Como a construção metálica quer representar 3% do PIB em 2030
“O nosso objectivo é, até 2030, triplicar o peso que as nossas empresas têm no produto interno bruto de Portugal e elevá-lo para 3%”, concluiu o administrador da CMM
Pedro Cristino
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A caminho da “Construção & Logística 5.0”
É actualmente um dos sectores da “pole position” das exportações portuguesas e tem crescido cerca de 30% ao ano. A construção metálica nacional está optimista e, com um crescimento anual de 30%, prevê triplicar o seu peso actual de 1% do PIB até 2030
Sector exporta mais de 80% da produção
“As empresas portuguesas tornaram-se das mais competitivas do mundo, têm crescido 30% ao ano e exportam mais de 80% do que produzem: pesam hoje 1% do PIB português e querem triplicar esse valor”, declarou a associação, em comunicado, na apresentação do evento. A mesma fonte sublinha que a evolução tecnológica da indústria do aço, a subida dos preços das matérias-primas prevista para a próxima década e, sobretudo, o facto de os metais serem 100% recicláveis, “farão com que a construção metálica ganhe quota de mercado até 2030 em todos os continentes” e, nesse processo, as empresas portuguesas – “bem como as universidades nacionais – estão na linha da frente”. Filipe Santos explicou que “as soluções metálicas são mais competitivas porque, desde logo, incorporam mais tecnologia do que o betão: baseiam-se em elementos pré-fabricados que são mais leves e, por isso, viajam melhor e com menos custo para qualquer parte do mundo” e salientou também que “a possibilidade de reciclagem total não só baixa drasticamente os custos, como diminui a pegada ecológica”. “O nosso objectivo é, até 2030, triplicar o peso que as nossas empresas têm no produto interno bruto de Portugal e elevá-lo para 3%”, concluiu o administrador da CMM. Esta indústria, “muito concentrada na metade Norte do país”, garante mais de 16 mil postos de trabalho directos e atingiu, em 2014, um volume de negócio superior a 1.500 milhões de euros, segundo os dados da associação. Segundo Filipe Santos, “o mercado internacional sabe bem que as empresas portuguesas colocam qualquer estruturas metálica em qualquer parte do mundo, de uma forma muito ágil e com uma qualidade elevadíssima”. “Como as empresas portuguesas se tornaram extremamente competitivas a nível mundial, nomeadamente devido à sua ligação à investigação académica, é fundamental antecipar o que aí vem em termos tecnológicos e comerciais para podermos usar todo o nosso potencial e ganhar mais dinheiro”, continuou o responsável da CMM.
Certificar para exportar
À imagem das empresas portuguesas do sector da construção metálica, também a CMM tem estado activo e lançou, no ano transacto, um processo de certificação da qualidade do aço português, o Portugal Steel, que permite atribuir às empresas que se candidatem, o selo “Quality Steel”, que tem três níveis – bronze, prata e ouro. O selo “Quality Steel” é um referencial de “boas práticas industriais por parte das empresas às quais é atribuído”. Este referencial envolve a utilização de matéria-prima de qualidade, máquinas que evitam o erro nas peças fabricadas, tecnologias de manutenção activas (as quais garantem, por exemplo, que as máquinas não irão avariar e os prazos serão cumpridos), utilização de materiais recicláveis, segurança no trabalho e grande preocupação ambiental. “É, naturalmente, exigido o cumprimento integral dos referenciais e das normas mais exigentes da União Europeia”, frisa a CMM em comunicado. De acordo com a associação, este processo de qualificalão da indústria perante os mercados interno e externo tem como objectivo, sobretudo, o incremento das exportações e a garantia de alta qualidade do Portugal Steel – “uma qualidade certificada e auditada regularmente” – é proposta como a “principal chave para reforçar a fidelização dos mercados onde as empresas nacionais actuam”.
Dos mercados emergentes à Europa
Actualmente, a construção metálica nacional tem dois grandes mercados. O mercado dos países emergentes engloba países como Angola, Colômbia, Bolívia, Perú, Argélia, Marrocos e Tunísia, entre outros. Nesta região, a construção metálica é “a solução certa” para os actuais momentos de desenvolvimento destes países. “Como é mais leve do que o betão, a importação da matéria-prima é muito mais barata e permite fazer pontes, fábricas, casas e outras construções a uma velocidade recorde (o betão precisa de anos), incorpora facilmente a mão de obra local e é 100% reciclável”, sublinha a CMM. O mercado europeu é também um mercado primordial para este sector, “sobretudo França, onde a nova arquitectura gosta de incorporar cada vez mais revestimentos e elementos decorativos em metal”. Segundo a associação, trata-se de um mercado exigente, uma vez que os arquitectos europeus “são muito rigorosos e sofisticados”. Este factor não parece deter as empresas portuguesas que se têm saído “como peixe na água a fabricar e montar materiais para esse mercado de muitas obras de dimensão média-grande”. Para além destas regiões, a construção metálica portuguesa ambiciona agora entrar na “alta roda mundial da produção e montagem de plataformas off-shore, sobretudo para a indústria petrolífera” e terá sido essa a razão que levou a CMM a integrar a comitiva do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, à Noruega, onde foram iniciados contactos para o fornecimento de multinacionais que estão a extrair petróleo e outros recursos no Mar do Norte.
A “espinha dorsal” da competitividade lusa
Pedro Gonçalves salientou a “capacidade de internacionalização notável” e os 600 milhões de euros de exportações deste sector, durante a conferência. “Se pensarmos não só na construção metalo-mecânica, mas no sector da indústria metalo-mecânica, estamos a falar da maior realidade exportadora nacional”, sublinhou o secretário de Estado da Inovação, durante a sua participação na conferência. Para Pedro Gonçalves, o sector dispõe de uma hegemonia, de uma “capacidade e de uma competitividade que tomarámos nós que fosse representativa da economia portuguesa” no seu todo. “Durante muito tempo, os políticos, os economistas, os jornalistas, alimentaram a teoria dos campeões nacionais e os nosso campeões nacionais, como viemos a verificar rapidamente, na década volvida, eram campeões nacionais com pés de barro”, declarou, justificando esta afirmação, referindo que os visados eram somente “campeões das rendas nacionais”, que tinham o mercado protegido. “Os verdadeiros campeões nacionais estavam escondidos”, continuou, ressalvando que estes sectores eram bastante diferenciados dos outros, na medida em que estavam expostos à concorrência internacional, que se “apetrecharam no ponto de vista do conhecimento, da tecnologia e da inovação” e que investiram em talento. “Estes sectores são hoje, na minha opinião e na opinião do Ministério da Economia, os verdadeiros campeões nacionais” continuou Pedro Gonçalves, acrescentando que, “nessa medida”, o Ministério da Economia tem procurado ajudar os sectores que constituem “a espinha dorsal da nossa capacidade competitiva”. “Nesse respeito, tenho de dar os parabéns a este sector que foi um dos que contribuíram de forma relevante para que Portugal passasse em cinco anos de exportações que representavam cerca de 28% do PIB para mais de 40%”, afirmou.