Investimento: Construção em choque ou um choque para o sector?
Há muito que o sector reclama medidas de choque que tardam em aparecer. A fileira da Construção reclama 40 mil milhões de euros para “vencer o desafio do crescimento e do emprego”
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Longe dos tempos áureos ou, sequer, de um patamar que se possa defender estável, os mais recentes dados afectos ao Sector da Construção mostram tréguas à recessão e, pelo menos, dois trimestres consecutivos a crescer ao nível no investimento, que cresceu, no segundo trimestre do ano, 1% em termos homólogos, e em relação à evolução do VAB (Valor Acrescentado Bruto), que registou uma variação positiva de 1,5%. Os números são, no entanto, explicados pela necessidade de alocar fundos do anterior quadro comunitário de apoios sob pena de serem devolvidos, inflacionando assim os principais indicadores.
A realidade, no entanto, parece ser outra, como explica a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, que defende medidas urgentes, na ordem dos 40 mil milhões de euros até 2020, que permitirão criar 210 mil empregos. Reis Campos sublinha a importância da tomada de medidas que permitam não só recuperar o défice de investimento como atenuar os efeitos nefastos de uma década perdida. O presidente da CPCI justifica a medida com a necessidade de se “vencer o desafio do crescimento e do emprego” e sustentando a medida em fundos europeus, de investimento estrangeiro e da criação de um fundo soberano. “Portugal precisa de investimento se quer vencer o desafio do crescimento e do emprego. Todos sabemos que não será através do Orçamento, mas só o Plano Juncker tem 315 mil milhões para apoiar investimentos estratégicos e essa é uma oportunidade que Portugal não pode perder”, garante Reis Campos.
Medidas indispensáveis
“Expandir o investimento em construção e imobiliário é indispensável para explorar o potencial endógeno da economia portuguesa e para reequilibrar o ‘stock’ de capital fixo, depois do ‘tsunami’ do investimento neste domínio, em particular, nos últimos quatro anos”, defendem os responsáveis da CPCI. De acordo com os cálculos efectuados pela organização, em 2014 verificou-se um défice de investimento de 12 mil milhões de euros em Portugal, dos quais 6,6 mil milhões de euros deveriam ter sido canalizados para o sector da construção e do imobiliário. A queda do investimento no produto em Portugal “foi mais rápida e mais profunda que na Europa”. Em 2014, o peso do investimento no PIB em Portugal rondava os 15,5%, contra 22,1% em 2007, tendo decrescido 6,6 pontos percentuais no período em análise, qualificada como “uma quebra colossal”. Em média, na União Europeia e em 2014, o peso do investimento no PIB situava – -se nos 19,6%, com uma redução de 2,9 pontos percentuais. “Actualmente, o défice de investimento no PIB em Portugal, analisado como desvio para a média europeia, atinge os 4,1 pontos percentuais. Este processo de divergência estrutural em matéria de investimento traduz-se numa redução do potencial produtivo e competitivo da economia portuguesa e, portanto, numa menor dinâmica económica no futuro, nas taxas de crescimento, na atractividade externa e na capacidade de criar emprego”, alerta a CPCI.
Quebra acentuada
A quebra acumulada do investimento em activos da construção e do imobiliário em Portugal, entre 2010 e 2014, atingiu os 39,5%, uma queda anual de 11,8%. Em apenas quatro anos, essa quebra foi oito vezes superior à média europeia, onde o investimento decresceu 5%, a uma taxa média de -1,3% ao ano. “Comparando com Espanha, a campeã mundial do investimento em construção no início do século XXI, a quebra acumulada no período em análise não atingiu os 30%; pior, mais uma vez, só mesmo a Grécia (- 52,8%)”, sublinha a CPCI.
Aposta em infra-estruturas
Fontes de financiamento são três. Além dos fundos comunitários (Portugal 2020, Mecanismo Interligar a Europa e Plano Juncker), combinados com financiamento privado de investidores internacionais, a CPCI pretende que se promova o investimento directo estrangeiro imobiliário com programas como o dos vistos gold e o regime de tributação de residentes Não habituais. E que se recorra ao Banco Mundial ou o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento e a fundos europeus de apoio à cooperação para financiar a internacionalização.