Sabe o que é o Placemaking?
Caracteriza-se por uma abordagem holística que tem por objectivo principal a criação de lugares vivos
Ana Rita Sevilha
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A Placemakers, uma plataforma de Placemaking dedicada ao desenvolvimento de projectos focados no Património e Turismo Cultural, foi seleccionada pela Fundação Bissaya Barreto para desenvolver o projecto de Requalificação e Expansão doPortugal dos Pequenitos . O CONSTRUIR foi ao seu encontro de forma a perceber o que é o Placemaking e quais as suas mais-valias no trabalho lado a lado com a arquitectura.
No que consiste o Placemaking?
Placemaking é a abordagem holística ao espaço a criar ou regenerar tendo por base o cruzamento entre as características intrínsecas do mesmo e as necessidades de usufruto dos vários a quem se destina, sejam estes visitantes, residentes, empresários, etc. Uma abordagem que tem por objectivo principal a criação de lugares vivos e o reforço da sustentabilidade do investimento. Trata-se de uma abordagem multi-dimensional e criativa ao pensamento, planeamento, desenho e gestão de espaços; imaginando, criando e transformando espaços em lugares vivos e apelativos capazes de atrair pessoas e recursos, dotando-os de vitalidade e sustentabilidade física, económica e social, e promovendo o bem-estar e a qualidade de vida do lugar e da comunidade.
Que tipo de serviços presta a Placemakers?
Quer se trate de uma atracção de visitantes, de um destino turístico, de um espaço cultural, ou de um bairro histórico, concebemos, desenhamos e desenvolvemos a solução que maximiza o pleno potencial do lugar, entregando toda a cadeia de criação, planeamento e gestão operacional de um projecto de Placemaking atractivo. Falamos muitas vezes de fornecer o “software” para projectos alavancando o “hardware” existente (dos promotores, construtores, câmaras municipais e outras entidades públicas etc.) cujos projectos podem ficar aquém do desejável sem ele.
Quem é o vosso público alvo?
Qualquer entidade publica ou privada com a sensibilidade para compreender que os lugares precisam de ter “alma” para se manterem vivos, atrativos, viáveis ao longo do tempo, em linha com um movimento global que transite neste sentido. Na prática o nosso serviço de Placemaking tem uma procura consolidada na área de visitor attractions e agora como complemento às estruturas existentes (hardware) em iniciativas de reabilitação urbana com especial interesse em bairros históricos.
Que ferramentas utilizam no pensamento e criação de lugares?
A nossa equipa reúne um conjunto de valências complementares associadas à economia e gestão, estudos urbanos e sociais, arquitectura, mercado, turismo, cultura, etc. O que nos diferencia é a capacidade de trabalhar cada uma desta áreas de forma integrada mantendo a visão holística da solução dentro dos parâmetros de viabilidade. Neste âmbito trabalhamos em estreita associação com a Placemakers-UK (Reino Unidos) que nos permite incorporar outras perspectivas e experiencia nas equipas.
De que forma o trabalho da Placemakers se ajusta com o trabalho do arquitecto? A determinada altura não passa por cima da arquitectura?
Complementamos. Na verdade há grandes gabinetes de arquitectura que têm os seus próprios departamentos dedicados ao “placemaking”, mas mesmo assim conseguimos trazer conhecimentos mais abrangentes. Depende do contexto, mas quando colaboramos com um promotor numa atracção, um edifício ou um bairro, a preocupação do arquitectos está tendencialmente no “hardware” que antes referimos, sobrando para nós compreender bem o “mercado” dos usufrutuários e o seu papel no modelo económico necessário para viabilizar o projecto. O arquitecto na nossa equipa, como base no master-plan que elaboramos, faz a “ponte” entre os projectistas, as especialidades e o cliente ajudando desenhar caminhos sustentáveis para os projectos.
Qual o vosso papel na criação de um Turismo de Arquitectura?
Faz parte do nosso trabalho incluir a análise do potencial de desenvolvimento turístico do lugar que está a ser trabalhado e, neste âmbito, entender o potencial de desenvolvimento dos recursos ai existentes e a procura potencial para os mesmos, considerando as diferentes motivações da procura, entre as quais a arquitectura. Por exemplo, um dos projectos recentes onde o nicho de mercado motivado pelo turismo de arquitectura pode vir a ser desenvolvido, abrindo portas à diversificação da procura já existente, é o Portugal do Pequenitos, que do ponto de vista arquitectónico pela sua escala e fusão de elementos se apresenta como um conjunto único mesmo a nível internacional.
No caso específico do Projecto de Requalificação e Expansão do Portugal dos Pequenitos no que consistiu o “desenvolvimento estratégico integrado” desenvolvido pela Placemakers?
O parque completou 75 anos em 2015, sendo o parque temático mais antigo e dos mais procurados em Portugal. A Fundação que é proprietária do parque pretendeu avançar com um programa de expansão, revitalização e reposicionamento deste parque único no país num investimento rentável e que potenciasse as suas receitas. Receitas estas cujo destino é o financiamento da obra social da própria fundação. A equipa de projecto Placemakers foi adaptada às exigências do projecto, integrando competências complementares no âmbito do desenvolvimento turístico e de lazer, Visitor Attractions, arquitectura, paisagismo e planeamento urbano, tendo sido responsável pelo desenvolvimento estratégico integrado do projecto, incluindo a análise do contexto e estudo do mercado com caracterização sócio-económica, identificação de oportunidades e ameaças, desenvolvimento da visão, criação do conceito global e conceitos específicos para as diferentes âncoras, análise de viabilidade, identificação de potenciais fontes de financiamento, desenvolvimento do masterplan integrado e implementação de acções de suporte à execução do projecto, entre as quais identificação e apoio à selecção de fornecedores nas diferentes especialidades.
No que vão consistir as fases seguintes deste projecto? Haverá novos concursos de arquitectura?
O recente concurso de arquitectura para o novo edifício de recepção do parque representa a primeira grande intervenção arquitectónica no recinto desde os tempos do Cassiano Branco. Trata-se de um edifício pensado para ser icónico e enquadrado na contemporaneidade pretendida para o parque, sem desvirtuar o património existente. A proposta de construção deste novo edifício faz parte do trabalho de master-plan de todo o parque e cuja responsabilidade é da Placemakers. Mais nenhuma intervenção prevista terá o mesmo destaque em termos arquitectónicos, tendo sido os restantes desenvolvimentos pensados de forma a potenciar as experiências de edutainment através dos conteúdos a explorar pelos visitantes ao parque, tanto nos edifícios existentes ou nas idealizadas estruturas modulares leves. O Masterplan aposta fortemente na valorização dos espaços verdes exteriores, e o usufruto ao ar livre para complementar a qualidade da experiência dos visitantes.
Em que outros projectos estão envolvidos?
Os actuais projectos são mais ligados à nossa área de negócio tradicional, ou seja “visitor attractions” onde temos projectos a correr em várias partes do país. Aqui oferecemos um serviço de A-Z, procurando estar no processo desde o conceito até as operações. O nosso trabalho na área de regeneração urbana é uma extensão deste mesmo modelo de actuação assente em desenvolver conceitos viáveis e sustentáveis que constituem o tal “software”. Aqui não temos a ambição de oferecer serviços A-Z, mas antes complementar outras equipas por ventura focadas no “hardware” para que o resultado final seja efectivamente um lugar vivo e viável.