Mineiro Aires defende articulação da OE com Ordem dos Economistas
Bastonário explicou que, nos últimos anos, a Ordem dos Engenheiros “teve uma certa, senão total, dificuldade em manter um diálogo mais chegado e permanente com o Governo”. “Espero que essa visão mude”, admitiu, rejeitando uma abordagem política
Pedro Cristino
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O recém-empossado bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE) defendeu a articulação desta associação profissional com outras ordens profissionais, “nomeadamente, a Ordem dos Economistas”.
Em declarações ao Construir, Carlos Mineiro Aires destacou que uma das suas prioridades enquanto bastonário será a de impulsionar a imagem da OE para patamares mais elevados e que uma das formas consiste na referida articulação com outras associações profissionais e sugeriu que a ordem que representa poderá fazer “eventos conjuntos” com a Ordem dos Economistas.
“Tanto se fala de economia e esta tem sempre lugar na televisão, portanto, que haja também lugar para a engenharia”, referiu, explicando que ambas as instituições poderão “fazer muito em conjunto”.
No âmbito da cerimónia da tomada de posse do cargo de bastonário da OE, o também presidente do World Council of Civil Engineers (WCCE) revelou ao Construir que, “numa primeira fase”, as suas prioridades neste novo mandato assentam em “arrumar as coisas em casa, tentar estruturar o modo de funcionar com algumas diferenças e partirmos para uma vida nova, do meu ponto de vista”.
Questionado sobre o que pretendia mudar na OE, Mineiro Aires apontou “a forma de articular e resolver as questões”. “Tenho uma grande vocação para delegar, para ter gente de confiança à minha volta e ter as coisas a funcionar como uma máquina oleada, pois uma organização como a Ordem tem de ter a máquina oleada”, explicou.
Por outro lado, há também que “começar a estrutura as grandes linhas de actuação com vista a servir os membros nos próximos anos”, num prisma de mobilidade e “dentro do caminho que a Ordem tem vindo a traçar nos últimos anos”. Para este engenheiro, “foi feita muita coisa boa” pela OE, “embora, às vezes, se pretenda ignorar isso”. Assim, o recém-empossado bastonário pretende “dar seguimento a esse caminho” com uma grande “proximidade aos jovens engenheiros e membros da OE”.
Paralelamente, Carlos Mineiro Aires deixou o desejo de que “o Governo e a Assembleia da República olhassem para a Ordem de outro modo e nos desse oportunidade para falarmos, compreendendo as questões que enfrentamos e a maneira como temos sido tratados nos últimos anos, que está longe de corresponder às expectativas que uma profissão como a nossa meree”.
Sobre este cenário, o bastonário explicou que, nos últimos anos, a Ordem dos Engenheiros “teve uma certa, senão total, dificuldade em manter um diálogo mais chegado e permanente com o Governo”. “Espero que essa visão mude”, admitiu, rejeitando uma abordagem política à questão – “não gosto que a OE faça política e, comigo, de certeza absoluta que não fará”. “Estamos a constatar uma realidade que é a necessidade de a Ordem ter de articular com os órgãos do Governoe da Assembleia da República com frequência, é uma questão de interesse nacional e podemos ajudar a resolver muitas questões por antecipação”, sublinhou.
Simultaneamente, Carlos Mineiro Aires realçou a importância da articulação da OE com os jovens engenheiros. “Na Região Sul fizemos protocolos com todas as associações académicas e temos reuniões periódicas com elas”, assumiu, explicando que é preferível “falar com um jovem, para saber o ponto de vista, a mentalidade e as preocupações que enfrenta, do que estar a tentar ler essas coisas”. “A mentalidade e as preocupações agora não são as mesmas e é necessário articular com os jovens engenheiros para os entendermos e trabalharmos em conjunto, pois eles serão o futuro do país e da Ordem”, concluiu.
Relativamente a desafios no seu mandato, o bastonário da Ordem dos Engenheiros não vislumbra “mais desafios do que os que existem hoje. “Para além de tentar impulsionar a imagem da profissão e dos profissionais de engenharia, os desafios centrar-se-ão na internacionalização”, revelou. Segundo Mineiro Aires, é necessário “criar pontos de ancoragem para os nossos membros expatriados e criar linhas de amarração a Portugal, pois os engenheiros têm de pensar que têm uma ligação forte ao país”. Neste âmbito, é útil “saber onde andam os expatriados e fazer de cada um deles um embaixador, um contacto, quer para acolher outros profissionais, quer para os chamarmos de volta quando quiserem regressar”.
Para o responsável da OE, isto é “criar realmente uma engenharia global do país, bem como a marca Portugal, que está hoje pelo mundo pela qualidade e capacitação que temos”. Por outro lado, há, internamente, “muito por fazer e corrigir”. Uma das questões a corrigir é, para Mineiro Aires, “a maior injustiça que foi feita aos engenheiros” e que consiste na “equiparação de engenheiros com cinco e seis anos de formação a licenciados pós-Bolonha com três anos de formação”.
“Isso já foi corrigido em Espanha e, aqui, incompreensivelmente, os políticos decidiram fazer essa equiparação absurda”, reclamou, explicando que “um profissional com três anos de formação não tem as mesmas capacidades face a um profissional com cinco ou seis anos de formação”. Esta situação representa, para Mineiro Aires, “um disparate legislativo” e o acto de “nivelar por baixo” o que é, para si, “muito mau”.