Quebra no mercado de investimento imobiliário em Portugal reflecte efeitos da crise económica
“de Janeiro a Junho de 2011 foram registados negócios de investimento que totalizaram um valor na ordem dos €185 milhões, refletindo uma quebra de cerca de 30% face à actividade verificada em igual período do ano anterior”
Ana Rita Sevilha
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O mercado de investimento imobiliário em Portugal continuou a refletir no primeiro semestre de 2011 os efeitos da crise económica vivida no país, segundo a consultora imobiliária global Cushman & Wakefield (C&W).
Em comunicado de imprensa a C&W revela que, “de Janeiro a Junho de 2011 foram registados negócios de investimento que totalizaram um valor na ordem dos €185 milhões, refletindo uma quebra de cerca de 30% face à actividade verificada em igual período do ano anterior”.
Segundo Luís Rocha Antunes, partner e director do departamento de investimento da Cushman & Wakefield em Portugal, “a situação económica do País, bem como as duras condições de financiamento, tiveram no primeiro semestre do ano um forte impacto na actividade de investimento imobiliário”.
De acordo com a consultora imobiliária, a análise do volume médio por negócio efectuado “confirma um primeiro semestre pouco dinâmico, situando-se este indicador nos €7,4 milhões, implicando uma importante descida face ao valor verificado no primeiro semestre de 2010, €13 milhões, e face à média dos últimos dez anos, na ordem dos €18 milhões”.
Esta quebra, sublinha, “foi em grande parte provocada pela quase ausência de transações efetuadas por investidores estrangeiros, que representaram um peso de apenas 3% no volume total, rondando os €6 milhões; há mais de uma década que não se verificava em Portugal um volume tão reduzido de investimento estrangeiro”.
Os momentos de incerteza vividos no final da anterior legislatura até ao momento das eleições tiveram um forte impacto na tomada de decisões por parte dos investidores estrangeiros, refere a mesma fonte, com “um conjunto importante de negócios que, no início do ano estavam muito próximos de ser fechados, a serem adiados ou mesmo cancelados com o agravar da crise da dívida” refere Luis Rocha Antunes.
“Os primeiros meses de governação da actual equipa, bem como a evolução dos indicadores económicos, serão cruciais para o retomar do interesse de investidores estrangeiros. Existem hoje excelentes oportunidades de compra no mercado, que serão seguramente aproveitadas por investidores que mantém Portugal no seu radar”, conclui Luís Rocha Antunes.
O maior negócio do semestre, garante a consultora que foi a compra das unidades da Worten e do Continente no Centro Comercial Vasco da Gama por parte do fundo imobiliário nacional Imofomento, gerido pela BPI Gestão de Activos. A esta seguiu-se a compra do Forte da Ameixoeira, ocupado pelos Serviços de Informação e Segurança e adquirido pelo fundo Fundiestamo I; e um portfólio de frações de habitação adquirido pela Square Asset Management. O sector de retalho atingiu a primazia em termos de investimento, seguido de forma surpreendente pelo sector residencial que representou 34% do total dos capitais investidos.
A situação vivida na atividade de investimento obrigou a uma correção em baixa dos valores dos ativos no 2º trimestre do ano, “assim em Junho de 2011 as yields prime situaram-se nos 7,25% para centros comerciais, 7,50% para escritórios e 9,00% para industrial, diferenças que variam entre os 175 e os 200 pontos-base quando comparadas com o pico do mercado, em 2007”.
Luís Rocha Antunes conclui: “A incerteza quanto ao momento em que se irá dar a inversão na curva de crescimento das economias, e quanto aos custos reais que esta crise pode ter provocado, levou a uma retoma de maior cautela por parte de investidores e financiadores, não sendo previsível alteração do nível de valores nos próximos meses”.