Os números e o conceito por detrás do Novo Bolhão
Está avaliada em 20 milhões de euros a intervenção que vai permitir a requalificação do Mercado do Bolhão, no Porto, uma iniciativa apresentada pelo presidente do município, Rui Moreira, que não se compromete com prazos de conclusão. Na sessão de apresentação da obra, Rui Moreira garante que o concurso com vista à execução dos trabalhos… Continue reading Os números e o conceito por detrás do Novo Bolhão
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Está avaliada em 20 milhões de euros a intervenção que vai permitir a requalificação do Mercado do Bolhão, no Porto, uma iniciativa apresentada pelo presidente do município, Rui Moreira, que não se compromete com prazos de conclusão.
Na sessão de apresentação da obra, Rui Moreira garante que o concurso com vista à execução dos trabalhos será lançado “depois do Verão”. O sucessor de Rui Rio à frente da autarquia adiantou ainda que todos os comerciantes actualmente no mercado podem voltar quando este estiver dotado de aquecimento artificial para o Inverno, de coberturas no piso inferior, acesso directo ao metro e cave técnica com acesso para cargas e descargas a partir da rua Alexandre Braga. Rui Moreira explicou ainda que que quer candidatar o projecto a fundos comunitários mas que a reabilitação avança independentemente disso e adiantou a intenção de arranjar mecenas para apoiar a animação do espaço, que vai manter a parte comercial e instalar restauração no piso superior, com entrada pela rua Fernandes Tomás, transferindo todo o mercado de frescos para o piso inferior. “Os mecenas são para ajudar a pagar a animação e a sustentabilidade futura. Isso não quer dizer que não seja um investimento público. [A operação] custa pelo menos 20 milhões de euros que autarquia tem condições para suportar. Naturalmente, vamos concorrer a fundos. Era o que mais faltava que não houvesse financiamento comunitário para um projecto destes”, esclareceu Moreira, em declarações aos jornalistas.
Edifício singular
O edifício reabilitado terá mercado de frescos no piso térreo e restaurantes. Sem cobertura superior nem estacionamento, o Bolhão vai ter, contudo, uma cobertura do piso térreo, onde ficará instalado o mercado de frescos, os talhos e as peixarias. Será uma cobertura em vidro, com características térmicas, que permitirá controlar a temperatura e a ventilação para quem ali se dirige. Apesar da alteração de materiais (as bancas de betão vão passar a ser em vidro e metal), as novas bancas de venda serão “uma reinterpretação” das que hoje existem, esclareceu o arquitecto Nuno Valentim, e essa não será a única memória visual a ser preservada. “Seremos absolutamente cuidados com um edifício que é singular”, disse o arquitecto, realçando que o projecto apresentado esta quarta-feira assentou em três vertentes: “edifício, mercado e pessoas”.
As lojas do exterior não terão reclames luminosos, mas toldos, à semelhança do que acontecia nos primeiros anos do edifício. As cortinas que as vendedoras de fruta e legumes correm, no piso superior, para proteger os seus produtos do sol, vão continuar também por ali, apesar de estar previsto que venham a proteger as pessoas que se instalem nas esplanadas dos restaurantes que devem nascer na ala Sul deste piso. Na ala Norte, de acordo com Nuno Valentim, ficarão “estruturas polivalentes que tanto podem receber mercados sazonais como actividades e outra natureza”.
Fim a espera de 30 anos
No entender de Rui Moreira, “o Porto espera, pelo menos há trinta anos, por obras neste Mercado”. Para o sucessor de Rui Rio à frente do municipio portuense, “trinta anos são muito tempo para um equipamento que a cidade reconhece como sendo uma sua jóia. Sobretudo, é tempo demais para os comerciantes que aqui exercem a sua actividade. Diria mesmo, que aqui vivem, há gerações e perpetuam de mãe para filha, de pai para filho, uma forma de ser Porto”. Reforçando a ideia de que os anos de discussão sobre o futuro do Bolhão não foram esquecidos e que o resultado agora apresentado é fruto dessa prolongada ponderação, Rui Moreira garante que “as soluções que aqui vamos aplicar, todas bastante conservadoras no seu aspecto final – propositadamente conservadoras – não são contudo um “lavar de cara”, como alguns chegaram a preconizar que bastaria”. Para o autarca, “os problemas estruturais do edifício, a degradação de um século de desgaste e o adiar de soluções, tornaram este mercado muito doente e a precisar de intervenções muito profundas. Também as exigências da modernidade nos obrigam a intervir em soluções tecnológicas actuais”. Em rigor, o autarca portuense não qualifica os trabalhos e questiona se o que há pela frente é “uma requalificação, uma regeneração, uma reabilitação ou um restauro”. “Deixo os conceitos e termos técnicos para a discussão natural que os arquitectos certamente lançarão. Na verdade, a qualificação da operação que aqui vamos começar, pouco importa aos portuenses. Chamemos-lhe então, simplesmente, ‘O Projecto do Mercado Bolhão’. Um projecto que tem uma dimensão de arquitectura, uma dimensão económica, uma dimensão cultural, uma dimensão turística e uma dimensão humana que ultrapassam, até, qualquer entendimento técnico”.