TEKTÓNICA 2010 – Reabilitação e internacionalização são aposta de 2010
O director da Tektónica, Jorge Oliveira, fala das potencialidades da edição deste ano, que além do mercado da reabilitação,
Até Agosto serão lançados 253 concursos no valor de 2500M€
Greenvolt instala painéis solares nos hóteis Highgate
“A participação da sociologia na arquitectura não se esgota na ‘humanização’ desta última”
Gulbenkian recebe exposição sobre Siza Vieira
AICCOPN aponta “evolução positiva” nos indicadores de actividade na Construção
NBS Summit no Porto, a reabilitação da Ponte Carmona, a Construmat de Barcelona e o Suplemento ReCONSTRUIR na edição 505
Arquitecto Costa Cabral dá nome a Escola do Castelo
Savills/ Predibisa coloca Seven Principles no Porto
AGEFE debate formas de ‘Acelerar Portugal’ e apresenta estudo sobre o mercado
Corum capta 156 M€ no 1º trimestre e mantém interesse em activos comerciais
O director da Tektónica, Jorge Oliveira, fala das potencialidades da edição deste ano, que além do mercado da reabilitação, vai centrar atenções na sustentabilidade e nas oportunidades em mercados como Angola, Moçambique, Líbia ou Polónia.
Que expectativas tem para a edição deste ano da Tektónica?
Embora o quadro económico do País seja um quadro de prudência, as nossas expectativas são bastante fortes para a Tektónica 2010 e por duas ordens de razões. Primeiro porque conseguimos manter a ocupação de todo o espaço, interior e exterior, o que é uma demonstração evidente da confiança das empresas no projecto e se revêem na Tektónica como ponto fundamental para o desenvolvimento de negócios no mundo da construção, obras públicas e imobiliário. E depois porque será um ano de muitas novidades no salão. Ao nível da área de exposição lançamos este ano o Tek Green que contempla as empresas da área da eficiência energética, construção sustentável e da responsabilidade social na construção que foi um sucesso muito grande em outras edições. Este tipo de empresas estava um pouco disperso pela Feira e criámos agora um salão específico para essa área que cresceu muito e que irá ocupar mais de meio pavilhão. Temos também uma nova área de desenvolvimento a crescer a um ritmo um pouco mais lento que é o Tek Máquinas. Haverá máquinas em exposição e haverá um grande leilão de máquinas industriais que tanto quanto nos chega a informação está a ter uma adesão bastante grande, coordenado pela BCA. Temos um conjunto de coisas novas, ao nível de Workgroups e conferências, entre as quais o Portugal Constrói em parceria com a AICEP e com a CPCI e que coloca na Tektónica uma discussão sobre cinco mercados importantes para as exportações portuguesas: Angola, Marrocos, Argélia, Líbia e Polónia serão os países em foco, vamos ter empresários destes países para dialogarem com os nossos empresários e entidades locais para se vislumbrar oportunidades de negócio entre estes países. Este Portugal Constrói vai também ter uma área de exposição alusiva às obras que as empresas portuguesas estão a desenvolver nestes países para demonstrar que não são oportunidades teóricas, que a presença portuguesa é forte mas que há muita margem para crescer. Vamos também ter, no dia 14, uma conferência que reúne representantes da Europa e Norte de África onde o tema é a questão da construção sustentável, um dos grandes temas da actualidade. E congratulamo-nos com o facto de ter havido uma grande adesão de empresas ao espaço Inovação. Temos 70 produtos seleccionados pelo júri, o que demonstra uma grande qualidade dos produtos a concurso que eram mais de 100. Há um excelente ratio de selecção o que quer dizer que os produtos enviados para selecção eram realmente bons e isso também traduz a vitalidade da Feira para a apresentação de produtos e novas soluções. Como pano de fundo de tudo isto, há realmente um apelo forte da própria Tektónica no sentido de apoiar o crescimento do mercado da reabilitação e isso é muito visível nos produtos inovadores que vão ser expostos. Uma boa parte desses produtos está voltado para este mercado. Há uma força grande das empresas para a certificação de materiais e produtos específicos para este mercado que todos esperamos que cresça muito, pois é importante para o sector que cresça significativamente. Mas no fundo, a Tektónica desde 2007 deixou de ser apenas uma feira que se faz em Portugal. È óbvio que o encontro em Lisboa é o epicentro de todo o projecto, mas a Tektónica já se espalha por vários pontos do Mundo e do mesmo modo que trazemos compradores internacionais, nós próprios também vamos a esses países participar em eventos com as nossas empresas. Em 2010 já estivemos em Tripoli e ainda vamos estar em Luanda e no SIB, em Casablanca, Marrocos. Nestes dois, temos acordos com as respectivas organizações onde a AIP/FIL é a responsável em exclusivo para levar empresas portuguesas a esses salões. Mais recentemente, por ocasião da Cimeira Portugal / Moçambique, assinámos um protocolo com a CTA de Moçambique no sentido de se desenvolver um conjunto de feiras sectoriais em Moçambique entre as quais a Tektonica Moçambique, além de um conjunto vasto de iniciativas. Neste momento ainda não há datas. Diria que, em princípio, em 2011 haverá a primeira edição, mas neste momento ainda não há datas definidas. O conjunto de eventos é vasto.
