Salão de Angola oficializa Confederação do Imobiliário de Língua Portuguesa
O primeiro Salão Imobiliário de Angola (SIMA) que decorreu em Luanda com mais de meia centena de empresas presentes foi o mote para a criação da Confederação do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP).
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O primeiro Salão Imobiliário de Angola (SIMA) que decorreu em Luanda com mais de meia centena de empresas presentes foi o mote para a criação da Confederação do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP). O acto de criação do CIMLOP contou com a presença do ministro português das Obras Públicas, António Mendonça, e do seu homólogo angolano, José da Silva Ferreira, cujas presenças pretendem consubstanciar a importância que Lisboa e Luanda atribuem a esta nova organização do espaço lusófono. Luís Carvalho Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), uma das organizações fundadoras do CIMLOP, explicou à agência Lusa que o objectivo passa por “englobar os países de língua oficial portuguesa na promoção e venda em conjunto nos mercados estrangeiros”. “Essencialmente – apontou – no início quis-se agregar Portugal, Angola e Brasil, por razões de dimensão económica, para que quando se for promover e captar investidores no estrangeiro, existir um veículo de promoção e venda” que abarque estes três mercados.
Efeitos positivos
Carvalho Lima adiantou que um exemplo de como esta nova organização pode ter efeitos positivos é a possibilidade de a APEMIP, que tem “uma dimensão boa e tem um conhecimento”, poder “partilhar com as suas congéneres angolana e brasileira e também, em breve, com a de Moçambique”. “O que vamos fazer a partir de agora é que em qualquer sítio onde nós estejamos, poderemos promover um conjunto de mercados e de países com os quais temos afinidades”, disse. Sobre o mercado imobiliário, Carvalho Lima notou que está numa fase, como um pouco por todo o mundo, em que “a habitação para as classes mais baixas está a crescer e pode ser uma excelente oportunidade”, referindo-se ao programa estratégico do governo angolano de construir um milhão de habitações nos próximos anos para a população menos favorecida economicamente.
Esta fase de Angola exige “alguma cautela” porque a economia mundial “não está fácil” e a angolana “também se ressente” e as possibilidades “não estão tão boas como até há pouco tempo” mas “é uma oportunidade para os construtores”, defendeu o presidente da APEMIP. Jorge Oliveira, da Associação Industrial Portuguesa (AIP), também presente no certame, vê “com bons olhos o mercado angolano”, no qual “as empresas portuguesas acreditam muito”. Mas chamou à atenção para o facto de agora essa visão optimista ter “uma dimensão mais alargada”. Admitindo que “há novas oportunidades”, sublinhou que “é preciso estarmos conscientes que existe neste momento uma ponderação nos investimentos, em Angola ou em qualquer parte do mundo neste momento”. E chamou à atenção de que, “além do mercado imobiliário, há toda uma actividade, há todo um conjunto de conhecimento jurídico, legislativo, e estudos, que as instituições e os governos português e angolano, têm todo o interesse em dialogar” porque daí “pode surgir uma colaboração interessante”.
Resolver problemas habitacionais
Idalina Valente, ministra do Comércio angolano, que presidiu à inauguração do SIMA, disse que este se enquadra nos vários domínios da política traçada pelo governo até 2012, sendo que “um dos quais é resolver os problemas habitacionais”. A mesma responsável falou do forte crescimento económico de Angola após 2002 e dos efeitos da crise provocada pela queda do preço do petróleo e da necessidade de diversificar a economia do país, onde o sector imobiliário se apresenta “com um importante contributo” a dar. “A crise ajudou-nos a aprimorar a estratégia e a reposicionar o país. Divulgar o mercado imobiliário e a actuação dos profissionais, divulgar as empresas e marcar presença junto dos potenciais clientes” são algumas das mais valias apontadas pela ministra para esta primeira feira angolana do imobiliário. Os grandes “players” do imobiliário angolano vão ter de se reposicionar para encontrar respostas para as novas necessidades e porque o segmento da construção cara esgotará em breve, disse à Lusa o director geral da Colliers International Angola. Esta foi a primeira empresa internacional a apresentar um estudo de mercado sobre escritórios em Luanda e têm para breve um estudo residencial e outros sobre hotelaria e indústria. Para o director geral, Nuno Serrenho, apesar dos avisos que deixa aos intervenientes do mercado imobiliário angolano para a necessidade de estarem atentos ao esgotamento do segmento mais alto, este “é um belíssimo mercado”. No primeiro Salão Imobiliário de Angola, Nuno Serrenho afirmou que existe mercado para todos os intervenientes e de forma “muito interessante”, mas advertiu que “a euforia que se viveu há dois, três anos, com petróleo em preço recorde e antes da crise que se instalou, não vai voltar.
Crescimento abranda
“Esse ritmo de crescimento alucinante (do mercado imobiliário) não vai voltar”, defendeu, sublinhando: “Continuamos a achar que o mercado imobiliário angolano continua muito interessante”, porque “há muito espaço e oportunidades de negócio ainda por explorar”. Grande parte “dos empreendimentos construídos na cidade de Luanda são ainda para segmentos de mercado de renda alta e, se esses imóveis e empreendimentos continuarão a ter o seu espaço, agora falta ainda começar a descer os segmentos onde encontraremos uma infinidade de oportunidades que o mercado espera resposta”, acrescentou. “O que nos parece é que os segmentos mais altos da sociedade, com maior capacidade aquisitiva, não são tantos quanto isso e, por isso, tende a esgotar com relativa rapidez, ainda por cima aliado a factores macroeconómicos que não contribuem para a confiança deste tipo de investidores”, notou.
Um dos exemplos que leva a uma quebra de confiança é que a compra dos imóveis mais caros tende a ser feita ainda na planta, acontecendo que esses empreendimentos demoram ou acabam por não se concretizar. Alguns dos mais importantes empreendimentos imobiliários em Luanda, normalmente edifícios de vários pisos, são colocados à venda por preços que ultrapassam o milhão de dólares, havendo casos de dois a três milhões por apartamento. Isto leva a que as rendas de apartamentos do tipo T2 possam, em Luanda, atingir em média entre quatro a seis mil dólares, passando-se o mesmo com os escritórios. Noutros segmentos, adiantou, as oportunidades são muitas: “Grande parte da resposta pode estar visando outro tipo de segmentos e outro padrão de construção”. “Angola tem um número muito considerável de habitantes que anseiam por ter habitação própria e os construtores e promotores imobiliários, por força da razão, vão ter que se posicionar também para esse tipo de segmentos”, adiantou. Colocando o futuro próximo como azimute, o director da Colliers International Angola defende que “vai haver um reposicionamento do mercado” e que “esta crise ajuda a repensar os projectos e a empurrar-nos para outro tipo de solução e de oferta”.
“Os players vão descobrir formas de construção e de promoção que visem outro tipo de segmento que não tem sido tão visado até aqui”, apontou. Nuno Serrenho recordou que ainda existe uma realidade incontornável: “A procura permanece superior à oferta” nos distintos segmentos. * com Lusa