Opinião: (RE)INVENTAR A PROFISSÃO DO ARQUITECTO
Cláudia Costa Santos, arquitecta
Presidente do Conselho Directivo Regional Norte da Ordem dos Arquitectos
CONSTRUIR
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Desde o início do século XX a profissão do arquitecto tem vindo a expandir-se quanto à sua inserção social, adequando-se às exigências da sociedade. Desde o arquitecto dedicado exclusivamente à concepção de edifícios privados para uma burguesia que via a habitação como um símbolo de prestígio social e reconhecia a qualidade da obra do arquitecto; à concepção de programas de equipamentos para um cliente colectivo; passando pelo arquitecto ligado ao aparelho do Estado (derivado à politica de obras públicas do Estado Novo) ao exercício de planeamento urbano, a par com a encomenda pública para os arquitectos que trabalhavam em regime de profissional liberal; ao arquitecto assalariado que surge com o aumento das actividades imobiliárias; à época pós revolução de 1974, em que a queda das actividades imobiliárias teve como consequência a transição dos assalariados para o aparelho do estado, para as autarquias e para o ensino.
Das várias e sucessivas solicitações da sociedade no século XX, o arquitecto torna-se multifacetado, desdobrando-se em diversas actuações. O resultado dessa dinâmica, fez com que o número de profissionais mais que duplicasse.
Mas a entrada no século XXI, trouxe bastantes preocupações. É cada vez maior e mais perturbador o peso que o presente adquire sobre o passado e sobre o futuro.
Enredada desde a sua afirmação, principalmente enquanto actividade autónoma e legitimada, a profissão de arquitecto vem assistido a um conjunto de mudanças derivadas dos diversos contextos políticos, económicos e sociais. A situação actual de instabilidade social, política e económica, de perspectivas liberalizadoras do mercado (tendo a despromoção qualificada da profissão como consequência) propícia a necessidade de encararmos a profissão de uma nova forma, de nos envolvermos e reorganizarmos socialmente, ajustando-nos às novas exigências sócio-profissionais e ao mercado de trabalho.
Com esse propósito, a Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos, tem promovido debates e reflexões sobre estratégias para o futuro da profissão, como o ‘1º Summit de Arquitectura em Portugal’ realizado no passado mês de Julho e a Conferência ‘Glocal Settings’ que ocorrerá em parceria com a GECoRPA, nesta edição da Feira Concreta.
Mais do que focar a atenção para os problemas que a profissão atravessa, o 1º Summit trouxe vários conteúdos/orientações que indicam novas oportunidades.
O arquitecto deverá romper com os paradigmas vigentes e construir o exercício da sua profissão em colaboração com diversos profissionais, incluindo outros arquitectos.
A palavra-chave é colaboração, como acto de trabalhar em conjunto em todos os contextos, produzindo o pensamento que poderá levar à resolução de desafios aparentemente irresolúveis à luz dos actuais modelos organizacionais.
Para tal, são necessárias estruturas maiores, mais competitivas, à escala internacional, onde o arquitecto deverá reconhecer o seu “papel vocacional” enquanto parte integrante de uma equipa, de forma a alcançar a diversidade da profissão de arquitecto, como garantia do seu futuro e gerador de um ambiente mais criativo e mais competitivo.