A importância da conservação e reabilitação da rede rodoviária
Fátima Batista, Investigadora Auxiliar do Núcleo de Infraestruturas de Transportes do Departamento de Transportes do LNEC e Maria de Lurdes Antunes, Investigadora Coordenadora e Vogal do Conselho Directivo do LNEC, falam dos avanços nas técnicas
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A conservação e a reabilitação de forma sustentável da rede rodoviária construída constitui um dos grandes desafios dos nossos dias. Neste contexto, o reaproveitamento de materiais recuperados dos pavimentos a reabilitar, através da reciclagem, assume um papel muito importante na construção rodoviária, proporcionando, além de uma efectiva redução da produção de resíduos e do consumo de recursos naturais, benefícios ao nível do consumo de energia e dos efeitos ambientais relacionados.
Estão disponíveis no mercado, diversas técnicas de reciclagem de misturas betuminosas, que se classificam, geralmente, quanto ao local onde é feita a reutilização do material recuperado (“in situ” ou em central) e quanto à temperatura de fabrico e de aplicação da mistura reciclada (p. ex. a quente, temperada, a frio). A reciclagem “in situ” consiste na recuperação dos materiais presentes nas camadas superiores do pavimento, normalmente por fresagem, e na sua reutilização, no próprio local, no fabrico e aplicação de uma nova camada,
recorrendo-se para tal a equipamentos específicos para esse efeito – as máquinas recicladoras -. Neste tipo de reciclagem, é reciclado todo o material fresado do pavimento.
A reciclagem em central consiste no fabrico numa central de produção de misturas betuminosas de uma mistura reciclada, utilizando para o efeito misturas betuminosas recuperadas, um ligante betuminoso, agregados novos e eventualmente aditivos. Geralmente, são utilizadas para este efeito centrais betuminosas tradicionais, as quais são adaptadas para a introdução de um novo tipo de material: os materiais betuminosos recuperados, geralmente provenientes da fresagem das camadas degradadas dos pavimentos a reabilitar. A taxa de incorporação de material a reciclar que é permitida introduzir na central depende muito do tipo de adaptação que é efectuada. Por exemplo, a adopção de um tambor próprio para o material betuminoso recuperado, permite, geralmente, a adopção de taxas maiores de incorporação. Nos últimos anos, têm também sido desenvolvidas novas tipologias de tambores, que permitem a incorporação de taxas superiores a 70 %.
Em Portugal, desde a década de 90, que têm sido realizadas obras importantes de reciclagem em central a quente (utilizando como ligante betume) e de reciclagem “in situ” a frio (utilizando como ligante emulsão betuminosa eventualmente combinada com pequenas percentagens de cimento). Houve também já experiências pontuais em que foi utilizada a reciclagem em central temperada (utilizando como ligante emulsão betuminosa).
De facto, a primeira obra de reciclagem dos pavimentos “in situ” a frio de que há registos, data de 1993, e teve lugar no âmbito da reabilitação do pavimento da EN 12 – Estrada de Circunvalação do Porto (Prates e Barros, 1998; Marques, 1999). Diversas obras de reciclagem “in situ” a frio foram realizadas desde essa data até finais da década de 2000.Já quanto à reciclagem a quente em central, em 1999 foi realizada a obra de reabilitação do pavimento da EN 105 entre Travagem e Santo Tirso, no âmbito da qual se procedeu ao reforço do pavimento com uma camada de regularização em mistura betuminosa a quente, fabricada em central, incorporando materiais betuminosos recuperados (provenientes da fresagem das camadas superiores do pavimento existente num troço da EN 14 situado naquela zona) (Batista et al., 2000).
Em Portugal, à semelhança da generalidade dos países europeus, é corrente o fabrico de misturas betuminosas a quente incorporando cerca de 10 % de mistura betuminosa recuperada. Nos últimos anos, têm sido alcançados avanços significativos na concepção, formulação e caracterização do comportamento de misturas recicladas, nomeadamente através do desenvolvimento de projectos de investigação à escala
europeia, tais como os projectos DirectMat, ReRoad e CoRePaSol, nos quais o LNEC participou. Paralelamente, tem-se igualmente registado uma importante evolução nas soluções disponíveis ao nível da tecnologia, nomeadamente em termos dos equipamentos.
Espera-se que a divulgação dos últimos avanços que têm sido alcançados constitua um novo estimulo à adopção das técnicas de reciclagem na reabilitação dos pavimentos.
REFERÊNCIAS
Batista, F.A.; Antunes, M.L.; Pathé, P.; Botelho, T.(2002). Reabilitação do pavimento do IP2, entre a Barragem do Fratel e a
EN 118, utilizando reciclagem a frio com emulsão betuminosa. Atas do 2º Congresso Rodoviário Português “Estrada 2002”,
LNEC, Lisboa, Portugal, Volume III: 213-231.
Bragança, A.; Soares Pires, A. (2006). Estudo de caso 1: Fabrico e aplicação de misturas recicladas a quente em central, na obra de reabilitação da auto-estrada A1. Comunicações do “Seminário Pavimentos Rodoviários Verdes”, Lisboa, Portugal, 36p.
Prates, M. & Barros, R. (1998). As novas técnicas de pavimentação em Portugal. Fórum Internacional sobre Novas Técnicas de Pavimentação, Barcelona, Espanha, 26 e 27 de Novembro de 1998 Marques, J.A. (1999). Reciclagem “in situ”. Acção de formação “As emulsões betuminosas e suas aplicações”, Centro Rodoviário Português, Lisboa, 24 a 26 de Novembro de 1999
Batista, F.A.; Antunes, M.L.; Marques, J.A. (2000). Reutilização de materiais betuminosos fresados na reabilitação de pavimentos. Atas do 1º Congresso Rodoviário Português “Estrada 2000”, LNEC, Lisboa, Portugal, Volume II: 689-702.