Como o maior complexo solar do mundo pode mudar o panorama energético em África
Após um investimento de cerca de 9 mil milhões de dólares (quase 8 mil milhões de euros) o maior complexo de centrais de energia solar (CES) do mundo foi inaugurado perto da cidade de Ouarzazate, em Marrocos. Financiado pelo Banco Mundial e por outros parceiros de desenvolvimento, o Complexo de Energia Solar Noor-Ouarzazate já entrou… Continue reading Como o maior complexo solar do mundo pode mudar o panorama energético em África
Pedro Cristino
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Após um investimento de cerca de 9 mil milhões de dólares (quase 8 mil milhões de euros) o maior complexo de centrais de energia solar (CES) do mundo foi inaugurado perto da cidade de Ouarzazate, em Marrocos. Financiado pelo Banco Mundial e por outros parceiros de desenvolvimento, o Complexo de Energia Solar Noor-Ouarzazate já entrou em funcionamento e poderá fornecer energia a 1,1 milhões de pessoas e reduzir as emissões de carbono em cerca de 760 mil toneladas por ano, de acordo com o grupo financeiro Climate Investment Funds (CIF), que contribuiu com um financiamento de cerca de 386 milhões de euros para este projecto.
Exemplo regional
Para o Rei de Marrocos, Mohammed VI, esta central acentua a determinação do país na redução da dependência dos combustíveis fósseis, através de uma utilização reforçada das energias renováveis, para alcançar um avanço substancial rumo a um desenvolvimento com baixos níveis de emissões de carbono. O CIF antevê que este complexo, que envolve três centrais, alcance uma capacidade instalada de 500 MW até 2018, e prevê também que o mesmo leve à redução da dependência energética do país em cerca de 2,5 milhões de toneladas de petróleo. “Com este audaz passo rumo a um futuro de energia limpa, Marrocos é pioneiro num desenvolvimento mais verde e em desenvolver tecnologia solar de ponta”, declarou a directora nacional para o Magrebe, do Banco Mundial, referindo que “o retorno deste investimento será significativo para o país e o seu povo, ao aumentar a segurança energética, criando um ambiente mais limpo e encorajando novas indústrias e criação de emprego”. No âmbito deste projecto, que cobre uma área superior a Rabat, a capital do país, a Agência Marroquina para a Energia Solar assegurou mais de 3 mil milhões de dólares (2,6 mil milhões de euros) de financiamento para este projecto através do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), do CIF, de instituições financeiras europeias e do Banco Mundial. Para Mafalda Duarte, responsável máxima do CIF, “este lançamento mostra que o financiamento de baixo custo e a longo prazo proporcionado pelo CIF pode servir como a faísca que atrai os financiamentos públicos e privados necessários para a construção de CES a um custo atractivo para países interessados em desenvolver energia solar”. “O complexo solar de Noor faz parte de operações inovadoras do BAD no sector energético, em termos de financiamento e tecnologia”, afirmou Yacine Fal. Para o representante do BAD em Marrocos, este projecto “serve como um exemplo para África e para o mundo sobre como criar rumos eficientes para economias mais verdes e inclusivas através da energia renovável”.
Reduzir dependência
Numa entrevista ao diário britânico “Guardian”, no final do ano passado, o ministro marroquino do Ambiente lembrou que o país não é um produtor de petróleo. “Importamos 94% da nossa energia em combustíveis fósseis do estrangeiro e isso tem grandes consequências para o nosso orçamento de estado”, destacou Hakima el-Haite. “Também costumávamos subsidiar os combustíveis fósseis, o que tem um elevado custo, então, quando ouvimos falar no potencial da energia solar pensámos: porque não?”, referiu ao “Guardian”. De acordo com a publicação, a energia solar será responsável por um terço de toda a energia renovável produzida por Marrocos até 2020, com a eólica e a hídrica a dividirem os outros dois terços de igual forma.
Ambição renovável
A ambição deste país do Magrebe não fica por este projecto. “Estamos já envolvidos nos cabos de transporte de energia eléctrica em alta tensão para cobrir todo o sul de Marrocos e a Mauritânia, num primeiro passo”, revelou Ahmed Baroudi, gestor da Société d’Investissements Energétiques, ao jornal anglófono. Todavia, o responsável da empresa pública marroquina de investimento em energia salientou que o derradeiro impacto deste projecto irá ainda mais além – “talvez até ao Médio Oriente”. “O objectivo [final] de sua majestade, o rei, é Meca”, assegurou. Neste sentido, a agência de energia solar de Marrocos, a Masen, tem já a decorrer negociações com a Tunísia, enquanto a exportação para norte, através do Mediterrâneo, permanece um objectivo fulcral destes países. “Acreditamos que é possível exportar energia para a Europa, mas antes teríamos de construir ligações que ainda não existem”, afirmou a porta-voz da Masen ao Guardian. “Especificamente, teríamos de construir interligações, que não podiam continuar na rede existente em Espanha, e, aí, poderíamos começar a exportar”, explicou Maha el-Kadiri.