Sacyr propõe-se a retomar negociações mas ACP exige que empresa reinice as obras do Canal do Panamá
Consórcio construtor reclama demora na resposta às reclamações de custos imprevistos, da qual resulta a falta de liquidez que dificulta a continuação dos trabalhos de construção
Pedro Cristino
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A Sacyr, empresa detentora do capital da Somague, mostrou-se disponível para continuar as negociações com a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), contudo, esta última exige que a construtora espanhola recomece os trabalhos de construção das obras de ampliação que haviam sido completamente suspensos.
“Não nos retirámos da mesa”, afirmou o administrador da ACP, citado pelo diário espanhol El Mundo. O jornal refere ainda que Jorge Quijano, não descartou a hipótese de, findo o prazo das negociações, alcançar um acordo com o GUPC, consórcio liderado pela Sacyr responsável pela obra, embora tenha alertado que a “janela” para este acordo “se fecha” a cada minuto que passa.
Por sua vez, de acordo com o El Mundo, a Sacyr destacou que a eventual paralização das obras de ampliação do Canal depende da resposta que a autoridade gestora desta infra-estrutura dê a uma última proposta de acordo que lhe enviou o consórcio, segundo terá afirmado Manuel Manrique, presidente da construtora, ao diário.
“Não existe uma data em concreto, mas depende da resposta do Canal”, declarou Manrique à Cadena Ser, relativamente a uma eventual paralização dos trabalhos. Neste ponto, o presidente da Sacyr explicou que, após a ACP dar por quebradas as negoicações, o consórcio que a construtora lidera remeteu a este organismo uma carta com a “última proposta”, onde se propunha a continuar as negociações, esperando receber resposta “nas próximas horas”.
Manrique relembrou que o problema que ameaça a conclusão da ampliação do Canal do Panamá consiste na falta de liquidez que afecta o consórcio impedindo-o de continuar os trabalhos. Esta falta de liquidez deriva, segundo o responsável da construtora, da demora por parte das entidades responsáveis, em responder às reclamações que as empresas do consórcio apresentaram pelas derrapagens orçamentais que se vão acumulando no projecto e que alcançam cerca de 1,2 mil milhões de euros.
“A obra, como todas as obras grandes e com complexidades técnicas, tem custos imprevistos, que não queremos que sejam pagos pela ACP, porque o contrato prevê que isso seja determinado mediante arbitragens, e é isso que estamos a fazer”, explicou Manrique.
“Todavia, como depois de quatro anos de obras, a resolução das reclamações pelos orgãos previstos no contrato não foram resolvidas, existe falta de liquidez e é isso que estamos a negociar”, concluiu o presidente da Sacyr.