Francisco Barroca
Director Geral da CERTIF-Associação para a Certificação
Opinião:Dia Mundial da Normalização
“Ao longo dos anos muitos estudos realizados em diversos países e continentes têm demonstrado o impacto positivo para quem participa na elaboração das normas e, sobretudo, para quem as utiliza”
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Francisco Barroca
Director Geral da CERTIF – Associação para a Certificação
O Dia Mundial da Normalização foi, uma vez mais, celebrado no passado dia 14 de outubro, sob a coordenação dos organismos internacionais de normalização: ISO – Organização Internacional de Normalização, IEC – Comité Eletrotécnico Internacional, ITU – União Internacional de Telecomunicações.
Em todos os continentes organismos nacionais de normalização organizaram eventos, aproveitando a ocasião para promover a melhor utilização das normas e de todo o seu potencial, ao mesmo tempo que se prestava o devido tributo aos esforços desenvolvidos por milhares de peritos que, em todo o mundo, trabalham, voluntariamente, na elaboração de documentos técnicos que irão dar origem às normas.
Em cada ano os três organismos internacionais definem um tema alusivo, tendo em 2016 sido escolhido “Standards build trust”, com a mensagem de que as normas permitem que nos liguemos através dos diversos modos de comunicação, usando códigos de boas práticas e as estruturas mais adequadas para uma cooperação com toda a confiança. Possibilitando um entendimento comum nas transações, as normas são essenciais para um benefício mútuo nas relações comerciais. Um produto ou serviço em conformidade com uma norma internacional encerra, em si, uma mensagem de mais confiança nessas relações.
Ao longo dos anos muitos estudos realizados em diversos países e continentes têm demonstrado o impacto positivo para quem participa na elaboração das normas e, sobretudo, para quem as utiliza.
Estudos realizados por membros da ISO em 2015, e recentemente divulgados na sua revista Focus, permitiram algumas conclusões interessantes relativas ao impacto da utilização das normas em áreas como vendas, exportações e produtividade. No Canadá um estudo da SCC, que versava a ligação das normas com o crescimento do PIB e com a produtividade no trabalho, permitiu concluir que entre 1981 e 2014 o aumento do número de normas contribuiu com 7,8% do crescimento do PIB e com 16,1% do crescimento da produtividade.
Por sua vez no Reino Unido o estudo da BSI procurou estabelecer a ligação entre a utilização das normas e as exportações, tendo concluído que a normalização contribuiu, em média, para um aumento adicional de 3,2% das exportações, e que as empresas que utilizam normas estão duas vezes mais à vontade nas exportações do que empresas da mesma dimensão que não utilizam normas no seu processo produtivo.
Um outro estudo, este realizado em França pela AFNOR, permitiu verificar que em empresas com participação em comités técnicos de normalização existiu um crescimento nas vendas de mais 20% quando comparado com as restantes. Uma das conclusões que a ISO tira destes estudos é que a normalização permite vantagens reais para a atividade e para os resultados das empresas que estão envolvidas e a aplicam. Numa economia global instável as normas não devem ser vistas como constrangimentos mas como instrumentos que ajudam as empresas a crescer e a competir com maior segurança.
Muitas vezes a normalização é confundida com a certificação, no sentido em que a uma norma de produto ou de sistema se pretende ligar logo a avaliação da conformidade. Contudo, a normalização está muito para além disso. Correndo o risco de levar a crítica para o nosso campo de atividade, temos de concordar que é certo que hoje há uma profusão de diferentes certificações, sobretudo ao nível dos sistemas, que retiram um pouco o foco do verdadeiro sentido da norma que é o da sua aplicação.
As normas existem, entre outros, para facilitar o trabalho, para melhorar a produtividade, para contribuir para uma maior segurança e fiabilidade, e são, também, os melhores referenciais para a certificação. No entanto, a certificação só existe se as normas forem aplicadas no dia a dia, e essa a mensagem que importa reter.
Mas, nesta chamada de atenção para o Dia da Normalização temos de lembrar os grandes desafios que se colocam à normalização, e que se prendem com a digitalização da indústria, nomeadamente o pacote indústria 4.0 e a chamada “internet das coisas” desafios esses que vão exigir respostas céleres e métodos de trabalho diferentes por forma a transforma-los em oportunidades.