Rede de Judiarias projecta criação de centros de memória
Jorge Patrão adiantou ainda que estes projetos contam com o financiamento norueguês — a associação conquistou, através do programa “EEA Grants 2009-2014”, um apoio de quatro milhões de euros
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A Rede de Judiarias está a projectar a criação de centros de memória, que podem ter a ver com a história medieval, com a inquisição ou com a segunda guerra mundial, disse à agência Lusa o secretário-geral da organização.
Jorge Patrão adiantou ainda que estes projectos contam com o financiamento norueguês — a associação conquistou, através do programa “EEA Grants 2009-2014”, um apoio de quatro milhões de euros.
“Temos por exemplo, a recuperação da Igreja da Vila de Alenquer, que já foi mandada restaurar em 1560 pelo célebre Damião de Góis, que, não sendo judeu, foi uma vítima da inquisição, e que, como se sabe, no tempo do Estado Novo, até o túmulo e as armas do mesmo tiveram de ser retiradas”, apontou, recordando que aí também será construído um memorial a Damião de Góis e às vítimas da inquisição.Para concretizar até 2016, e em parceria com a Câmara Municipal e com a Santa Casa da Misericórdia de Leiria, está a reabilitação da Igreja da Misericórdia que está localizada em plena judiaria medieval e que está, actualmente, muito degradada e abandonada.
“Vamos recriar a existência dos dois espaços que aí convergiram, isto como um símbolo de diálogo entre religiões e interculturas, já que o templo judaico que aí existiu acabou por dar lugar a uma igreja cristã”, especificou. O projecto a levar a cabo em Leiria integrará também a recriação de uma daquelas que foi uma das primeiras tipografias existentes em Portugal e que “imprimiu o célebre Almanaque Perpétuo do mestre Abraão Zacuto”. Já em Tomar, está perspectivada a revitalização de uma das mais simbólicas sinagogas portuguesas, que ainda mantém a arquitectura do século XV.
“Em suma, estamos a falar de intervenções que são significativas e que vão deixar polos de visita e de interesse cultural e turístico por todo o país”, apontou. A RJP tem em andamento um conjunto de outras acções, das quais Patrão destaca uma exposição itinerante que mostrará o que foi o papel dos judeus portugueses na história portuguesa e também qual foi o papel que tiveram no estrangeiro os judeus portugueses, que saíram do país. A rede pretende que esta exposição, que deverá percorrer todo o país, seja lançada em 2015, provavelmente no estrangeiro. “Ainda não está definido, mas nós gostaríamos que fosse apresentada pela primeira vez em Oslo [Noruega], isto por uma questão de agradecimento [a propósito do financiamento]”, revelou. A RJP tem sede em Belmonte, localidade local onde se encontra a maior comunidade judaica no país, e os 28 municípios que a integram são: Alenquer, Almeida, Belmonte, Castelo Branco, Castelo de Vide, Covilhã, Elvas, Évora, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres e Freixo de Espada à Cinta.
* com Lusa
Fundão, Guarda, Idanha-a-Nova, Lamego, Leiria, Lisboa, Meda, Penamacor, Penedono, Porto, Sabugal, Seia, Tomar, Torre de Moncorvo, Torres Vedras, Trancoso e Vila Nova de Foz Côa são os restantes municípios da rede.