“Corre-se o risco de se estar a fazer cidades fantasma”
“Faltam mais arquitectos na política”, mas a questão é ainda outra: “o grande problema é que estamos numa época de decadência da social-democracia”
Ana Rita Sevilha
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Eduardo Souto de Moura esteve em Lisboa para a apresentação do Palácio Faria, um projecto da sua autoria e um investimento da Eastbanc para transformar um palacete em pleno Principe Real num conjunto residencial de luxo.
À margem da apresentação, Souto de Moura revelou ao CONSTRUIR, que, pelo facto de existir a tendência de reabilitar edifícios para arrendamentos de curta duração ou habitações de luxo, como aliás tem acontecido em Lisboa, correndo para fora do centro histórico com o que se considera “feio”, “corre-se o risco de se estar a fazer cidades fantasma”.
O arquitecto, Prémio Pritzker em 2011, começou a conversa referindo que gosta mais de fazer “habitação dita normal”, porque está mais perto do cliente e acha “bastante interessante o lado social da arquitectura”. Contudo, assume que as tendências têm levado à criação de “uma cidade cenográfica em algumas zonas da capital, como o Chiado, o Princípe Real e mesmo Santos”.
Contudo, lembrou ao CONSTRUIR, é na diversidade que está a alma das cidades, “é isso que as faz diferentes entre si e não as torna numa feira popular e sim numa cidade real”. Só que, para essa diversidade de oferta ao nível, por exemplo, da habitação, “é preciso intervenção do Estado”, sublinha.
Para Eduardo Souto de Moura, “faltam mais arquitectos na política”, mas a questão é ainda outra: “o grande problema é que estamos numa época de decadência da social-democracia”. “O Estado não se convence que existe uma política de habitação que não tem nada que ver com caridade nem com assistência social, tem a ver com o manter de uma cidade”.