Projecto para as Selvagens poderá sair do papel
Em entrevista ao CONSTRUIR, os três arquitectos falaram sobre a experiência de projectar para um território como as Ilhas Selvagens
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Pedro Maria Ribeiro, Ana Pedro Ferreira e José Gustavo Freitas foram os vencedores do primeiro concurso de ideias lançado pela Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos, no âmbito do Programa “escolha-arquitectura”. Pensado para as Ilhas Selvagens, o projecto de duas casas, que segundo o júri do Prémio, “foi eficazmente ao encontro do Programa do Parque Natural”, poderá sair do papel. A equipa foi coordenada por Vasco Tomás Rosa .
Como foi a experiência de projectar para um sítio com as qualidades paisagísticas e naturais das Ilhas Selvagens?
Desde logo a participação neste concurso motivou-nos por questões de afectividade ao sitio, e por questões de ordem básica e pertinente, o habitar e o lugar.
Sendo um território isolado, distante e com características únicas, o projecto permite relançar questões sobre o modo de habitar com o desenho das duas casas e dos espaços. A relação com a paisagem e o oceano, numa condição solitária, de silêncio, difícil, permitiu-nos pensar espaços que dialogam e constroem o lugar.
Que referências do lugar agarraram para criar um conceito e desenvolver as propostas?
Partimos logo pela as condições que encontrámos.
A Selvagem Grande, a maior das ilhas, tem estruturas humanas básicas que definem a implantação e o desenho da casa: uma casa, da família Zino e um percurso que começa no ponto de desembarque até á plataforma mais acima. O que concluímos foi desenhar uma casa-percurso com espaços de diferentes relações com paisagem, de diferentes ambientes como ponto de partida para aceder ao topo da ilha e continuar outros percursos de ligação à casa da família Zino e à restante ilha. O que constrói esta casa é a própria escarpa, em que se adoça, e com uma materialidade familiar á rocha existente (betão leve com sedimentos do sitio), materializam-se os espaços, num sentido de integrar e fundir a casa com o lugar.
Na Selvagem Pequena, o contexto é diferente. Temos uma ilha plana com um grande areal, com a excepção do Pico do Veado, um domínio maior sobre o oceano, com uma única referência humana, um percurso que aponta para o centro. A dimensão do habitar torna-se maior. Propomos um abrigo que delimita uma área exterior coberta e protege os espaços da casa, marcando uma chegada e uma relação com a paisagem em diferentes temperaturas, condições e ambientes. A própria casa é em si uma referência ao chegar e introduz-se uma dimensão espacial de acolhimento a que habita.
Falou-se na possibilidade de materializar as vossas ideias?
Sim, essa possibilidade foi aberta por parte das entidades regionais e há interesse para avançar com o projecto. A partir de agora é preciso trabalhar no acerto da proposta e do próprio programa face às condicionantes do sitio.
Qual a vossa opinião acerca da iniciativa “escolha-arquitectura” e que expectativas têm da mesma?
Achamos que é uma iniciativa bastante positiva e inovadora no contexto nacional, conseguindo reunir um conjunto de propostas, iniciativas e ferramentas para arquitectos e para o público em geral, aumentando o dialogo da arquitectura com a sociedade civil. Esperamos que concursos como este em que participamos tragam novas abordagens sobre o território e propostas que introduzam novas questões e discussões sobre a prática da arquitectura.