Opinião: A indústria do futuro
Na Europa, Alemanha e França estão a desenvolver, numa estratégia conjunta, a indústria do futuro
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Francisco Barroca
Diretor Geral da CERTIF – Associação para a Certificação
A maioria dos países industrializados tem programas governamentais para o apoio à indústria e às tecnologias com aplicação na indústria, com vista a modernizar o aparelho produtivo e a acompanhar o esforço de transformação dos modelos de negócio e da própria conceção e comercialização.
Também a Comissão Europeia tem vindo a apostar em várias medidas desde a publicação da sua comunicação “Por um renascimento industrial europeu”, no início de 2014, até aos projetos divulgados no passado mês de abril, no âmbito da estratégia para a criação de um Mercado Único Digital, e com o objetivo de ajudar a indústria europeia, as PME, os investigadores e as autoridades públicas a tirarem o máximo partido das novas tecnologias.
Vulgarmente designada como “Indústria 4.0” este movimento vai provocar grandes alterações nas empresas e exigir enormes adaptações tecnológicas. Na Europa, Alemanha e França estão a desenvolver, numa estratégia conjunta, a indústria do futuro
Portugal está, igualmente, atento, tendo sido criado o Comité Estratégico da Iniciativa Indústria 4.0, com quatro grupos de trabalho: agro-indústria, automóvel e moldes, retalho e moda e turismo. Pretende o Governo envolver as empresas neste trabalho, selecionando as que mais contribuem quer para o PIB quer para a exportação.
A Comissão Europeia, por seu lado, procura apoiar estas iniciativas nacionais e a estabelecer ligações entre elas com vista à digitalização da indústria e dos serviços conexos em todos os setores, bem como a promover o investimento através de redes e parcerias estratégicas.
O programa que a Comissão se propõe realizar contém medidas concretas visando as redes de comunicação 5G, a cibersegurança e a modernização dos serviços públicos, propondo-se criar uma «nuvem europeia» que terá como primeiro objetivo proporcionar aos investigadores e aos profissionais nos domínios da ciência e da tecnologia um ambiente virtual para armazenar, gerir, analisar e reutilizar grandes volumes de dados de investigação
O setor da construção é, aliás, um dos que são referidos como estando mais atrasados nas sua transformação digital, sendo necessário que as empresas façam uma rápida aproximação à adoção de novas tecnologias e processos digitais, na medida em que o aproveitamento destas oportunidades digitais permitirá serem mais competitivas a nível do mercado mundial.
Mas, se em toda a Europa se vai sentindo este movimento e vão sendo criadas várias iniciativas e desenhando novos programas, que interessa acompanhar, não deixa de ser relevante o trabalho conjunto que França e Alemanha pretendem desenvolver. Partindo de bases e de objetivos diferentes, na recente conferencia franco-alemã uma conclusão foi unânime, a da necessidade de uma cooperação entre os dois países para a construção da indústria do futuro.
A Alemanha, que continuou a apostar no seu setor industrial, com aumentos de produtividade, tem a ambição de conservar uma fileira de produção de máquinas competitiva face à concorrência asiática, enquanto que França, que, pelo contrário, tem perdido quer indústria quer competitividade, pretende recuperar os lugares perdidos e aproximar-se mais da indústria alemã.
Curiosamente, em França, o movimento não se designa de “Indústria 4.0”, como na maioria dos países europeus, mas sim de “L’ Industrie du Futur”, o que mostra, um pouco, o carater diferenciador com que os franceses se colocam. Mas, neste caso pela positiva, pois, inserido na estratégia “Nouvelle France Industrielle”, a França apresenta um programa sólido, com medidas concretas e abrangentes.
Assente em nove soluções industriais que pretendem dar resposta aos grandes desafios económicos e sociais e tentam posicionar as empresas nos mercados do futuro, onde o digital fará cair a separação entre indústria e serviços são identificadas, o programa identifica, também, as tecnologias chave sobre as quais as empresas se devem posicionar para assegurar vantagens competitivas num horizonte de médio prazo.
Esperemos que Portugal saiba acompanhar este movimento que irá redesenhar, não só a indústria, mas toda atividade económica e social num futuro próximo.
Nota: O CONSTRUIR respeita a grafia original do artigo