“Estamos empenhados em ser parte activa na revitalização económica, social e cultural do nosso país”
Acabada de inaugurar o”8 Building” no Cais do Sodré – um projecto considerado o maior de alojamento turístico em Portugal – e depois de investir em vários empreendimentos em Lisboa, a Habitat Invest vai voltar-se para o Porto, para a reabilitação da antiga Faculdade de Farmácia e a reconversão/reabilitação do edifício dos CTT nos Aliados. Em entrevista ao… Continue reading “Estamos empenhados em ser parte activa na revitalização económica, social e cultural do nosso país”
Ana Rita Sevilha
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Acabada de inaugurar o”8 Building” no Cais do Sodré – um projecto considerado o maior de alojamento turístico em Portugal – e depois de investir em vários empreendimentos em Lisboa, a Habitat Invest vai voltar-se para o Porto, para a reabilitação da antiga Faculdade de Farmácia e a reconversão/reabilitação do edifício dos CTT nos Aliados. Em entrevista ao CONSTRUIR, Daniel Tareco, Director Geral da empresa privada de investimento imobiliário , fala sobre os novos investimentos e o mercado imobiliário dirigido para a venda e arrendamento turístico.
Acabaram de inaugurar o “8 Building”, um investimento de 40 milhões de euros. Quais as perspectivas e expectativas de retorno do valor investido?
O “8 Building” foi inaugurado no início de Novembro e, neste momento, praticamente todas as unidades estão vendidas, cerca de 97%.
O conceito e a tipologia do empreendimento explicam este enorme interesse por parte do mercado: tem uma área total de 13.000 m², que integra um condomínio residencial de luxo, com 107 unidades, uma zona comercial, com 16 espaços comerciais/restauração, e um restaurante lounge no rooftop, com vista panorâmica sobre o Tejo. Os apartamentos variam entre T0 a T3 e são entregues completamente mobilados e equipados. O valor de investimento varia entre os 5.000€ e os 6.300€/m², destinando-se grande parte ao mercado de arrendamento temporário com serviços.
O principal foco dos nossos clientes é a rentabilização dos activos adquiridos. Em 2014, garantíamos 5% de rentabilidade, o ano passado e este ano, o valor baixou ligeiramente, para 4%, o que ainda assim é muito mais atractivo do que a maioria dos produtos financeiros actuais. A taxa de ocupação dos nossos imóveis Lisbon Five Stars, marca sob a qual operamos o alojamento local, ronda os 80%, muito graças ao boom turístico que o nosso país tem vivido, pelo que investir num activo como o “8 Building” é muito aliciante e isso explica o interesse do mercado no nosso projecto.Referem que o empreendimento atraiu investidores provenientes de todo o mundo. Contudo existe algum padrão?
O nome que escolhemos para o projecto – “8 Building” – não foi despiciente e ajuda a explicar o mercado-alvo a que nos queríamos dirigir. O número 8, na cultura asiática, é sinónimo de sorte e prosperidade e é o algarismo mais valorizado. Coincidência, ou talvez não, a verdade é que 60% dos clientes do são provenientes da Ásia. Os restantes 40% são oriundos de França, África do Sul e Brasil, entre outras nações. No total, temos investidores de 20 nacionalidades diferentes.
Diria, no entanto, que o padrão não está tanto relacionado com a origem dos investidores, mas sim com o perfil de investimento. Os investidores do “8 Building”, como de grande parte dos nossos outros projectos, são pessoas que estão dispostas a investir em projectos de qualidade e que ofereçam uma garantia de retorno ao investimento interessante a todos os prazos, ou seja, num curto espaço de tempo começam de imediato a rentabilizar o investimento e têm a perspectiva de, a médio-longo prazo, obter a valorização do seu activo com a crescente procura por parte do mercado.
Porque a escolha de Manuel Aires Mateus para a arquitectura?
O arquitecto Manuel Aires Mateus é dos mais reputados e premiados na actualidade. Dá aulas na Academia di Architettura de Mendrizio, na Suíça, e na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, e tem assinado os projectos mais emblemáticos e disruptivos do nosso país. Tem a capacidade de olhar os espaços e integrar os empreendimentos na sua envolvente, de forma harmoniosa e construtiva, como se estivéssemos a olhar para uma tela. O Manuel Aires Mateus tem a preocupação de criar uma relação entre os empreendimentos e o espaço circundante.
No caso do “8 Building”, a responsabilidade era enorme. Estamos a falar de um edifício histórico da cidade de Lisboa, considerado nos anos 50 o mais moderno de Portugal. A sua reabilitação tinha que manter a autenticidade e o traço histórico, garantido a modernização e a valorização da cidade de Lisboa e a relação com o rio. Isso foi conseguido. O “8 Building” foi desenhado para responder à necessidade de valorizar a relação entre a cidade e o Tejo. É um espaço que “continua” a cidade e a leva ao Tejo. Mais do que imagem, o “8 Building” traduz vida.
Têm outros investimentos em Lisboa?
Desde 2014 que temos mais de 100 milhões de euros investidos em oito projectos na cidade de Lisboa, que acolhem os nossos 200 apartamentos sob gestão. Correntemente estamos a investir mais 120 milhões de euros em oito novos empreendimentos, sendo que dois deles vão ser no Porto.
