Requalificação da ilha da Bela Vista no Porto avança este mês
“Queremos que a identidade da Bela Vista seja mantida. A primeira preocupação é cuidar de quem aqui mora há gerações. Dar-lhes mais qualidade de vida”
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A Câmara do Porto aprovou a reabilitação da ilha da Bela Vista, onde as obras estão prestes a arrancar. A ilha, que começou por ser propriedade de um comandante do exército, esteve na posse de Pinheiro Torres – presidente da Câmara do Porto entre 1962 e 1969 –, andou pelas mãos dos moradores após o 25 de Abril e é gerido pela autarquia desde 2002, vai ser alvo de obras de requalificação que lhe vão mudar o rosto, mas que recusam alterar-lhe a alma.
“Queremos que a identidade da Bela Vista seja mantida. A primeira preocupação é cuidar de quem aqui mora há gerações. Dar-lhes mais qualidade de vida”, explica o arquitecto Fernando Matos Rodrigues, um dos responsáveis pelo projecto, lançado através de concurso público pelo município. “Depois, sim, há outro propósito que é o de repovoar a Bela Vista, se possível com pessoas que foram quase obrigadas a sair por falta de condições das casas”, reforça.
No fundo, é “tornar ainda mais comunitária” uma ilha que chegou a juntar 2 mil pessoas nos bailaricos do São João e onde a vida foi sempre marcada por interacção imensa entre todos que ali tiveram tecto. Que criaram raízes e laços fortes apesar das muitas dificuldades, como terem durante décadas de partilhar duches e retretes exteriores que davam para cinco casas cada. Ainda lá estão, aliás, embora hoje haja casas de banho em todos lares. Como também lá está o poço comum onde, reza a lenda da ilha, um dia caiu uma mulher que nunca de lá foi retirada. Ou estão as pias à porta ou as recordações de quando o saneamento básico foi instalado pelos próprios moradores à revelia da Câmara.
Uma oportunidade
As características ‘ilhas’ da cidade do Porto são “uma oportunidade de reabilitação e de repovoamento” e “não um mal a erradicar”, afirmou Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto.
O estudo apresentado pelo município em Abril serviu de “base para organizar um programa de requalificação das ilhas”, avançou o autarca. Porque “a regeneração da cidade faz-se também pela reabilitação e repovoamento das ilhas”, concluiu Rui Moreira.
No mesmo sentido Manuel Pizarro, vereador da Habitação e Ação Social, salienta a “enorme oportunidade” que representa a regeneração, requalificação e reabilitação das ilhas, com vista ao uso habitacional, mas também para “novos usos”, designadamente para desenvolver residências de estudantes.
O programa de requalificação das ilhas será preparado de forma “séria, rigorosa e participada”, requererá um esforço da Câmara, mas também dos proprietários e dos moradores “elementos essenciais” para a concretização deste trabalho, salientou Rui Moreira.
Coordenado por Isabel Breda Vásquez e Paulo Conceição, do Instituto da Construção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, este estudo apurou a existência de 957 “ilhas”, habitadas por cerca de 10.400 pessoas. As quase mil ‘ilhas’ da cidade são compostas por mais de oito mil casas sendo que apenas 4.900 estão habitadas. A freguesia com maior número de ilhas é Campanhã, com 243, seguida da União de Freguesias do Centro histórico e Cedofeita, com 176 e por Paranhos, com 155. A União de freguesias de Lordelo e Massarelos é a que tem menor número, com apenas 75.