Como o maior complexo solar do mundo pode mudar o panorama energético em África
Após um investimento de cerca de 9 mil milhões de dólares (quase 8 mil milhões de euros) o maior complexo de centrais de energia solar (CES) do mundo foi inaugurado perto da cidade de Ouarzazate, em Marrocos. Financiado pelo Banco Mundial e por outros parceiros de desenvolvimento, o Complexo de Energia Solar Noor-Ouarzazate já entrou… Continue reading Como o maior complexo solar do mundo pode mudar o panorama energético em África
Pedro Cristino
AM|48 lança investimento de 25M€ em Oeiras
Bartolomeu Costa Cabral (1929-2024): Ordem recorda legado forte na arquitectura portuguesa
BOMO Arquitectos assinam reconversão de casa rural em Silves (c/ galeria de imagens)
O expectável aumento do volume de investimento na hotelaria europeia
Roca apresenta “Sparking Change” na Fuorisalone
Habitação: Câmara de Lagos aprova investimento de 9,4M€ na compra de terrenos
Vila Galé inaugura hotéis na Figueira da Foz e Isla Canela
Prémio Nacional do Imobiliário 2024 distingue empreendimentos do sector
DS Private reforça rede
Salto Studio ganha concurso para antiga Colónia Balnear da Areia Branca
Após um investimento de cerca de 9 mil milhões de dólares (quase 8 mil milhões de euros) o maior complexo de centrais de energia solar (CES) do mundo foi inaugurado perto da cidade de Ouarzazate, em Marrocos. Financiado pelo Banco Mundial e por outros parceiros de desenvolvimento, o Complexo de Energia Solar Noor-Ouarzazate já entrou em funcionamento e poderá fornecer energia a 1,1 milhões de pessoas e reduzir as emissões de carbono em cerca de 760 mil toneladas por ano, de acordo com o grupo financeiro Climate Investment Funds (CIF), que contribuiu com um financiamento de cerca de 386 milhões de euros para este projecto.
Exemplo regional
Para o Rei de Marrocos, Mohammed VI, esta central acentua a determinação do país na redução da dependência dos combustíveis fósseis, através de uma utilização reforçada das energias renováveis, para alcançar um avanço substancial rumo a um desenvolvimento com baixos níveis de emissões de carbono. O CIF antevê que este complexo, que envolve três centrais, alcance uma capacidade instalada de 500 MW até 2018, e prevê também que o mesmo leve à redução da dependência energética do país em cerca de 2,5 milhões de toneladas de petróleo. “Com este audaz passo rumo a um futuro de energia limpa, Marrocos é pioneiro num desenvolvimento mais verde e em desenvolver tecnologia solar de ponta”, declarou a directora nacional para o Magrebe, do Banco Mundial, referindo que “o retorno deste investimento será significativo para o país e o seu povo, ao aumentar a segurança energética, criando um ambiente mais limpo e encorajando novas indústrias e criação de emprego”. No âmbito deste projecto, que cobre uma área superior a Rabat, a capital do país, a Agência Marroquina para a Energia Solar assegurou mais de 3 mil milhões de dólares (2,6 mil milhões de euros) de financiamento para este projecto através do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), do CIF, de instituições financeiras europeias e do Banco Mundial. Para Mafalda Duarte, responsável máxima do CIF, “este lançamento mostra que o financiamento de baixo custo e a longo prazo proporcionado pelo CIF pode servir como a faísca que atrai os financiamentos públicos e privados necessários para a construção de CES a um custo atractivo para países interessados em desenvolver energia solar”. “O complexo solar de Noor faz parte de operações inovadoras do BAD no sector energético, em termos de financiamento e tecnologia”, afirmou Yacine Fal. Para o representante do BAD em Marrocos, este projecto “serve como um exemplo para África e para o mundo sobre como criar rumos eficientes para economias mais verdes e inclusivas através da energia renovável”.
Reduzir dependência
Numa entrevista ao diário britânico “Guardian”, no final do ano passado, o ministro marroquino do Ambiente lembrou que o país não é um produtor de petróleo. “Importamos 94% da nossa energia em combustíveis fósseis do estrangeiro e isso tem grandes consequências para o nosso orçamento de estado”, destacou Hakima el-Haite. “Também costumávamos subsidiar os combustíveis fósseis, o que tem um elevado custo, então, quando ouvimos falar no potencial da energia solar pensámos: porque não?”, referiu ao “Guardian”. De acordo com a publicação, a energia solar será responsável por um terço de toda a energia renovável produzida por Marrocos até 2020, com a eólica e a hídrica a dividirem os outros dois terços de igual forma.
Ambição renovável
A ambição deste país do Magrebe não fica por este projecto. “Estamos já envolvidos nos cabos de transporte de energia eléctrica em alta tensão para cobrir todo o sul de Marrocos e a Mauritânia, num primeiro passo”, revelou Ahmed Baroudi, gestor da Société d’Investissements Energétiques, ao jornal anglófono. Todavia, o responsável da empresa pública marroquina de investimento em energia salientou que o derradeiro impacto deste projecto irá ainda mais além – “talvez até ao Médio Oriente”. “O objectivo [final] de sua majestade, o rei, é Meca”, assegurou. Neste sentido, a agência de energia solar de Marrocos, a Masen, tem já a decorrer negociações com a Tunísia, enquanto a exportação para norte, através do Mediterrâneo, permanece um objectivo fulcral destes países. “Acreditamos que é possível exportar energia para a Europa, mas antes teríamos de construir ligações que ainda não existem”, afirmou a porta-voz da Masen ao Guardian. “Especificamente, teríamos de construir interligações, que não podiam continuar na rede existente em Espanha, e, aí, poderíamos começar a exportar”, explicou Maha el-Kadiri.