Francisco Barroca
Director Geral da CERTIF-Associação para a Certificação
Opinião: Necessário retomar o foco nas exportações
Os recentes encontros que o Governo manteve com os maiores exportadores e com vários empresários a propósito da internacionalização parecem querer mudar o foco, mas a criação de condições que contribuam para este desiderato são fundamentais
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Francisco Barroca
Director Geral da CERTIF – Associação para a Certificação
As estatísticas do comércio externo de bens, recentemente divulgadas pelo INE, mostram um recuo quer nas exportações quer nas importações no mês de abril, seguindo a tendência que se vem a registar este ano. Se nos valores globais retirarmos o efeito dos combustíveis e lubrificantes verifica-se, contudo, um aumento das exportações e uma menor redução nas importações.
Era com algumas reflexões sobre este tema que pretendíamos desenvolver o artigo deste mês, num tema que aqui temos tratado e que nos é muito caro, visto numa perspetiva do apoio que a certificação de produtos pode dar às exportações, num momento em que, por vezes os decisores políticos parecem que não estão a atribuir às exportações a importância devida.
Com efeito temos assistido a uma certa focalização na dinamização do consumo interno, em detrimento do externo. Sem dúvida que o nível de consumo das famílias tinha batido em mínimos inaceitáveis, mas o crescimento da procura trouxe um aumento de importações que não contribuiu para o equilíbrio que todos desejamos.
Já o temos referido, as políticas nem sempre olham para a substituição de importações, assumindo apenas o saldo entre as exportações e as importações. Esta tem sido, aliás, uma constante em Portugal, governo após governo.
Mas, no dia em que escrevemos, tivemos o resultado do referendo no Reino Unido, e, entre o “remain” e o “leave”, entre sondagens com tendências diferentes, vingou a saída. Estamos, agora, perante um facto novo que o Brexit nos vai trazer em termos de balança comercial.
E, outro momento que pode ter grande impacto em Portugal, as eleições em Espanha, nosso principal parceiro comercial, irão, elas também, ser um dado a considerar em termos de balança.
Não podemos esquecer que os dados menos positivos, face às expetativas e à nossa vontade, registados nestes meses se devem à evolução do comércio extra-UE, que teve uma redução significativa, muito fruto da situação com Angola e Brasil, ao contrário das exportações entra-UE onde se registou um crescimento de 4% em abril, contra o decréscimo de perto de 20% fora da UE. Por isso mais relevantes se tornam os impactos resultantes da evolução que se vier a verificar quer no Reino Unido quer em Espanha.
Mas, voltando à motivação para abordar este tema, a importância que o poder político vinha dando às exportações reduziu-se muito, é um facto que todos, certamente, constatámos. A aposta clara nos chamados bens transacionáveis saiu do discurso político e, também, das primeiras páginas, onde o tema é mais notícia pela negativa do que pela positiva.
Começaram, por isso, e bem, no nosso modesto entender, a ouvir-se vozes de representantes empresariais e, mais relevante ainda, de responsáveis associativos contra esta menor atenção dada às exportações.
Portugal teve um crescimento espetacular das exportações em relação ao PIB, com as empresas portuguesas a atingir níveis há pouco impensáveis, mas há ainda grandes desafios para vencer e objetivos mais ambiciosos que estão ao nosso alcance quando fazemos o benchmark com outros países.
Os recentes encontros que o Governo manteve com os maiores exportadores e com vários empresários a propósito da internacionalização parecem querer mudar o foco, mas a criação de condições que contribuam para este desiderato são fundamentais.
Problemas com financiamentos e com a operacionalização dos fundos comunitários foram pontos fortes dessas reuniões, mas é importante referir, também, um ponto que tem a ver com a nossa atividade e que aqui temos abordado várias vezes, que é o conhecimento das exigências em termos de requisitos técnicos dos mercados de destino.
Num inquérito da Comissão Europeia sobre “Operar no Mercado Interno” realizado o ano passado, o item mais indicado foi o das “normas técnicas”, com mais de 21% das referências, tendo a “garantia de produtos” sido referida por 4,3% dos inquiridos. Ora, como temos salientado, a certificação de produtos pode, em muitas destas situações ser o aliado mais importante para os exportadores.
NOTA: O CONSTRUIR manteve a grafia original do artigo