Investimento no sector comercial em Portugal atinge “máximo histórico”
Registou-se, no país, um volume de transacções de 1,36 mil milhões de euros em activos de imobiliário comercial nos primeiro 10 meses deste ano
Pedro Cristino
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Segundo a Cushman & Wakefield (C&W), a actividade de investimento imobiliário no sector comercial em Portugal atingiu, em Outubro passado, um “máximo histórico” em termos de volume de investimento, registando-se, nos primeiros 10 meses do ano, um volume de transacções no país de 1,36 mil milhões de euros em activos de imobiliário comercial, “valor nunca antes atingido em 25 anos de registo de transacções”.
Valor de 2014 já ultrapassado
De acordo com a consultora imobiliária, o máximo até à data correspondia ao valor transaccionado em 2007, no “pico do mercado imobiliário em Portugal”, quando se alcançou, na totalidade do ano, 1,19 mil milhões de euros. Assim, a C&W destaca que, este ano, de Janeiro a Outubro, o volume de negócios de investimento ultrapassa já em 14% o valor de 2007 e representa um crescimento também face aos 12 meses de 2014 de quase 100%. Para Luís Rocha Antunes, partner e director do departamento de Investimento da Cushman & Wakefield, “a recuperação do mercado imobiliário e da economia tiveram, naturalmente, um importante contributo para este crescimento do investimento, mas também a boa imagem que Portugal hoje ainda tem no exterior, bem como a alocação crescente de capitais ao sector imobiliário, foram factores decisivos para a enorme atractividade que os imóveis portugueses têm no mundo”.
Americanos investem 600M€
A consultora imobiliária conclui que os investidores estrangeiros tiveram um papel “preponderante” nesta recuperação de actividade, “representando cerca de 90% do capital investido e 75% do número de negócios”. Neste contexto, os capitais americanos foram “os mais significativos”, canalizando para o imobiliário comercial nacional cerca de 600 milhões de euros, “renovando mais um máximo histórico para o investimento norte-americano no nosso país”. Por sua vez, o investimento espanhol, “ainda que tenha começado de forma tímida no início do ano”, representa hoje o segundo mercado que mais capital aloca aos activos nacionais, “representando cerca de 20% do total de capital estrangeiro investido, mais de 200 milhões de euros”.
Volume médio por negócio de 35M€
Para a Cushman & Wakefield, o volume médio por negócio de investimento comercial “confirmou o maior dinamismo do mercado, situando-se nos 35 milhões de euros, mais do que duplicando a média dos últimos 10 anos, próxima dos 15 milhões de euros”. Este indicador reflecte também, segundo a consultora imobiliária, a “tendência cada vez mais acentuada pela negociação de portfólios, que representaram, em valor, mais de 40% do valor transaccionado em 2015”. Após uns anos com menor atractividade junto dos investidores, o sector de retalho “retomou a primazia em termos de volume de capital investido, representando 56% do total”, sublinha a C&W, referindo que os escritórios, “mão obstante um início de ano mais modesto”, representam actualmente cerca de 25% do volume total investido.
Fechar o ano com 2MM€
De acordo com os dados da Cushman & Wakefield, o maior negócio do ano consistiu na compra de um portfólio de centros comerciais ao fundo alemã CG Malls, por parte dos investidores americanos Blackstone. Esta operação envolveu um valor total superior a 330 milhões de euros, tornando-se “o maior negócio de sempre em Portugal”. A consultora considera que a grande atractividade do imobiliário comercial português, “muito motivada pela actual relação qualidade versus preço, em conjunto com a ainda grande disponibilidade de capitais alocados ao investimento imobiliário, irá ser um importante contributo para manter e, inclusivamente, aumentar esta actividade do mercado”. Assim, a C&W tem expectativas para o fecho do ano que apontam para que se atinjam os 2 mil milhões de euros de volume de transacção”. “A manutenção deste interesse e confiança renovados no mercado nacional por parte de investidores estrangeiros estará naturalmente muito dependente da evolução da actual situação política que vivemos, qualquer que seja o Governo”, alerta Luís Rocha Antunes. Segundo o partner da Cushman & Wakefield, “questões de fundo, como são as garantias de manutenção do controlo apertado das finanças públicas, e uma postura reformista do Governo em matérias de legislação – como é o caso da legislação laboral, arrendamento e fiscalidade – são elementos cruciais para a confiança na economia, factor essencial para entrada de capital criador de riqueza e emprego”.