluções seria colocar mais obra no mercado, haver mais investimento. Este é um momento em que o investimento não é fácil. O Governo garante que vai injectar obra pública no mercado de forma a alimentar as pequenas e médias empresas e o que temos conferido pelas adjudicações que têm sido feitas é que as obras caem sempre sobre as grandes empresas. São empresas com grande peso institucional e mesmo havendo obras de pequena dimensão, há sempre formas de colocar no mercado os concursos de maneira a que se façam concursos em “bolo”, em grupos de obras, de muito dinheiro e por conseguinte, a que só as grandes empresas acedem. As pequenas e médias empresas têm de viver com o pouco que as autarquias vão lançando, com projectos próprios.
Em que trabalhos estão envolvidos neste momento?
Estamos a fazer um conjunto de obras muito variado. Estamos a desenvolver alguns trabalhos na área da habitação, dois retail park, remodelação de escolas, áreas comerciais, edifícios de escritórios. Estamos a abarcar neste momento todo o tipo de construção que podemos e temos experiência.
Que oportunidades encontram em Angola?
A nossa meta passa por cimentar a actividade da construtora naquele mercado. Torná-la visível, capaz de desenvolver um conjunto de projectos para os quais temos sido solicitados. As coisas, por via da crise internacional, acabaram por não correr tão bem quanto esperaríamos e alguns dos projectos em que estamos envolvidos só agora vão ser retomados, mas acreditamos que Angola vai retomar um ritmo de desenvolvimento de trabalho interessante, mas nada comparável ao que já foi.
Angola foi, até há uns anos atrás, a tábua de salvação de muitas empresas. Como conseguem ser competitivos naquele mercado?
A competitividade em Angola não deixa de ser idêntica ao que é em Portugal. Temos de desenvolver o nosso negócio, o que sabemos fazer, olhando para os problemas e para as necessidades do país, preparando as nossas equipas de modo a desenvolver os nossos trabalhos tendo em conta os custos. As rentabilidades advêem de uma boa gestão e cabe-nos gerir bem. Dentro das dificuldades que temos em Angola, por via dos custos de instalação e produção naquele país, temos de tentar optimizar os recursos dentro da medida do possível. A concorrência em Angola é forte, já se faz sentir. Os clientes são confrontados com muitas empresas com ofertas para as mesmas obras. Aquilo que nós queremos não sei se passa por nichos de mercado, mas sim por procurar clientes que acreditem e que apostem em nós, entidades que estejam connosco e que apoiem a nossa actividade. A construção civil é o mercado onde nos queremos situar, mas estando a máquina a funcionar em pleno, olharemos para um conjunto alargado de trabalhos que achamos interessantes.
A área imobiliária pode avançar já este ano?
É provável. Mas as negociações ainda decorrem, pelo que é prematuro estar a avançar com o que quer que seja.
Quanto poderá representar Angola na vossa facturação no final deste ano?
Angola, no final de 2010, pode representar cerca de 30% da facturação. A nossa estratégia em Angola passa por facturar mais do que facturamos em Portugal pelo que a tendência e a nossa meta é crescer naquele mercado. O mercado angolano tem muito para fazer e não tenho dúvida que facilmente ultrapassamos os valores que atingimos em Portugal, pelo que dentro de dois ou três anos a proporção no peso da facturação pode rondar os 70%/30%.
Angola é uma porta de entrada para outros mercados…
Acabou por ser e a porta está aberta. Daí que estamos a concluir a formalização da empresa em Cabo Verde, formalizada este mês, e olhamos para a Argélia, cuja empresa será constituída até final do ano. Na Argélia, por via da complexidade do mercado, temos estado em contacto com outra empresa nacional de grande dimensão para agirmos em conjunto e assim com mais músculo e capacidade. Até mesmo em Portugal, queremos constituir parcerias com empresas de grande dimensão para que possamos estar presentes em outro tipo de obras. Agir localmente tem vantagens pois dota a empresa de uma maior capacidade. A internacionalização dá às empresas uma enorme maturidade e experiência e o que queremos é ter essa maturidade para vingar nesses mercados. Mas isso não faria sentido se não dotássemos a empresa e o Grupo de uma maior capacidade para poder resistir a uma menor capacidade de produção em Portugal. Passa por criarmos alternativas ao nosso mercado, se bem que nós não deixamos de apostar no mercado português e continuamos a trabalhar nesse sentido.