Num ano marcadamente difícil como se constata pelos primeiros meses de 2010, como olha para estes sinais das empresas de apostarem na Tektónica?
Eu acho que é por pelos dois factores principais que há pouco referi. Um é a internacionalização. Penso que é hoje comum pensar-se que as empresas portuguesas para estar no mercado têm de olhar para o mercado externo e ser competitivas em alguns desses mercados externos. Nós na AIP iremos abrir algumas portas onde consideramos que os resultados possam ser mais imediatos, porque hoje em dia é importante referir que as empresas querem crescer mas que esse crescimento aconteça com maior rapidez. O mercado não fica satisfeito por crescer a médio prazo, tem de haver algum retorno algum negócio rápido, daí a importância do critério na escolha dos países. Por outro lado, estamos numa fase de mudança no mercado da construção. A construção habitual, mais convencional a que todos estávamos habituados está com uma contracção muito grande e isso obviamente terá de ser compensado pela reabilitação, por outro tipo de habitação, por outro tipo de abordagem de mercado. É um novo mercado. Há imensas empresas a abrir nestas novas áreas de negócio que querem mostrar o seu know-how e entendem que a Tektónica é o palco privilegiado para isso e o evento vai beneficiar com esse novo tipo de negócio onde as empresas têm de estar envolvidas. É óbvio que se vai continuar a construir alguma coisa, mas não na dimensão de outros tempos e as empresas têm de estar preparadas para isso
Há semelhança do que aconteceu em outros anos, há algum país convidado?
Não propriamente. Estamos a criar enfoques mais globais, sem especificar nenhum país. Estamos a dar uma atenção especial aos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, e depois a uma frente muito interessante para as empresas portuguesas que é todo o Norte de África, tocando o Médio Oriente. Temos uma faixa que toca Marrocos, Dubai e Arábia Saudita que é bastante importante para as empresas portuguesas e onde temos competitividade e é a estes mercados que estamos a dar atenção.
E o mercado português? Como o avalia?
Ainda há oportunidades em Portugal e estamos numa boa altura para isso. Um determinado modelo de construção tem de ser repensado mas temos uma coisa boa. Nós sabemos qual é a luz ao fundo do túnel. Todos sabemos que as questões da reabilitação e da sustentabilidade tem tudo para, em teoria, dar certo, mas no terreno anda tudo muito mais lento mas é claramente a linha de futuro. As empresas estão cientes disso, as nossas cidades estão super-carentes de uma intervenção nos seus espaços, nas habitações, no ordenamento e na requalificação dos espaços, acessibilidades, há um conjunto enorme de trabalhos a fazer e avançando-se por essa via as empresas terão muitas oportunidades de negócio. Não estamos num beco sem saída. Há algumas entidades que devem tomar medidas pois neste momento, no mercado da reabilitação, ainda há alguns entraves, ainda não é tão claro Deve haver um trabalho articulado entre o Estado, autarquias, e privados no sentido de ser mais catalisador deste negócio, de se fazer alguma desburocratização, alguma alteração de regulamentação porque o negócio tem tudo para crescer mas tem de ser evidente para os investidores que há potencial de retorno. Se em conjunto conseguirmos ultrapassar essa questão e tornar este negócio norma, como qualquer outro com capacidade de retorno, será um factor muito positivo para crescer rapidamente para bem das empresas e do próprio mercado.
Esta é a terceira ou quarta edição da Tektónica segundo um modelo de não haver anualmente o encontro entre esta feira e a Concreta. Já é possível fazer algum balanço desse factor?
