Especialistas discutem reabilitação no LNEC
No ano 2000 realizou-se o primeiro Encontro Nacional sobre Conservação e Reabilitação de Estruturas (REPAR 2000),
Pedro Cristino
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No ano 2000 realizou-se o primeiro Encontro Nacional sobre Conservação e Reabilitação de Estruturas (REPAR 2000), certame cujos objectivos incidiam sobre a promoção e o intercâmbio de experiências e informação no campo da conservação, reabilitação e restauro estrutural do património edificado em Portugal. Decorridos dez anos, estes objectivos mantêm-se e a Associação Portuguesa de Engenharia de Estruturas (APEE), organizadora do evento, decidiu realizar novo encontro, agora com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) como parceiro. É este o mote para o reabilitar 2010, realizado entre os dias 22 e 25 de Junho no LNEC, no qual participaram vários especialistas nacionais e internacionais, num ambiente de troca de experiências e de conhecimentos. Segundo a comissão organizadora, presidida por João Almeida Fernandes, “são considerados todos os tipos de estruturas”, bem como a “utilização dos diversos tipos de materiais estruturais”.
Um sector estratégico
A responsabilidade de participar na sessão de abertura deste certame ficou a cargo de João Almeida Fernandes, Fernando Branco, presidente da comissão científica, João Belo Rodeia, Bastonário da Ordem dos Arquitectos e Carlos Matias Ramos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE). Matias Ramos salientou “a importância da aposta na investigação” e no “intercâmbio dos vários agentes” em matérias “tão sensíveis e complexas como as que constam no programa do encontro, que engloba as áreas da conservação, reabilitação, restauro e manutenção do património português, com destaque para as edificações e infra-estruturas de maior complexidade”. O Bastonário da OE prosseguiu, afirmando que “a conservação do património” e a reabilitação são “sectores que regem o futuro das cidades” e são “determinantes para os sectores de projecto e da construção”. “A conservação e a reabilitação urbana constituem sectores estratégicos para os países desenvolvidos preocupados com a sustentabilidade das políticas urbanas”, referiu explicando que estes mesmos países têm uma “cultura de cidades” e, neste contexto, Matias Ramos ressalvou “os centros históricos” das cidades portuguesas, como “repositórios da memória e da identidade própria, desempenhando, pela sua localização na estrutura urbana, um papel central, nos aspectos culturais, comerciais e sociais da vida das cidades”. “A conservação do património construído e reabilitação urbana são, por isso, estratégias prioritárias para os argumentos de competitividade dos centros urbanos”, afirmou o Bastonário, explicando que a “reabilitação urbana é diferente da construção de raiz, e tem hoje de responder a um crescente número de expectativas e de solicitações específicas”. Para além de “defender e conservar o património construído”, a reabilitação tem, segundo Matias Ramos, de “dotar de capacidade de resposta à vida contemporânea, de integrar valores sociais, ambientais e de sustentabilidade”, para além de ser “economicamente viável”. Estas duas áreas – conservação e reabilitação – implicam também “uma componente técnica interdisciplinar e altamente especializada”. A conservação do património tem de “ter em conta o facto de as construções com valor histórico e patrimonial pertencerem a um passado histórico e, portanto, serem irrepetíveis”, neste sentido, “toda e qualquer acção de conservação do património edificado deve ser precedida de uma atitude crítica e responsável com respeito pelos princípios que, em cada momento e por cada cultura, sejam considerados pertinentes e aplicáveis”, esclareceu Matias Ramos, indicando que “há que ter em conta que os materiais utilizados nestas construções são documentos concretos que informam sobre a educação tecnológica dos seus construtores, as origens das suas matérias primas, os seus métodos construtivos e a sua perícia como engenheiros”.
Reabilitação Sísmica
Após a intervenção de Matias Ramos, o engenheiro suíço Urs Meier, cuja participação no certame foi já dissecada pelo Construir, subiu ao palanque, para falar sobre os novos desafios na reabilitação de estruturas. De entre as intervenções ocorridas no encontro, destaca-se a de Carlos Sousa Oliveira, presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES) e professor do Instituto Superior Técnico (IST) que abordou uma temática que tem sido objecto de grande alerta por parte dos engenheiros. “O que é necessário para que a reabilitação sísmica possa avançar?” foi a questão levantada por este engenheiro. “Na reabilitação de estruturas antigas temos grandes problemas de falta de legislação”, começou por referir este especialista, mencionando que, actualmente, existem “dois ou três exemplos interessantes de estudos que foram feitos após os sismos de 80 e de 98”. “Os recentes acontecimentos a nível mundial têm criado mais condições para despoletar, com maior intensidade, as regulações”, esclareceu, indicando que esta é uma questão “de cidadania” e que o problema “se cultura a vários níveis”, derivando de uma “falta de cultura de risco, da desvalorização do património, da falta de legislação adequada e de questões técnicas”. Carlos Sousa Oliveira apontou um problema de “hierarquia nas intervenções” e delineou a evolução do que têm sido as preocupações e as iniciativas efectuadas pelas organizações, no âmbito de tentar perceber qual o impedimento no campo do avanço da reabilitação sísmica, ao mesmo tempo em que perspectivam um conjunto de medidas e de acções a lançar para que o tópico seja explorado em todo o seu potencial. O responsável da SPES partiu entretanto para os anteriores cenários de sismos em Portugal e em outros países, como os casos de L’Aquila, em Itália, e do Haiti, e para a indicação das “zonas mais críticas” no país. Carlos Sousa Oliveira não se coibiu também de apresentar cenários hipotéticos de um eventual situação de terramoto em Portugal e das consequências que a mesma poderia ter a nível dos habitantes das cidades e das próprias estruturas. O professor rematou a sua apresentação com a identificação de tópicos que considerou serem relevantes para a promoção da reabilitação sísmica e a forma de os levar à execução.