Bak Gordon defende debate público sobre ocupação de espaços vazios em Lisboa
O arquitecto português Ricardo Bak Gordon defende a realização de um debate público sobre a ocupação dos espaços vazios em Lisboa, sustentando que “é preciso fazer renascer uma cidade oculta”. Bak Gordon é um dos arquitectos do grupo que representa Portugal na 12.ª Exposição Internacional de Arquitectura da Bienal de Veneza inaugurada na sexta feira… Continue reading Bak Gordon defende debate público sobre ocupação de espaços vazios em Lisboa
Lusa
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O arquitecto português Ricardo Bak Gordon defende a realização de um debate público sobre a ocupação dos espaços vazios em Lisboa, sustentando que “é preciso fazer renascer uma cidade oculta”.
Bak Gordon é um dos arquitectos do grupo que representa Portugal na 12.ª Exposição Internacional de Arquitectura da Bienal de Veneza inaugurada na sexta feira e que vai ficar patente ao público até 21 de Novembro de 2010.
Intitulada “No Place Like – 4 houses – 4 films”, a exposição conta ainda com projectos emblemáticos de Álvaro Siza Vieira, João Luís Carrilho da Graça e Manuel e Francisco Aires Mateus.
Os comissários da exposição escolheram o projecto de Casas em Santa Isabel, em Campo de Ourique, da autoria de Ricardo Bak Gordon, edificado num terreno interior de um quarteirão.
“Lisboa está cheia destes espaços vazios que acabam muitas vezes por ser ocupados por garagens, estacionamentos ou até ficam abandonados e degradam-se”, assinalou o arquitecto, em declarações à agência Lusa.
Na opinião de Bak Gordon, estas áreas, que têm sido regeneradas, revelam uma “cidade oculta”, que também existe noutros centros urbanos na Europa.
“É um debate que temos de lançar necessariamente em Portugal. Estes espaços oferecem imensas possibilidades para revitalizar as cidades”, defendeu.
Recordou o trabalho realizado há anos pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira no Chiado, abrindo alguns pátios que ofereceram uma atmosfera diferente no centro histórico da capital, “mas que não teve continuidade”.
Recordou ainda os obstáculos actuais para a utilização destes territórios urbanos: casas desabitadas, problemas de arrendamento e de legislação.
“Mas não temos de ficar reféns destes problemas”, sustentou, apontando o caso do projecto agora exposto na Bienal de Veneza como um exemplo do que pode ser feito para aproveitar um espaço vazio na cidade.
“Foi um projecto privado, é certo, para uma casa particular, mas os espaços urbanos vazios podem ser aproveitados por projectos públicos e privados de forma a haver um equilíbrio na revitalização”, defendeu.
Sobre o filme criado pelo artista João Onofre sobre este projecto, Bak Gordon considerou-o “um reafirmar do que pode ser lido no projecto da casa”.
“O efeito surpresa do filme pode ser comparado à nova vida que o espaço não habitado ganhou”, disse, referindo-se ao vídeo do artista, que mostra um barco a ser transportado por um guindaste sobre os prédios do quarteirão, até atracar na pequena piscina das casas do projecto.
O filme reforça “esse sentido de um certo surrealismo na descoberta”, acrescentou, observando que a representação oficial portuguesa na Bienal de Veneza deste ano “é uma das mais fortes de sempre”.