São inquestionavelmente dois eventos que actuam no mercado da construção. Como há outros. Mas têm características de tal maneira distintas, objectivos diferentes, que eles já não são comparáveis. O seu raio de acção e intervenção são diferentes. Enquanto a Tektónica tem a preocupação máxima, de o nosso posicionamento em mercados competitivos e no mercado nacional estar na linha da frente daquilo que são os novos modelos de negócios, estes são objectivos que estão muito distantes de outro tipo de eventos que se realizam em Portugal. São respeitáveis, têm a sua razão de ser mas são na sua essência diferentes, a única semelhança é actuarem no mercado da construção. A filosofia, o objectivo onde pretendem chegar e mesmo a ambição já pouco ou nada têm de igual. Mesmo os nossos expositores, na grande maioria, já nem recorrem ao discurso da opção entre uma ou outra. Cada um tem a sua ambição, o seu posicionamento e as suas metas e elas já são muito diferentes. A Tektónica tem no mercado português uma responsabilidade grande e tem de saber arcar com ela.
Nestes mercados que a Tektónica tenta explorar com mais enfoque, em que é que as empresas portuguesas conseguem ser competitivas?
São mercados em que há muito para fazer neste momento. Nos países do norte de África, por manifesta inexistência de infra-estruturas, habitação, etc., há um caminho grande a percorrer e na Polónia há um conjunto de eventos que ajudam à impulsão do mercado da construção. Em qualquer um destes países há oportunidades de negócio no curto prazo e há um factor importante que deve ser registado. O produto português tem qualidade e é visto com qualidade seja em que parte do mundo for. Temos excelentes características até mesmo ao nível do design e somos competitivos ao nível do preço. Temos é de criar estruturas, que implicam alterações na mentalidade das empresas portuguesas. Para se ir para esses mercados, as empresas têm de iniciar uma actividade contínua nesses mercados, criar uma estrutura própria mais complexa, mais simples, com mais ou menos parceiros seja de que formato for mas não é possível abordar os mercados pontualmente. Tem de se criar uma linha contínua de actuação e eu espero que no futuro próximo venha a aparecer uma nova figura de apoio às empresas portuguesas instaladas localmente nesses países de grande potencial que fomente a ligação continua e diária com o mercado. Toda a criação destas estruturas é complexa e pesada do ponto de vista financeiro e por isso obriga ao estudo de modelos que pode levar a associações de empresas e à criação, por elas mesmas, de grupos de acção. Estamos numa fase de grandes crescimento a esse nível que nos vai levar a novos modelos de participação e a deitar para trás o isolamento de cada empresa, o egoísmo de cada empresa, a empresa ver-se somente a si mesma. Tem de haver a noção de um conjunto de empresas que podem ajudar e ser complementares a bem do sucesso em novos mercados. Importa ir, abrir portas e criar uma estrutura que permita às empresas portuguesas estar diariamente nesses mercados.
Que modelo é defendido pela AIP/FIL?
Estamos a estudar com as empresas e de país para país as soluções são diferentes. Estamos disponíveis para apoiar as empresas nesse sentido, junto das entidades oficiais, para a criação desses pontos de apoio mais fixos e mais diários nos mercados que se revelem bons para as empresas portuguesas. Vamos caminhar nesse sentido. Mas o modelo não será sempre igual para todos os países, uns estão mais desenvolvidos, outros mais atrasados na adopção destes modelos de actuação. Mas cada vez se assistirá mais a associações de empresas para actuarem em conjunto. Não haverá no entanto um modelo único.
Como é que olha para a evolução da Tektónica? Como é que antevê a feira num futuro próximo?
O papel da Tektónica é estar atenta e servir de ferramenta para as empresas portuguesas a actuarem no mercado, é essa a sua função fundamental, sobretudo para as empresas portuguesas que têm capacidade de concepção de produto. A partir daí, o princípio é simples a execução é que é mais complexa. A Tektónica deve ser o espelho do que o mercado necessita e como tal deve desenvolver iniciativas de acordo com o que o mercado necessita no momento e não ser uma iniciativa estática. Deve responder aos desafios do mercado interno, daí as alterações que a Tektónica tem sofrido, para responder a isso mesmo. E olhando para o mercado externo, deve estar atenta às oportunidades mais rápidas em termos de retorno das apostas.