Entre os empreendimentos que temos a decorrer, neste momento, um deles está localizado na zona da Duque de Loulé, outro junto ao Largo do Mastro (no campo Mártires da Pátria), outros dois na na área do Aterro da Boavista e Santos, no Principe Real, no Estoril e, por fim, temos a nossa estreia no Porto, com dois projecto em desenvolvimento, um que envolve a reabilitação da antiga Faculdade de Farmácia e outro a reconversão/reabilitação do edifício dos CTT nos Aliados.
Para estes novos projectos, estabelecemos várias parcerias. Temos investidores nacionais e internacionais em que se incluem, por exemplo, um family office brasileiro e um fundo de private equity inglês. Estes são exemplos de investidores que ainda acreditam em Portugal, apesar de tudo o que tem acontecido, como o aumento adicional do IMI e as alterações às regras do alojamento local.
Que outras zonas da cidade vos parecem apetecíveis para o desenvolvimento deste tipo de projectos?
Segundo o “TheMoveChannel, o principal portal independente de imobiliário internacional, Portugal manteve, em outubro, o terceiro lugar no ranking mundial dos países mais bem posicionados para investir no sector imobiliário. Somos ultrapassados, apenas, pelos EUA e Espanha.
No nosso país, Lisboa continua a ser o principal centro de investimento em imobiliário. Segundo o relatório “Emerging Trends in Real Estate Europe” elaborado anualmente pelo “Urban Land Institute” (ULI) e a “PricewaterhouseCoopers” (PwC), Lisboa é o sétimo melhor destino europeu para se investir em imobiliário. A lista é liderada por Berlim, seguida de Hamburgo, Dublin, Madrid, Copenhaga, Birmingham e, por fim, Lisboa. A capital portuguesa subiu dois lugares relativamente ao ano passado. Estes números são ilustrativos do potencial do nosso país e, principalmente, Lisboa, no que diz respeito ao investimento no sector imobiliário.
Conseguimos isto após, largos anos, a assistir à degradação de vários edifícios e, até, de zonas inteiras – como o Cais do Sodré não há muito tempo atrás – sem que ninguém, do poder central ou do poder local, tomasse uma decisão. Foi necessário o sector privado assumir esta função e investir na recuperação das nossas cidades, valorizando todo o potencial económico do país, nomeadamente, da sua capital.
Sem dúvida que existe, ainda, muito por fazer, mas há que elogiar o trabalho desenvolvido e se hoje Lisboa está no radar do turismo de lazer e de negócios e dos grandes investidores em imobiliário, é graças ao esforço e trabalho dos players privados que iniciaram esta renovação e reabilitação da nossa Lisboa.
A Habitat Invest é uma empresa com o foco na venda e arrendamento turístico de projectos imobiliários. Contudo, Portugal tem batido recordes ao nível do turismo porque também tem beneficiado de um enquadramento para tal. Acreditam que os números se vão manter?
Acreditamos que se vão manter e, talvez, até aumentar ligeiramente. Não obstante algumas adversidades que vão surgindo – como a alteração das regras fiscais para o alojamento local – Portugal é, neste momento, um destino turístico já praticamente reconhecido a nível mundial e com vantagens competitivas muito fortes face aos seus competidores. Temos um custo de vida, ainda, razoavelmente baixo, beneficiamos de um clima extraordinário, somos um país seguro para os turistas e oferecemos diferentes opções de escolha e, também, uma excelente opção para o turismo de negócios, como vemos pelos recentes grandes eventos que temos conseguido trazer para Portugal. O importante é estarmos atentos ao mercado e dar às pessoas o que elas procuram.
Existem movimentos que têm vindo a público debater-se contra a reabilitação de edifícios para alojamento de curta duração, por considerarem que não são intervenções de regeneração urbana, que se corre o risco de se estar a fazer cidades fantasma e de a longo prazo os efeitos serem problemáticos. Como olha para estes dados?
No caso do “8 Building”, no início, assistimos a algumas vozes críticas e contestações em torno do empreendimento, no entanto, face ao resultado final, as únicas vozes que se ouvem de elogios. Neste caso, conseguimos manter os traços originais do edifício e desenhar um espaço que trouxe uma nova dinâmica para os moradores, lojistas e público em geral. O “8 Building” é um exemplo de como a reabilitação pode manter a autenticidade dos imóveis, enquanto garante a modernização e valorização da cidade de Lisboa.
Os benefícios proporcionados pela reabilitação urbana são mais do que meramente estéticos. Nos primeiros meses do ano, foram remodelados ou concluídos 27 edifícios de habitação na cidade de Lisboa, sendo que, cerca de 40% deles, estão localizados no centro histórico, nomeadamente, na zona do Chiado, Bairro Alto e São Paulo e Cais Sodré. Com a excepção do Chiado, todas as outras zonas referidas estavam degradadas, abandonadas e eram focos de graves problemas sociais. A reabilitação urbana permite criar novos espaços dentro das nossas cidades e despoletar as características naturais e culturais de cada zona.
O que podemos esperar da Habitat Invest num futuro próximo?
O nosso compromisso é continuar a acrescentar valor nos ecossistemas em que estamos inseridos. Estamos empenhados em ser parte activa na regeneração e revitalização económica, social e cultural do nosso país. Começamos por Lisboa e já nos estendemos ao Porto e a nossa intenção é desenvolver projectos que sejam relevantes e que acrescentem valor à sociedade, sejam em Lisboa ou em qualquer outra parte do país.